Um "blog sujo" desde 2 de setembro de 2009.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Por um Marco Civil de Direitos para a Internet !


Por Marcelo Branco, em seu Blog

Nossa luta contra o vigilantismo e o controle da internet no Brasil e por um marco civil de direitos começa a ganhar um desdobramento positivo.Bras_dir_escolher_site

O resultado deste debate, que seja o mais amplo possível, vai determinar o futuro das liberdades na rede em nosso país. Estou otimista que poderemos construir a melhor legislação do mundo e sairmos deste processo como uma referência internacional positiva.

Mas para tudo isso, teremos que ser rápidos e participativos.
Proponho que nos comentários que, indivíduos, entidades, organizações e grupos de usuários apóiam a iniciativa do marco civil e do debate público proposto se manifestem. Seria interessante que tenhamos até o dia 29, o máximo possível de apoios, mesmo que tenhamos que continuar esse processo com mais organização depois do lançamento.

Proponho ainda, que cada entidade e ativista divulgue no seu blog, twiiter, identi ou sitio web a convocatória do lançamento do dia 29 agregando a marca da entidade (remixando a convocatória original).

Convite_mcivil

Esse não sou eu, definitivamente


  http://www.luziaferreira.com.br/images/marcio_lacerda_secretario.jpg




A matéria abaixo foi publicada no NovoJornal (www.novojornal.com.br) e pescada do ótimo Blog do Edson Rodrigues, de Minas Gerais, "VOCÊ PASSA POR AQUI".

É para ficar de olho em Aécio Neves e Ciro Gomes.


Matéria de 2008




Com a aprovação de seu nome como candidato do PSB, em aliança com o PT, para a sucessão municipal em Belo Horizonte, começa a vir à tona denúncia envolvendo o atual secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Marcio Lacerda (PSB). Segundo uma das denúncias, o crescimento patrimonial de Marcio Lacerda ocorreu quando o mesmo comandava as empresas de telecomunicações Construtel e Batik, de sua propriedade, nos anos 80 e 90. 

 Neste período, seu principal contato era Roberto Lamoglia, que esteve na direção da Telemig, posteriormente, na da Telebrás. À época, a Telemig esteve entregue a Saulo Coelho. 

A Polícia Federal abriu, no período, inquéritos para apurar irregularidades que envolvia diversos personagens do PSDB e outros que migraram para o PTB. A Construtel chegou a faturar em 1998 US$ 255 milhões. Com a privatização das empresas do setor de telefonia, os negócios de Marcio Lacerda começaram a cair. Os lucros despencaram abruptamente. Em 2004, o faturamento da Construtel foi de R$ 2,4 milhões. 

Logo depois, ele vendeu a Batik e desativou a Construtel. A correspondência encaminhada ao Novojornal, acompanhada de documentação, comprova o superfaturamento no fornecimento das centrais telefônicas de suas empresas à Telemig e à Telebrás, demonstrando ainda que Marcio Lacerda dividia parte dos “lucros” com o então diretor das estatais, Roberto Lamoglia. A documentação é extensa e envolve outros políticos e ex-políticos mineiros do PSDB, PTB e PP. 

As informações são tão graves que antes de divulgar o nome dos envolvidos Novojornal decidiu por solicitar pareceres e certidões. O esquema montado por Marcio Lacerda chegou, inclusive, a ser questionado pelo Tribunal de Contas da União e por entidades representativas dos setores patronal e sindical.  

Subscritores da denúncia, à época, e atuais integrantes do grupo que encaminhou a documentação para o Novojornal alegam que o fazem na defesa do patrimônio público, acrescentando: “Lacerda, naquela época, não ocupava nenhum cargo público. No entanto, conseguiu se enriquecer fazendo negociatas com empresas públicas. Imaginem este senhor no cargo de prefeito de Belo Horizonte! Não vai sobrar para ninguém.”
 
Doações

Preferido do governador tucano de Minas Gerais e do prefeito de BH, Fernando Pimentel (PT), para ser candidato da pretendida aliança eleitoral PSDB-PT na capital mineira, Marcio Lacerda doou para campanhas eleitorais o valor de R$ 1,15 milhão em 2002. As doações foram feitas em nome de Marcio Lacerda (R$ 750 mil) e da Construtel Projetos e Construções (R$ 400 mil).  

Em 2002, o generoso Marcio Lacerda doou a Ciro Gomes, candidato a presidente pelo PPS, a quantia de R$ 950 mil – 82% do total arrecadado. Não por outro motivo, ele foi escolhido por Ciro para ocupar o cargo de secretário-executivo do Ministério da Integração Nacional. O segundo maior beneficiado, com R$ 100 mil, foi o presidente do PPS, Roberto Freire (PE), candidato a deputado federal naquela ocasião. 

Também receberam doações os candidatos a deputado federal pelo PPS-MG, Juarez Amorim, atual diretor da Copasa, e Ronaldo Gontijo, R$ 20 mil cada um, além de Sérgio Miranda, R$ 10 mil. O candidato a deputado estadual pelo PT-MT Gilney Amorim Viana recebeu R$ 50 mil.


Mensaleiro  OU CAIXA DOIS

Em 2005, Lacerda deixou o Ministério da Integração Nacional após seu nome aparecer como suposto beneficiário de R$ 457 mil do esquema do mensalão. De acordo com o publicitário Marcos Valério, o dinheiro teria sido pago em duas parcelas, em 2003. Na ocasião, o então secretário-executivo da Integração Nacional confirmou três encontros com o publicitário. Valério registra um primeiro pagamento a Lacerda, no valor de R$ 300 mil, em 16 de abril de 2003. O segundo pagamento, de R$ 157 mil, teria sido feito dois meses depois, em 17 de junho. 

Em abril de 2007, Lacerda aceitou o convite do governador mineiro (Aécio Neves) para ser secretário. Cinco meses depois, ele foi filiado ao PSB pelo tucano, que já pensava em um nome de um partido neutro para uma aliança PSDB-PT.  

O deputado federal e presidenciável Ciro Gomes (PSB-CE) é um dos que trabalha pela aliança.

“Esqueçam a pauta do editor e façam a pauta de suas vidas”




O presidente Lula mandou um recado direto aos jornalistas que o acompanhavam nesta quinta-feira (29/10), em São Paulo, na inauguração da Expocatadores, que reúne mais de seis mil trabalhadores do Brasil e da América Latina. O presidente sugeriu que os profissionais deixassem de lado a pauta enviada pelos editores e entrevistassem os catadores que participam da exposição. “Pode escolher qualquer um. Será a grande matéria da vida de vocês”, afirmou.
E aí, vocês vão compreender porque que a figura do chamado formador de opinião pública, que antes decidia as coisas neste País, já não decide mais, porque esse povo já não quer mais intermediário. Esse povo tem pensamento próprio, esse povo anda com suas próprias pernas, trabalha pelos seus braços, enxerga pelos seus olhos e falam pela sua boca.

Começa cobrança para estacionar no Parkshopping

Jovem Deputado Reguffe fiscaliza para que estacionamento do ParkShopping seja pago apenas nas áreas particulares do estabelecimento, e não nas públicas. Bom exemplo do uso do mandato parlamentar.
 




Aerton Guimarães
Noelle Oliveira
Publicação: 28/10/2009 17:12 Atualização: 28/10/2009 20:14
 

No primeiro dia de cobrança no estacionamento do Parkshopping, lojistas e consumidores ficaram indignados. O centro comercial era o único que oferecia vagas gratuitas para os clientes na cidade. Poucas horas após o início do novo sistema, algumas catracas eletrônicas apresentaram problemas, que foram resolvidos logo em seguida. Segundo a assessoria de imprensa do local, a justificativa para a cobrança é a necessidade de pagar os altos investimentos no shopping, entre eles, o Deck Parking, prédio com três andares de estacionamento e cerca de duas mil vagas.

Os deputados Rogério Ulysses (PSB) e Reguffe (PDT) prometeram visitar o shopping no início da tarde desta quarta-feira (28/10) para vistoriar o primeiro dia do novo sistema. Os distritais, contrários à cobrança, querem garantir que o estacionamento seja pago apenas nas áreas particulares do estabelecimento, e não nas públicas. Em sessão no plenário da Casa ontem (27), o anúncio da cobrança das vagas de estacionamento do Parkshopping recebeu críticas de diversos distritais.
Ulysses e Reguffe encaminharam um ofício à Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Seduma) e à Terracap pedindo informações sobre o terreno do governo ocupado pelo shopping. Durante a vistoria, os parlamentares também querem averiguar a proporção utilizada pelo estacionamento comercial para calcular a quantidade de vagas gratuitas em relação às pagas.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A "eficiência" das empresas privatizadas pelos tucanos e demônios

As empresas de telefonia privatizadas (Claro, Telefônica, Tim, Vivo...) não prestam um único bom serviço. Procura-se alguém que não tenha nada a reclamar delas.
Mas propaganda tem em tudo que é lugar. É uma espécie de sociedade de propósito específico com a mídia (TVs, jornais, revistas e rádios) para enrolar os cidadãos de bem e burlar o fisco.
Leia abaixo um excelente artigo sobre o escândalo das telefônicas privatizadas por FHC, tucanos e demônios.


quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Os invisíveis investimentos da Telefonica no Brasil e seu nebuloso relatório anual

A Telefonica tem declarado que investiu R 2.3 Bilhões em 2008.

A Associação de Engenheiros de Telecomunicações (AET) entrou em contato com TODOS os fabricantes, fornecedores, prestadores de serviços que poderiam ter sido contratados para fornecer os equipamentos que seriam comprados com este investimento, e nenhum deles teve qualquer contrato com a Telefonica.

A AET contatou fabricantes japoneses, americanos, suecos, alemães, chineses, coreanos – nenhum deles assinou contrato com a Telefonica em 2008. Os 2,3 Bilhões de Reais sumiram.

Fui atrás do destino deste dinheiro. Fiz o download do balanço da Telefonica para 2008. Na página 124 do documento, item 5.6, a empresa informa os itens em que investiu no ano de 2008.

Observe abaixo os itens em que a Telefonica diz ter investido (mais adiante vou explicar o que significa cada um destes itens e porque estes valores são absurdos e improváveis (estou empregando a palavra no sentido exato, ou seja, improvável = impossível de provar)

Desenvolvimento de Sistemas – R$ 459,2 milhões
Equipamentos de Comutação – R$ 61,1 milhões
Equipamentos de Transmissão – R$ 226,6 Milhões
Infra-estrutura – R$ 56,0 Milhões
Rede Externa – R$ 433,4 Milhões
Comunicação de dados – R$ 559,8 Milhões
Equipamentos de Assinantes – R$ 471 Milhões
Outros – R$ 74,6 Milhões

TOTAL DE INVESTIMENTOS R$ 2.342, 5 Milhões, ou R$ 2,3 Bilhões

Agora veja o que significam estes itens e estes números

O item Desenvolvimento de Sistemas significa despesas e pagamentos feitos a empresas de Informática para a implantação e operação de sistemas de controle, de cobrança, de emissão de contas, de controle da operação, enfim toda a estrutura de informática da empresa.
Ocorre que existem dois tipos de despesas em qualquer empresa – investimentos e despesas de operação.

Investimentos são compras de equipamentos, torres, terrenos, enfim, coisas que é possível tocar – um terreno, um prédio, um equipamento, etc. Espero que até aqui você esteja acompanhando.
O outro tipo de despesa é o pagamento de serviços. Você paga um serviço e evidentemente não consegue “guardar”. Por isso serviços não são considerados investimentos – uma vez prestado o serviço, não se consegue colocar um etiqueta de propriedade nele. Por isso eles entram no item do balanço que mostra as Despesas Operacionais, ou OPEX. Não podem ser colocados como investimentos.

O Desenvolvimento de Sistemas citado pela Telefonica, se realmente existiu não é, e nunca poderia ser, considerado como investimento. Tinha de entrar no item Despesas com serviços de Terceiros.
Este item (Despesas com Serviços de Terceiros) aparece na pg. 100 do balanço, e mostra um valor exorbitante de R$ 1,25 Bilhão – pense bem, a Telefonica pagou mais de 1,25 Bilhão de Reais por serviços? E não incluir neste valor o meio Bilhão de Reais gastos com informática? Esqueceu?
Mesmo supondo que seja real o valor de R$ 459,2 milhões pago a empresas de informática, vamos compará-lo a grandes contratos assinados recentemente por grandes empresas de Telecom.

A IBM recentemente assinou contrato para sistemas de informática com a Datacomm no valor de US$ 200 milhões em três anos, ou seja, cerca de 70 milhões de dólares por ano, equivalente a 119 milhões de Reais.

A EDS, outra gigante do ramo, assinou um contrato com a Telstra, operadora de Telecom da Austrália, por 150 milhões de reais por ano.

Ou seja, um grande contrato de informática na área de Telecom vale no máximo 100 milhões de Reais.

A Telefonica diz que gastou 5 vezes mais do que qualquer outra operadora de Telecom no planeta.
Os espanhóis da Telefonica têm fama de exigentes e duros negociadores. Como então gastaram cinco vezes mais do que a operadora australiana?

Apenas para você entender o restante dos itens:

Equipamentos de Comutação são as centrais telefônicas.
Equipamentos de Transmissão são fibras óticas, sistemas de micro ondas, e equipamentos ligados a eles.
Infra-estrutura consiste em torres, terrenos, prédios, etc.
Rede externa se refere a cabos e fios da rede que ligam os assinantes às centrais.
Comunicação de dados seria o investimento na rede de banda larga Speedy, da Telefonica.

A empresa declara no balanço ter “investido” meio bilhão de reais no Speedy.
Para isso, teria de ter comprado equipamentos roteadores e sistemas de transmissão de dados neste valor. Ocorre que nenhum dos fornecedores destes sistemas recebeu qualquer encomenda da Telefonica.

Se realmente tivesse investido meio bilhão de reais no Speedy, não teria havido as panes e interrupções pelas quais o serviço ficou famoso no Brasil.

E agora o mais incrível.

Equipamentos de Assinantes. A Telefonica declara ter investido quase meio bilhão de reais em compras de Equipamentos de Assinantes.

Sabe o que quer dizer “Equipamento de Assinantes”?
O humilde aparelho fixo que você tem em sua mesa. Ou o pequeno modem do Speedy, ligado no seu computador.
O preço de um destes equipamentos simples não passa de 50 reais para quem compra em grande numero como a Telefonica.
Fazendo a conta, dividimos 471 milhões que a empresa afirma ter pago, pelo preço de 50 reais, e chegamos a um número de 9,42 milhões de novos aparelhos que a empresa alega ter comprado e instalado!
Sabe quantos assinantes/clientes tem a Telefonica? 13 milhões.
Logo, para comprar 9 milhões de aparelhos, isso significaria trocar quase todos os aparelhos telefônicos do Estado de São Paulo.
Seu aparelho foi trocado?

Em suma, é um balanço que contém números fantásticos, fabulosos (de fábula, lembre).

Difícil de acreditar. Até hoje a Telefonica não informou os detalhes destes números. O máximo que se consegue são os valores acima.

É por isso que defendo a recompra pelo BNDES da empresa Telefonica no Brasil – para haver maior transparência e termos certeza de que os interesses do Brasil estão sendo prioritários. No momento, a prioridade são os acionistas espanhóis, e números bastante nebulosos…

domingo, 25 de outubro de 2009

Guerra da banda larga chega à Folha de San Paolo



Guerra da banda larga chega à Folha


teles
  

De vinte dias para cá, venho postando seguidamente (veja aqui todos os textos) sobre a guerra que está sendo travada no governo federal entre as forças que querem que o planonacional de inclusão digital seja tocado pelo Estado e as empresas de telefonia, que querem usar a rede pública de fibras opticas e continuarem com o rentável monopólio da comunicação de dados em alta velocidade. As teles contam com o apoio do ministro das Comunicações, Hélio Costa, mas enfrentam a oposição da Casa Civil e do Planejamento.

Como a matéria está na área fechada para assinantes da Folha, transcrevo os principais trechos.

“O Plano Nacional de Banda Larga criou uma guerra nos bastidores do governo e das teles pelo controle do serviço de acesso à internet e do mercado de comunicação.
De um lado, as teles privadas atuam para manter a posição atual de fornecedor privilegiado da infraestrutura que permite o acesso à rede e, com isso, seguir dominando o setor.
Do outro, Casa Civil e Planejamento defendem a criação de uma rede pública de fibras óticas, administrada por uma estatal, que permita a entrada no mercado de pequenos e médios provedores de acesso pelo país.


Nas palavras de um assessor presidencial, o que está em jogo é se as teles vão continuar praticamente monopolizando o setor no país ou se haverá um modelo concorrencial que garanta a ampliação da oferta e a redução nos atuais preços.(…)


“Como as teles dominam a rede de cabos, elas conseguem controlar o serviço de banda larga, considerado o futuro do setor de comunicação no país. A telefonia fixa, área nobre na época da privatização, em 1998, perde cada vez mais importância.
 

Pela legislação atual, as teles são obrigadas a compartilhar essa rede com outras empresas. Mas o preço desse serviço é considerado, hoje, praticamente impraticável para que empresários de médio e pequeno portes operem.”

“Pela proposta do governo, seria ressuscitada a Telebrás para administrar essa rede pública de cabos de fibras óticas, que já existe e tem 12 mil quilômetros instalados nas linhas de transmissão do sistema Eletrobrás.”

A matéria ainda acrescenta que o plano do governo esbarra na falencia da Eletronet, empresa detentora de boa parte da rede de fibras ópticas. Segundo eu sei, a União já teve reconhecido na Justiça o seu direito de controlar esta rede com exclusividade.

Sílvio Santos vem aí


Sílvio Santos vem aí


 



Sábado à noite (24/10/2009, próximo à meia noite), Sistema Brasileiro de Televisão (SBT). Na tela, Sílvio Santos, José Serra, Gilberto Kassab e “aspones”. O dono do SBT faz elogios rasgados ao governador e ao prefeito, os quais, nas palavras do próprio Kassab, formam “a dupla que governa bem São Paulo”. Serra, por sua vez, diz que é “tão bom cantor quanto governador”.

Entre elogios e auto-elogios, o homem do baú e os chefes dos Executivos municipal e estadual paulistas ocupam minutos infindáveis daquela concessão pública para fazerem escancarada campanha eleitoral. No dia seguinte (este domingo), acesso o site do jornal Folha de São Paulo e vejo, de cara, três ou quatro textos sobre a “campanha eleitoral” que Lula e Dilma estariam fazendo.

Todo dia é isso. Globo, SBT, Bandeirantes, TV Gazeta, CBN, Eldorado, Folha, Estadão, Veja, O Globo, UOL, IG, Terra, G1... Em todos esses veículos, acusações a Lula e a Dilma de que estariam fazendo campanha eleitoral. Não se vê uma só dessas acusações a Serra.
Jamais vi na TV tão acintoso uso eleitoral de uma concessão pública para promover dois políticos como vi no SBT ontem à noite. Em minha opinião, aquilo constitui motivo mais do que suficiente para que o PT, ao menos, tome uma atitude. Silvio Santos prometeu ali ser um dos mais engajados cabos eleitorais de Serra no ano que vem. Só que o SBT não é dele, é concessão pública...

A única forma de fazer com que a imprensa admita que Serra está usando os cofres públicos, as concessões públicas e, numa estranha aliança, a mídia privada para fazer campanha eleitoral antecipada, será o PT fazer uma queixa à Justiça eleitoral, como fazem, direto, o PSDB e o DEM, e por razões muito menos concretas.

ET's na Paraíba

Região Nordeste do Brasil sempre foi palco de intensa movimentação do Fenômeno UFO
 
Não sei se existem, mas há relatos deles em Guarabira, Mamanguape e JP em Manaíra, lugares pelos quais passei e morei rsss
 
Segundo o ufólogo e professor de física Lúcio Cavalcante Ataíde, 51 anos, presidente do Grupo de Estudo Ufológico Místico (Geum), com sede em Mamanguape (PB), a 48 km da capital, o pouso de uma nave extraterrestre e respectiva tripulação ocorreu nas matas de Pindobal, litoral norte do Estado. Ataíde recorda e relata o caso, ocorrido no verão de 1984, perto das 18h00, quando dois agricultores de Pindobal - distrito situado a uma distância de 12 km de Mamanguape -, se assustaram com a aparição de um objeto discóide, de intensa cor branca, que, repentinamente, surgiu por cima da Mata Atlântica. O UFO, que aos poucos também assumia uma cor lilás, pousou dentro de uma plantação de milho, a poucos metros dos agricultores Dão e Antônio. Entre curiosos e apavorados, os rapazes alertaram o fato a João Laércio, plantador de cana-de-açúcar, que se comunicou com a Usina Monte Alegre, de onde partiu uma equipe de reconhecimento. A gerência da usina, na época, pensou tratar-se de um fenômeno de combustão espontânea, que poria em risco de incêndio os canaviais se alguém não tomasse uma providência. O objeto demorou no solo uns dois minutos. À caminho, a equipe da usina notou a suposta nave de novo no ar, desta vez fazendo decolagem horizontal, no sentido de Baía da Traição.

Ataíde garante que presenciou tudo isto a uns 50m de distância. Mas, confessa, que daria tudo para se encontrar no lugar dos agricultores Dão e Antônio, que num gesto de muita audácia, rodearam o disco com cautela, observaram estranhas luzes que piscavam nas janelas e, pasmem, chegaram a menos de cinco metros de dois seres de aproximadamente 1,5 m de altura. "Eles tinham as cabeças desproporcionais ao tamanho do corpo e olhavam para o chão, como se procurassem alguma coisa", conta o ufólogo, que presenciou a nave decolar, silenciosamente, agora ostentando cores branca e lilás. Ele e os membros do Geum acreditam que os UFOs são dirigidos por seres inteligentes, que procedem de diversas regiões do universo. "Eles chegam até aqui para pesquisar e coletar dados. Em sua maioria são amistosos e evoluídos nos princípios moral, intelectual e espiritual", explica o físico. E por que eles aparecem muito nesta parte do Nordeste? O objetivo dos ETs na Terra, segundo o grupo, seria o de "soldar" rompimentos magnéticos ocorridos na linha equatorial e fazer limpeza das radiações.

As trilhas dos ETs – Os UFOs percorreriam trilhas magnéticas situadas sobre o espaço aéreo do planeta, que formam o Corredor de Bavic – uma espécie de estrada cósmica estudada e proposta por cientistas. Os ETs navegadores entrariam na Terra pelo Pólo Norte, Nordeste da Groenlândia, Nordeste-Sudeste da Grã-Bretanha, Noroeste da África e Nordeste do Brasil, na altura de Natal(RN). E se estendem para os lados de Ponta-Porã-MS, Patagônia e Antártida. No Nordeste do Brasil o Bavic atravessa Natal, João Pessoa, Guarabira e Baía da Traição. Ataíde investiga a possibilidade de ser por isso que os UFOs são avistados com muita freqüência nesta área. O Geum tem tudo isso registrado, com o testemunho de pessoas idôneas, que seriam indícios incontestes de que não estamos sós no universo. "A Bíblia cita que na casa do pai há muitas moradas", conclui.

Ele diz que contatos de primeiro e segundo grau com UFOs são mais comuns do que muita gente pensa. Para ficar mais perto de suas experiências e observações, construiu uma réplica em miniatura de uma nave discóide. "É daquelas que os ufólogos descrevem como portadora de um núcleo gerador de energia, que caracteriza as naves menores e sondas ufológicas. Estas são as mais comuns avistadas no Brejo e litoral Norte da Paraíba. Elas chegam até aqui no bojo de uma nave-mãe, que se esconde em algum ponto da Mata Atlântica do litoral Norte. A partir das 18h00 saem para fazer reconhecimentos", explana o ufólogo.

Um dos modelos mais nítidos dessas aparições foi fotografado sobre a Ilha Grande, na década de 50, no Rio de Janeiro. Na década de 90, as aparições de UFOs foram tantas no Brejo e litoral do Estado que, no dia primeiro de abril de 1996, a Assembléia Legislativa da Paraíba sediou um simpósio sobre Ufologia, com a participação de pesquisadores de todo o Brasil. O requerimento partiu de deputados simpáticos e obteve apoio unânime do plenário. Com certa timidez, pioneiramente a Ufologia foi debatida num ambiente público nesta região. Até então, era tida como coisa de visionário. O Geum existe desde 1974, quando fez suas pesquisas iniciais, com apoio de amigos, físicos e matemáticos da UFPB. Um dos integrantes fundadores é o ufólogo e arqueólogo Jacques Ramondot, então ligado a Alliance Française. A fundação real do grupo aconteceu em 31 de agosto de 1982. Posteriormente, foi reconhecido de utilidade pública, nos âmbitos municipal, estadual e federal.

A equipe de pesquisa se sustenta no objetivo de explicar o ainda escasso conteúdo científico sobre o universo, o como de seu existir, para que serve e a necessidade que existe de manter seres inteligentes como habitantes dos cosmos. Ao longo de sua existência, a entidade aprendeu a conciliar as investigações paracientíficas com as científicas. Uma das perguntas mais intrigantes é exatamente a que incentiva e inspira muitas ciências atuais: "O que faremos dos seres inteligentes de outras galáxias, quando descobrirmos o que eles pensam de nós?”

O ufólogo e radialista Lenilson Bala, 27 anos, viveu uma experiência de contato de segundo grau. Ele se encontrava no bairro do Nordeste, em Guarabira, a 98 km da capital, quando uma bola de fogo de grande dimensão parou no ar e flutuou uns cinco segundos sobre uma casa. Neste pequeno espaço de tempo o UFO cresceu repentinamente, para diminuir mais rápido ainda e partir em alta velocidade, numa decolagem vertical. Isto foi no ano de 1999, a década récorde do Fenômeno UFO em Guarabira. O agricultor Josemar André de Souza, 37 anos, residente na fazenda Boa Esperança, em Campo de Santana, a 176 km da capital, conta que há 18 anos foi surpreendido por uma luz forte, que varria as trevas, quando retornava de um baile na zona rural. Ele e os cinco amigos que o acompanhavam ficaram paralisados de medo. A luz de fogo pairou a uns 20 m de altura e emitiu um foco em direção aos rapazes. Eles se agarraram uns aos outros, quando se sentiram "sugados". A luz estranha acelerou repentinamente e sumiu no ar, tão silenciosa quanto apareceu. "Num diâmetro de 50m a gente via uma agulha no chão, embora a noite fosse bem escura", lembra Souza.

Ocorrência de última hora - Estávamos fechando esta matéria quando recebemos uma notícia fresquinha sobre a região, do dia 21 de outubro, quarta-feira. A imprensa paraibana acabou de receber imagens de uma pessoa que preferiu não se identificar, onde um suposto disco voador é avistado nos céus de Manaíra, em João Pessoa (PB). O vídeo mostra o objeto, sem permitir a visualização de detalhes minuciosos de sua estrutura, mas o trajeto e o tamanho do possível UFO impressionaram a todos que tiveram acesso a filmagem, segundo os divulgaores da nota. Ao fundo, é possível observar os prédios da capital paraibana. Apesar de inúmeros esforços para localizar o responsável pela gravação do vídeo, a equipe do programa regional Tony Show não obteve êxito. Assista ao vídeo, clicando aqui.

Errata e esclarecimento imediato - Este vídeo - ao qual supostamente teria sido recebido de forma anônima pela fonte acima citada, e sob "inúmeros esforços" de identificação sem êxito, segundo a mesma - , já foi rapidamente esclarecido por um colaborador da Equipe e listas de discussão da Revista UFO, Hewerton Pablo F. Feitosa, a quem agradecemos a valorosa contribuição. Trata-se, na verdade, de uma filmagem antiga, realizada no bairro Manaíra, em João Pessoa (PB), que fica exatamente localizado ao lado do Aeroclube da cidade. O hipotético UFO nada mais é do que a esteira de condensação de uma aeronave convencional passando por ali. Ainda bem que a fenomenologia ufológica paraibana é riquíssima, volumosa e inquestionável, desde sempre - como pudemos apreciar no decorrer da matéria principal -, sem comparação alguma com este caso equivocado.
 


Exemplo da chamada esteira de condensação: esta, não cresce e nem desaparece, fica sempre do mesmo tamanho, como se estivesse "grudada" na cauda do avião. Esse efeito é causador de muitos avistamentos equivocados, onde pessoas leigas confundem com UFO
 
Autor: Redação UFO
Fonte: Geum/Esferas/Tony Show
Crédito da foto: Arquivo UFO

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Reguffe no youtube

 



Finalmente o jovem deputado Reguffe entra na internet. Fazia tempo que eu já tinha sugerido isso a ele. Aguardo ainda que seu perfil no orkut seja atualizado constantemente, assim como a criação de um twitter para manter um contato mais próximo de seus eleitores.


Reguffe faz política de forma correta, sem se aproveitar das benesses do cargo e com visão voltada estritamente para o bem público, por isso é cotejado por todas as correntes para se candidatar a um cargo majoritário.


Veja também o site Reguffe.com.br

Uma pergunta: Por que os tucanos viajam tanto para os EUA?

Toda vez que um tucano ou demônio viajar para os EUA postarei aqui no Blog até a eleição para contabilizar o número de viagens dos entreguistas da nação.


Para ter um pouco de paz, disse o presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE),  para o colunista Ilimar Franco, viajou para Los Angeles. No sábado, assiste à final do campeonato mundial meio-pesado de vale-tudo entre os brasileiros Lyoto Machida e Maurício Shogun.

Ahã... vou fingir que acredito.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Entrevista de Lula para a F. de San Paolo

Matéria "pescada" do imperdível Blog Amigos do Presidente Lula

Presidente Lula concede entrevista a Kennedy Alencar e Alan Marques (fotógrafo), do jornal Folha de S. Paulo, em seu gabinete no Centro Cultural Banco do Brasil. Foto: Ricardo Stuckert/PR



O presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu entrevista para o repórter especial da Folha, Kennedy Alencar. Leia abaixo íntegra da entrevista:

FOlha - É correto classificar de marolinha uma crise que gerou desemprego, redução de investimentos e derrubou o crescimento da economia de 5% ao ano para 1% em 2009 no cenário mais otimista?

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA - Foi correto. Temos que separar a crise em dois momentos. Até setembro de 2008, discutíamos a crise do subprime quando ainda não havia o problema dos bancos. Até esse momento, o Brasil sentiria muito pouco a crise por várias razões. A economia estava sólida. Havíamos diversificado nossas exportações. Os bancos brasileiros tinham maior solidez e havia maior controle do Banco Central. Quando veio o Lehman Brothers [quebra do banco americano de investimentos em setembro de 2008], aconteceram duas coisas graves. O dinheiro desapareceu. Uma empresa como a Petrobras passou a pegar empréstimos na Caixa que seria destinado a pequenas empresas brasileiras.

FOLHA - Ali não houve um tsunami?

LULA - As coisas não aconteceram aqui como em outras partes do mundo porque nós tomamos medidas imediatas. Liberamos R$ 100 bilhões do depósito compulsório para irrigar o sistema financeiro. Fizemos com que o Banco do Brasil e a Caixa agilizassem mais a liberação de crédito. Fizemos o Banco do Brasil comprar carteiras de bancos menores que estavam prejudicados. Fizemos o Banco do Brasil comprar a Nossa Caixa em São Paulo e comprar 50% do Banco Votorantin. Era preciso que os bancos públicos entrassem em outras fatias do mercado, em que não tinham expertise, como financiar carro usado.

Nos debates com empresários, a minha inconformidade é que houve no mês de novembro e dezembro uma parada brusca desnecessária de alguns setores da economia.

Em outubro de 2007, o sr. disse que tinha aprendido que era importante governar também para a burguesia, que possuía uma visão diferente de quando era dirigente sindical, pois tinha um lado claro. Como presidente, precisava governar para todos, pobres e ricos.

Disse também que a burguesia brasileira era a "burguesia que sempre foi, a burguesia que está sempre querendo mais". Falou ainda: "Da minha parte, não existe preconceito. Tenho consciência de que estão ganhando dinheiro no meu governo como nunca".

 Durante a crise econômica internacional, o que o sr. achou do papel do empresariado brasileiro?

LULA - Alguns setores empresariais resolveram colocar o pé no breque de forma muita rápida, a começar do setor automobilístico, que seguia a orientação das matrizes, que estavam em situação muito delicada. Tinha um estoque razoável. Estavam numa situação privilegiada de produção e venda de carros. De repente, a indústria automobilística parou. Quando ela para, para uma cadeia produtiva que representa 24% do PIB industrial brasileiro. E outros setores que já tinham empréstimos assegurados com o BNDES pararam porque ninguém sabia o que ia acontecer.

Aí, fizemos desonerações, liberação de financiamentos, o Meirelles colocou dinheiro das reservas para facilitar nossas exportações. Depois, descobrimos outra coisa grave, os derivativos, feitos por empresas que não pareciam que faziam derivativos. Foi outro problema. Tivemos de conversar com empresa por empresa. Discutir como financiar, como evitar que algumas quebrassem, e colocamos o BNDES em ação.

FOLHA - No auge da crise, os bancos privados secaram o crédito. A Vale e a Embraer demitiram de imediato. Foi um comportamento à altura do país naquele momento?

LULA - Não foi. Foi precipitação do setor empresarial, que deveria ter tido tido a tranquilidade que o governo teve. Deveriam ter ouvido o pronunciamento de 22 de dezembro em que fui à TV contraditar a tese de que as pessoas não iam comprar com medo de perder o emprego. Fui dizer que iam perder emprego exatamente se não comprassem.

FOLHA - O sr. comprou algo?

LULA - Lógico. Comprei geladeira nova.

FOLHA - E a sua opinião hoje sobre a burguesia, pós-crise?

LULA - Não utilizo mais a palavra burguesia.

FOLHA - Sobre o grande capital nacional?

LULA - Tem setores diferenciados. Não pode colocar todo mundo no mesmo barco. Tem o setor automobilístico que é dinâmico, mas depende de orientação da matriz. Como a matriz, estava numa situação muito delicada, a orientação recebida aqui era para colocar o pé no breque. Tinha o setor siderúrgico, com 60% da produção para exportação, que, de repente, minguou. A Vale exportava quase tudo o que produz de minério. Na hora em que caiu a demanda da China, houve um breque. O que me deixou decepcionado é que as pessoas deveriam ter tido a paciência para ver o tamanho do buraco. Quando dizíamos que o Brasil seria o último a entrar na crise e o primeiro a sair, nós estávamos convencidos do potencial do Brasil e do mercado interno. Há anos venho dizendo: o problema do Brasil não é o custo final do carro, o problema é saber se a mensalidade que o trabalhador vai pagar cabe no seu holerite.

Hoje é um fato consagrado no mundo inteiro: o Brasil hoje é o país mais bem preparado e o que melhor enfrentou a crise.

FOLHA - O sr. vai prorrogar a isenção de IPI para a linha branca? Total ou parcialmente?

LULA - Essas coisas a gente não diz sim ou não com antecedência. Se eu disser agora que vai ser prorrogado, as pessoas que iam comprar agora deixam de comprar.

FOLHA - O sr. tem simpatia pela prorrogação?

LULA - Tanto que tenho simpatia que fiz a desoneração.

FOLHA - Com o dólar no patamar de R$ 1,70 e juros ainda altos na comparação com outros países, o sr. não teme viver uma crise cambial em 2010 ou deixar uma bomba-relógio para o sucessor?

LULA - Nunca trabalhei com juros altos tendo como parâmetro outros países.

FOLHA - Mas os juros no Brasil são altos, e o sr. reclama.

LULA - Sei. Mas trabalho na comparação com o que era. Em vez de ficar achando que a calça do outro é apertada, eu vejo a minha de manhã. O Brasil tem a menor taxa de juros de muitas décadas.

FOLHA - A taxa básica não poderia estar menor?

LULA - Poderia. Mas, descontada a inflação, temos 4%, 4,5% de juro real. Há muitas décadas o Brasil não tinha esse prazer. O problema hoje é o spread bancário, que ainda está alto, e o governo tem trabalhado para reduzir.

FOLHA - O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), tem uma crítica...

LULA - Deixa eu falar do câmbio. Depois respondo à crítica do Serra, que é menos importante para mim, para você e para o povo brasileiro. O câmbio sempre foi uma preocupação nossa. Se um dia você for presidente da República e sentar naquela cadeira, vai entrar na sua sala uma turma reclamando que o dólar está baixo, porque ele é exportador e está perdendo. Quando sai, entra a turma dos compradores, importadores, que acham que o dólar está maravilhoso, que é preciso manter assim. Aí entra o ministro da Fazenda, o presidente do Banco Central e dizem que é maravilhoso o dólar baixo porque controla a inflação.

Agora, antes que aconteça, uma superentrada de dólares no Brasil, reduzindo muito o valor do dólar em relação ao real, criando problema na balança comercial, e com algumas empresas exportadores tendo problema, nós demos um sinal com o IOF [Imposto sobre Operações Financeiros, que passou a ser cobrado no ingresso de capitais]. Demos um sinal para ver se a gente equilibra.

FOLHA - Especialistas dizem que o IOF será inócuo?

LULA - Se for inócuo, mudamos. Há uma disputa. O setor produtivo totalmente favorável, e o financeiro totalmente contrário. Isso é importante, porque significa que o governo está no caminho do meio, e aí é mais fácil a gente acertar.

FOLHA - A crítica básica do Serra é a seguinte: o Banco Central jogou fora na crise um bilhete premiado, que seria a oportunidade de baixar mais os juros sem custo. Agora, a crise acabou, a taxa está alta, pode ter que aumentar e jogou fora o bilhete premiado?

LULA - Vivi os dois lados. Quando se é oposição, você acha, pensa, acredita. Quando é governo, faz ou não faz. Toma decisão. O Serra participou de um governo oito anos. Tiveram condições de tomar decisões e não tomaram. Obviamente, qualquer um que for presidente, tem o direito de tomar a posição que bem entender. É como jogador bater pênalti. Brincando todo mundo marca gol. Na hora do pega para capar, até pessoas como o Zico e o Sócrates perderam pênalti.

FOLHA - Uma crítica de especialistas e da oposição é o aumento dos gastos públicos no segundo mandato. Além da elevação temporária de gastos na crise, há despesas permanentes que pressionarão o caixa no futuro e tornarão mais difícil baixar os juros. O sr. estaria deixando uma herança maldita.

LULA - As contas do governo nunca estiveram tão boas na história deste país. A política anticíclica na crise fez com que o governo deixasse de arrecadar uma enormidade de dinheiro. Mas é o preço que a gente tem de pagar. Compare o que colocamos de dinheiro na crise, com desoneração, com o que os países ricos tiveram de colocar. Foram trilhões de dólares colocados para ajudar o sistema financeiro, coisa que não precisamos fazer.

FOLHA - Saiu barato?

LULA - Eu acho. Em setembro, recuperamos os empregos que perdemos na crise e muito mais. Vamos chegar a um milhão de empregos no final do ano. Veja o mundo desenvolvido.

FOLHA - Qual é a sua previsão de crescimento do PIB para este ano?

LULA - Positivo, entre 1% e 1% e pouco. Se não houvesse a brecada brusca entre dezembro e janeiro, poderíamos ter crescido 2,5%, 3% com certa tranquilidade. O importante é o sinal para 2010.

FOLHA - Aquela brecada do empresariado sacrificou crescimento econômico?

LULA - O empresário brasileiro foi vítima de uma circunstância. O pânico criado no mundo fez com que todo mundo acordasse de manhã achando que ia acabar o mundo. O pânico precipitou decisões de recuo de setores empresariais. Eu chamei empresários, disse que tínhamos de aproveitar a crise, que tínhamos dinheiro no BNDES, que as empresas com dinheiro em caixa tinham de fazer investimento agora porque, quando a crise acabasse, estaríamos preparados para ocupar outro patamar no mundo. O momento não é de medo, é de investir. Eu jamais demoraria o tanto que foi demorado nos Estados Unidos para salvar a GM.

FOLHA - Aécio Neves ataca o inchaço da máquina e diz que o sr. faz um governo para a companheirada. Como o sr. responde?

LULA - Tem duas concepções de ver o Brasil. Tem pessoas que governam o Brasil para o imaginário de uma pequena casta. E tem pessoas que governam pensando em envolver 190 milhões de brasileiros. Quebramos o preconceito de primeiro tem que enxugar a máquina, fazer o país crescer e, então, dividir. Vivi isso durante quatro décadas. Quando resolvemos fazer política social, dissemos que era possível crescer concomitantemente e criamos uma nova casta de consumidores que está ajudando a indústria e o comércio.

FOLHA - O sr. recuou no envio de um projeto para cobrar IR de poupança acima de R$ 50 mil e mandou normalizar a devolução da restituição do IR. A lógica eleitoral, com temor de desgaste, autoriza a conclusão de que o sr. não pretende tomar medidas impopulares até o final do governo?

LULA - (Risos). Não faça injustiça, querido. Não adiamos o envio do projeto de lei. Decidimos o que íamos fazer em março, por unanimidade. A oposição que imaginava pegar a poupança como cavalo de batalha, ficou sem discurso. Em vez de a Fazenda mandar em março, como era algo que só valeria para 2010, esperou para mandar agora.

FOLHA - Vai enviar ao Congresso?

LULA - Vai mandar. Obviamente, poderemos discutir outras bases. Vai mandar, vai mandar.

FOLHA - E sua ordem para normalizar o pagamento da restituição do IR?

LULA - Não havia nada de anormal. No Brasil, já tivemos momentos em que a devolução atrasou. No nosso governo, tivemos momentos em que adiantou.

FOLHA - O ministro da Fazenda disse que estava atrasado, e o sr. deu a ordem para acelerar.

LULA - Lógico, porque tem que pagar. Nós precisamos de consumo. Precisamos que o povo tenha dinheiro para comprar. Falei com o Guido [Mantega]: Guido, nós precisamos que o povo tenha dinheiro para comprar. O povo tem de ter o dinheiro em dezembro.

*

"No Brasil, Jesus teria de fazer aliança com Judas"

FOLHA - Por que o sr. escolheu Dilma como candidata, uma cristã nova no PT e pessoa que nunca disputou eleição, sem fazer uma discussão no partido e levar em conta os nomes de governadores, como Jaques Wagner (BA) e Marcelo Déda (SE), e de ministros, como Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) e Tarso Genro (Justiça)?

LULA - Não estava em discussão quem era PT mais puro sangue, menos puro sangue. Era uma questão de viabilidade política. Dilma é a mais competente gerente que o Estado brasileiro já teve. A capacidade de trabalho da Dilma, a competência, o passado político e o presente, me faz garantir que a Dilma é uma excepcional candidata a presidente da República.

FOLHA - O sr. nunca havia sido gestor, era político, virou presidente e faz um governo bem avaliado. Seu argumento não é muito tucano, essa coisa de gerente.

LULA - Não é tucano, não. Além de extraordinária gestora, a Dilma é um extraordinário quadro político. Tem firmeza ideológica, tem compromisso, tem lealdade, sabe de que lado está.

FOLHA - O sr. a acha preparada para presidir o Brasil?

LULA - Muito preparada.

FOLHA - Já há faixas na rua dizendo que Dilma eleita equivale ao terceiro mandato de Lula.

LULA - É exatamente o contrário. Uma mulher que tem a personalidade que a Dilma tem. Conheço bem a personalidade dela. Isso vai exigir que eu tenha o bom senso de quando elegi o Jair Meneguelli presidente do sindicato de São Bernardo, o José Dirceu presidente do PT. Rei morto, rei posto. A Dilma no governo tem de criar a cara dela, o estilo dela, o jeito dela de governar.

FOLHA - Falando do estilo, ela é retrata por pessoas do governo como muito dura no trato pessoal, que falta habilidade política, que massacra algumas pessoas. Isso não é ruim para um presidente?

LULA - O Brasil já teve muitos governantes maleáveis, e não deram certo? Você tem de ser bom, afável, duro, em função de cada circunstância. Uma mulher por si já tem a necessidade de ser mais retraída, pelo preconceito que existe contra a mulher. A Dilma vai surpreender esse país. Quem pensa que a Dilma é uma mulher grosseira, é uma mulher dura, está errado. Na sua casa, se você for com uma gracinha para o lado de sua mulher, ela vai lhe dar um tranco. Se a conversa for séria, não vai dar. E a Dilma tem toda a clareza disso.

FOLHA - Dilma precisará refazer sua imagem, tomar um banho de loja, semelhante ao que o sr. fez em 2002?

LULA - (Risos) Por esse aspecto, não precisa. Não mudei minha cara. Comprei apenas um terno novo para 2002. Não é possível mudar a cara. A pessoa pode aprimorar. Em 2002, fizemos uma pesquisa em que 85% diziam que a reforma agrária tinha de ser pacífica. Levei mais de 15 dias para que minha boca pudesse proferir reforma agrária tranquila e pacífica. Essas mudanças têm de ter. Algumas que a gente fala, pensando que está agradando, não batem com o que povo pensa.

FOLHA - O sr. defende uma coalizão e uma disputa plebiscitária. Se a coalizão é tão importante, por que faz tanta questão que o candidato seja do PT e não de um partido aliado?

LULA - Porque seria inexplicável para grande parte da sociedade brasileira o maior partido de de esquerda do país, que tem o presidente da República atual, não ter um sucessor. Apenas por isso.

FOLHA - Fechou ontem a aliança ontem com o PMDB?

LULA - Patrocinei uma reunião de líderes do PT com o PMDB, que fizeram uma nota. Haverá um acordo nacional, e a chapa será PT-PMDB.

FOLHA - Michel Temer é o nome para vice?

LULA - Não posso dar palpite. Quem discute vice é o candidato a presidente.

FOLHA - O sr. ainda tem o desejo de que Ciro seja vice de Dilma e que o PMDB apoie?

LULA - Um presidente não tem desejo. Faz o que é possível.

FOLHA - É possível?

LULA - Na política, tudo pode acontecer. O Ciro tem todas as condições de ser candidato a presidente. Sou um homem feliz. Feliz desse país, que tem o Ciro, a Dilma, o Serra, o Aécio, a Marina, a Heloísa Helena. Nesse espectro, não tem ninguém de extrema-direita ou conservador ao extremo. Todos tem história. Não acho que é mérito meu, não. Fernando Henrique Cardoso tem importância nisso, pelo fato de ter feito comigo uma transição excepcional.

FOLHA - Se Ciro se mantiver emparelhado ou à frente de Dilma em março, quando o sr. e ele combinaram de tomar uma decisão final, que argumento o sr. pode usar para convencê-lo a desistir da Presidência e concorrer em São Paulo?

LULA - Não vou tentar convencê-lo.

FOLHA - O sr. patrocina a articulação para ele ser candidato a governador de São Paulo.

LULA - Não é verdade. Não patrocino. O Ciro pertence a um partido pelo qual tenho profundo respeito. O PSB tem os mesmos direitos do PT. Sou o único cidadão que não tem autoridade moral para pedir para alguém não ser candidato. Fui candidato a vida inteira. Só cheguei à Presidência porque teimei. Muita gente achava que eu tinha de desistir. Jamais farei isso [pedir para Ciro desistir].

FOLHA - Como o sr. explica ter um governo popular e a oposição liderar nas pesquisas sobre sucessão?

LULA - Ainda não temos candidatos

FOLHA - Os motivos? Recall?

LULA - Lógico que é recall. O fato de ter um candidato da oposição que é governador de São Paulo, já foi candidato a presidente, que já foi senador, que já foi ministro, tem uma cara muito conhecida no Brasil inteiro.

Obviamente, a transferência de voto não é como passe de mágica. Vamos trabalhar para que a gente possa transferir todo o prestígio angariado pelo governo e pelo presidente para a nossa candidatura.

FOLHA - O sr. diz que ainda não há candidatos. Mas todo dia a Dilma aparece com o sr. no noticiário, viajando. O presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, classificou de vale-tudo as viagens que viram comícios.

LULA - Você passa o tempo inteiro plantando a sua rocinha. É justo que, quando ela ficar no ponto de colher, você vá colher. Foi grande o sacrifício que fizemos para o Brasil voltar a investir em infraestrutura. A gente não tinha dinheiro. Se olhássemos o saldo de caixa do governo para fazer o PAC, a gente não teria feito. Foi uma decisão de faríamos e arrumaríamos dinheiro onde fosse necessário.

A Dilma trabalha das oito, nove da manhã às três da manhã. Quando era ministra das Minas e Energia, ela ficava, às vezes, três e meia da manhã, ficava comendo lanche com os assessores para fazer as coisas andar. Ninguém pode ser contra a Dilma ir às obras comigo. Até porque, se ela for candidata, a lei determina quem tem prazo em que ela não poderá mais ir. Até chegar lá, ela é governo. É um debate pequeno.

FOLHA - Mendes disse que o governo testa o limite da Justiça Eleitoral.

LULA - É um debate pequeno. Cada brasileiro, seja ele presidente da suprema corte ou o mais humilde, tem o direito de falar o que bem entender, mas tem uma lógica. Nós vamos continuar inaugurando obra. Tudo que a oposição quer é mostrar na TV tudo o que eu não fizer. O que eu fizer eu tenho obrigação de inaugurar, porque sei qual foi o sacrifício para chegar aonde chegamos.

FOLHA - O sr. teme uma chapa Serra-Aécio?

LULA - Não [com voz firme].

FOLHA - O sr. pediu a Aécio para não ser vice de Serra?

LULA - [Riso] Não, não.

FOLHA - O sr. não subestimou Marina, que deixou o PT para, segundo ela, construir uma nova utopia no PV?

LULA - Se ela acredita nisso, não sou que vou desmentir. Nunca subestimei a Marina, porque a adoro como pessoa humana. Tenho carinho por ela. Fomos militantes juntos por 30 anos. Ela me pediu demissão em janeiro do ano passado, eu não dei. Na medida em que quis sair do governo e do partido, é um direito dela. Só tenho que desejar sorte, que Deus ajude. É uma pessoa boa.

FOLHA - Por que o sr. não abandonou Sarney na crise do Senado?

LULA - Por uma razão muito simples. O PT teve candidato a presidente do Senado, derrotado [Tião Viana, do Acre]. Não entendi porque os mesmos que elegeram Sarney, um mês depois, queriam derrubá-lo. Coincidentemente, o vice não era uma pessoa [Marconi Perillo, do PSDB de Goiás] que a gente possa dizer que dá mais garantia ao Estado brasileiro do que o Sarney. A manutenção do Sarney era questão de segurança institucional. O Senado está calmo. Está funcionando. Qualquer cidadão pode perder a cabeça, um presidente da República não pode perder a cabeça.

FOLHA - Se Sarney caísse, acabaria sua sustentação política no Senado?

LULA - A queda do Sarney era o único espaço de poder que a oposição tinha. Aí, ao invés de governabilidade, iam querer fazer um inferno neste país. Foi correta a decisão de manter o Sarney no Senado.

FOLHA - Falando do seu papel como presidente da República, o sr. chegou a dizer que Sarney não poderia ser tratado como um cidadão comum. Não é incorreto numa democracia, onde ninguém está acima da lei? Um presidente falar isso não transmite mensagem ruim?

LULA - É verdade que ninguém está acima da lei, mas é importante que a gente não permita a execração das pessoas por conveniências eminentemente políticas. Sarney foi presidente. Os ex-presidentes precisam ser respeitados, porque foram instituições brasileiras. Não pode banalizar a figura de um ex-presidente. O que vem depois da negação da política é pior do que a gente tinha. O mundo está cheio de exemplos.

A negação do socialismo, feita pela Gorbatchov, deu quem? O que tomava vodca lá, o [Bóris] Iéltsin. A relação com a política tem de ser mais séria. Não adianta falar mal do Congresso Nacional, porque ele é a cara do que foi votado pelo povo. O importante é que a democracia garante que a cada 4 anos haja troca.

FOLHA - O sr. apoiou Sarney, reatou relações com Collor, é amigo do Renan Calheiros, do Jader Barbalho e recebeu o Delúbio Soares recentemente na Granja do Torto. Todos eles são acusados de práticas atrasadas na política e até de corrupção. Ao se aproximar dessas figuras, o presidente não transmite ideia de tolerância com desvios éticos?

LULA - O dia que você for acusado, justa ou injustamente, enquanto não for julgado, terá de ser tratado como cidadão normal. Não tenho relações de amizade, mas relações institucionais. As pessoas ganharam eleições e exercem seus mandatos.

FOLHA - O cidadão que admira o Lula e o vê abraçado com essas figuras...
LULA - O cidadão que admira o Lula tem de saber que essas pessoas foram eleitas democraticamente. E o eleitor dessas pessoas é tão bom quanto ele.

FOLHA - O sr. trabalhou tanto pela reabilitação política de Palocci. O episódio do caseiro não é insuperável do ponto de vista eleitoral para um candidato majoritário?

LULA - Estranho a malandragem da pergunta: "O sr. trabalhou pelo Palocci". Deixa eu lhe falar uma coisa, desejo que todos os que foram acusados, e acho que tem muita gente acusada injustamente, que todos sejam julgados. Palocci teve um veredicto. Não tem mais nenhuma pendência com a Justiça. Portanto, o Palocci pode ser o que ele quiser ser.

FOLHA - E [pendência] perante o eleitorado?

LULA - Aí terá de ser construído.

FOLHA - Ele pode ser candidato a governador de São Paulo?
LULA - Ele tem inteligência suficiente para saber se o momento é de ter uma candidatura ou não.

FOLHA - Qual é sua opinião?

LULA - Não tenho opinião. Se fizer a pergunta em março, terei opinião. Palocci pode reconstruir a vida dele. Durante os primeiros anos do meu governo, ele era considerado a pessoa mais respeitada no mundo empresarial, no mundo financeiro. Ele está quase perto de ser um gênio político e vai saber tomar a decisão.

FOLHA - Seu aliado Ciro Gomes diz que há "frouxidão moral" na hegemonia da aliança PT-PMDB, da qual o sr é o principal avalista. Sobre o encontro com o PMDB, disse: "Espero que o PMDB entregue o que prometeu. E espero que os argumentos dessa aliança sejam confessáveis publicamente". Como o sr. responde a essas críticas?

LULA - A aliança com o PMDB e os demais partidos permitiram uma governança muito tranquila. Tive a governança mais tranquila que FHC e Sarney. Se for confirmada a aliança com o PMDB, será feito um documento público explícito para saber qual são os compromissos assumidos. Pra mim, as coisas têm de ser explícitas.

FOLHA - E a frouxidão moral?

LULA - É um conceito do Ciro.

FOLHA - Não quer responder.

LULA - Estou respondendo. É uma opinião do Ciro.

FOLHA - Não o incomoda?

LULA - Não. O Ciro esteve no meu governo. A única que não tem aqui é frouxidão moral.

FOLHA - Ciro disse que o sr. e FHC foram tolerantes com o patrimonialismo para fazer aliança no Congresso. Ou seja, aceitaram a prática política de usar os bens públicos como privados. "No governo Lula, vi um pouco de novo a mesma coisa", ele disse em entrevista em fevereiro de 2008. Como responde a essa crítica?

LULA - Qualquer um que ganhar as eleições, pode ser o maior xiita deste país ou o maior direitista, ele não conseguirá montar o governo fora da realidade política. Entre o que se quer e o que se pode fazer, tem uma diferença do tamanho do oceano Atlântico. E o eleitor escolheu seus representantes. Quem ganhar a Presidência amanhã, terá de fazer quase a mesma composição, porque este é o espectro político brasileiro. Não é o espectro do Ciro, do Lula, do FHC, do Serra, da Dilma. Coloque tudo isso na frigideira e perceberá que são os ovos que a galinha botou. São com eles que terá de fazer o omelete.

FOLHA - Nunca se sentiu incomodado por ter feito alguma concessão?

LULA - Nunca me senti incomodado. Nunca fiz concessão política. Faço acordo. Uma forma de evitar a montagem do governo é ficar dizendo que vai encher de petista. O que a oposição quer dizer com isso. Era para deixar quem estava. O PSDB e o PFL (hoje DEM) queriam deixar nos cargos quem já estava lá. Quem vier para cá não montará governo fora da realidade política. Se Jesus Cristo viesse para cá, e Judas tivesse a votação num partido qualquer, Jesus teria de chamar Judas para fazer coalizão.

FOLHA - É isso que explica o sr. ter reatado com Collor, apesar do jogo baixo na campanha de 1989?

LULA - Minha relação com o Collor é a de um presidente da República com um senador de um partido que faz parte da base da base. Os senadores do PTB têm votado sistematicamente com o governo.

FOLHA - Do ponto de vista pessoal, não o incomoda? Não lhe dá aperto no peito?

LULA - Não tenho razão para carregar mágoa ou ressentimento. Quando o cidadão tem mágoa, só ele sofre. A pessoa que é a razão de ele ter mágoa vive muito bem, e só ele sofre. Quando se chega à Presidência da República, a responsabilidade nas suas costas é de tal envergadura que você não tem o direito de ser pequeno. Tem de ter as atitudes de chefe de Estado. Fico sempre olhando quando a Alemanha e a França resolveram criar a União Européia. A grandeza daqueles dirigentes políticos, ainda com o gosto de sangue da Segunda Guerra Mundial.

FOLHA - O sr. cobrou um esclarecimento da ex-secretária da Receita, Lina Vieira.

Ela achou a agenda e a data, 9 de outubro, em que teria se encontrado com Dilma e ouvido o pedido para acelerar as investigações da Receita sobre Sarney. A ministra e o governo não devem esclarecimentos que o sr. mesmo cobrou?
LULA - É fantástico. O engraçado é que quando se levanta uma tese, essa tese fica sendo martelada todo santo dia para ver se ela vinga. Ora, o governo mesmo disse que a Lina tinha vindo aqui em outubro. Isso foi nós que dissemos. Acho estranho tirar tantos dias de férias para depois encontrar sua agenda.

FOLHA - Não é preciso mais explicações da Dilma?

LULA - Não tenho dúvida nenhuma. Também não tenho dúvida de que a Lina também deve ser uma grande funcionária pública. Muitas vezes as pessoas são vítimas de uma palavra a mais ou a menos. Quando as pessoas viram vítimas de utilização política, quando fulano procura alguém, e ninguém fala diretamente, sempre alguém fala por eles, aprendi a não levar muito a sério.

FOLHA - O sr. acha que Lina está sendo usada?

LULA - A dona Lina é dona da sua consciência. A dona Dilma é dona da sua consciência.
p(star). *

"Papel da imprensa não é fiscalizar, é informar"

LULA - Não faz mal porque aprendi, ao longo da minha vida, cair e levantar, cair e levantar. A pesquisa de opinião pública é como medir a pressão.

FOLHA - Quando o Rio foi escolhido para sediar as Olimpíadas de 2016, o sr. disse que simbolizava a entrada do Brasil no primeiro mundo político e econômico. O episódio de derruba de um helicóptero no último sábado não mostra que aquele Rio vendido lá é fantasia e que seu discurso é irrealista?

LULA - Pelo contrário. Disse que o Brasil tinha conquistado sua cidadania internacional. E reafirmo. Foi um momento glorioso ter a maior votação que um país já teve na história das Olimpíadas. Não foram escondidos os problemas sociais do Rio.

FOLHA - O secretário da Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, diz que "o Rio precisa que o governo federal assuma a responsabilidade legal pelo combate à droga". Empurrou a responsabilidade para o governo federal.

LULA - O governador [Sérgio Cabral] contraditou o secretário. O secretário é uma figura da Polícia Federal muito respeitada, muito amigo do diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa. Em momentos de medo, de insegurança, as pessoas falam qualquer coisa. Converse com o governador para ver a parceria na área de segurança que estamos construindo.

FOLHA - O sr. assistiu ao filme "Lula, o filho do Brasil"?

LULA - Não. Estou sendo convidado. Quinhentas ofertas. Quero sentar com a minha família e ver o filme.

FOLHA - Com financiamento de grandes empresários e ajuda das centrais sindicais na distribuição, não é um instrumento de propaganda personalista?

LULA - Se isso prevalecer, não sei o que fazer. Vou entrar numa redoma de vidro, mandar cobrir e não apareço mais em lugar nenhum. Tem um livro sobre a minha vida que é pública. O cidadão resolve fazer um filme. A única condição que impus foi não ter dinheiro público, e eu não quero que fale do governo. Do governo, só quando acabar.

FOLHA - O sr. não teme a repercussão negativa entre os judeus do encontro com o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad?

LULA - Muito pelo contrário. Não estou preocupado com judeus nem com árabes. Estou preocupado com a relação do estado brasileiro com o estado iraniano. Temos uma relação comercial, queremos ter uma relação política, e eu disse ao presidente Barack Obama (EUA), ao presidente Nicolas Sarkozy (França) e à primeira-ministra Angela Merkel (Alemanha) que a gente a não vai trazer o Irã para boas causas se a gente ficar encurralando ele na parede. É preciso criar espaços para conversar.

FOLHA - Ações recentes da política externa na América Latina foram de contraponto a Washington. O Brasil tem de ser um contrapeso à força dos EUA na região?

LULA - Não quero ser um contraponto a Washington. Quando propus a criação do Conselho de Defesa e de combate ao narcotráfico, tinha duas coisas na cabeça. Nós precisamos nos transformar numa zona de paz. E, enquanto América do Sul, a gente assuma a responsabilidade de combater o narcotráfico. Porque aí vai permitir que os países consumidores cuidem dos seus consumidores.

FOLHA - Zelaya completou completou um mês na embaixada brasileira fazendo política interna. Não foi longe demais?

LULA - Só tem um exagero em Honduras. É o golpista.

FOLHA - O sr. diz que a imprensa internacional elogia o Brasil e a nacional puxa o Brasil para baixo. Nos EUA, o Obama apanha da imprensa, e é elogiado na imprensa internacional. Isso não acontece porque a imprensa nacional conhece o país melhor?

LULA - [Risos] Quisera Deus que fosse verdade. Estou convencido de que a imprensa nacional conhece melhor o país, até porque tem obrigação de conhecer. Mas, às vezes, vejo um comportamento de um setor da imprensa muito ideologizado. Sou amante da democracia e da liberdade de imprensa. A maior alegria que tenho é que os leitores, ouvintes e telespectadores são os únicos censuradores que admito nos meios de comunicação. Portanto, cada um paga pelo que faz.

FOLHA - Um dos papéis da imprensa é fiscalizar o poder. O sr. não está incomodado com a imprensa cumprindo o seu papel?

LULA - Não incomoda.

FOLHA - O sr. disse que tem azia quando lê jornais.

LULA - Como presidente, nunca fico incomodado. Não acho que o papel da imprensa é fiscalizar. O papel é informar.

FOLHA - A imprensa não tem de ser fiscal do poder?

LULA - Para ser fiscal, tem o Tribunal de Contas da União, a Corregedoria-Geral da República, tem um monte de coisas. A imprensa tem de ser o grande órgão informador da opinião pública. Essa informação pode ser de elogios ao governo, de denúncias sobre o governo, de outros assuntos. A única que peço a Deus é que a imprensa informe da maneira mais isenta possível, e as posições políticas sejam colocadas nos editoriais.

FOLHA - O sr. acha legítimo o governo interferir na gestão de uma empresa privada como o sr. faz em relação à Vale?

LULA - Não interferi na Vale.

FOLHA - Houve interferência pública.

LULA - É preciso parar com essa mania de entender que só o presidente da República tem responsabilidade com o Brasil. Os 190 milhões têm. E, mais ainda, os empresários têm. E aqueles que receberam benefício do governo têm mais ainda. O que eu disse ao companheiro Roger foi pedir para a Vale colocar todo o seu poder de investimento em investimentos internos. Não apenas na exploração de minério, mas também na transformação desses minérios em aço.

Os trabalhadores da Vale sabem do carinho que tenho por ela. Tenho feito esforço em vários países do mundo, ajudando a cavar espaço para que a Vale seja empresa multinacional. Agora, não pode acontecer, quando deu um sinal de crise, mandar tanta gente embora como mandou. O Roger já sabe que houve equívoco nisso.

FOLHA - Na fusão da Oi com a Brasil Telecom, o sr. mudou a regra para favorecer um negócio em andamento de um empresário que é seu amigo e contribui para suas campanhas, Sérgio Andrade. Foi um benefício do Estado a um grupo privado. Isso não ultrapassa o limite ético?

LULA - Vocês são engraçadíssimos. Temos uma agência reguladora.

FOLHA - Mas o sr. assinou um decreto mudando a regra.

LULA - A legislação brasileira permite que a agência faça a regulação que melhor atenda ao mercado brasileiro. Estou convencido de que foi correta a decisão do governo.

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Lula elogia Dunga e diz quem tem vaga garantida na seleção

O presidente Lula diz ser "excepcional" o saldo de Dunga na seleção brasileira. Acha que o Corinthians não tem mais chance de ganhar o Campeonato Brasileiro. O título, crê, está em disputa entre Palmeiras, São Paulo, Atlético Mineiro e Flamengo, que vem "despontando".

Fala que Robinho "faz motocicleta" em campo. "Nem bicicleta é." Conta que aconselhou Ronaldo a se preparar para ser convocado. Recusou-se a escalar seus onze titulares, mas opinou sobre quem teria vaga garantida para a Copa de 2010 na África do Sul.

"Dunga ganhou o que a gente não imaginava que ele ia ganhar". Diz que o técnico foi "demonizado" como jogador em 1990, com "o fracasso da seleção" na Alemanha. Mas saiu como "herói" na Copa de 1994, nos Estados Unidos. "É casca de ferida."

Falou que, se a seleção jogar a Copa de 2010 com "o espírito" da Copa das Confederações, "já está bom". "Ganhar a Copa ou não, é consequência. Para o torcedor, o que é a gente quer, além de ganhar, é muita raça", disse.

Para ele, Luís Fabiano "está excepcional" e será titular. Os outros titulares seriam Júlio Cesar, Maicon, Lúcio, Júan, Felipe Melo, Gilberto Silva e Kaká.

Apesar da irregularidade, Lula levaria Robinho para a África do Sul: "Às vezes, o cara é convocado porque o técnico tem afinidade com as pessoas que cumprem as tarefas do técnico. E o Robinho é aquele moleque de explosão. Tem dia que a gente fica nervoso porque ele não faz nada. Tem dia que a gente vê ele fazer lá uma motocicleta, nem bicicleta é, e marcar um gol espetacular".

O presidente colocaria no grupo André Santos, Daniel Alves e Nilmar. "Se fosse técnico, levaria o Nilmar. Tenho de convocar 22 e só vou colocar 11 em campo. O Nilmar é um moleque de uma explosão extraordinária. Muito esperto, muito ligeiro", opina.

Conta que disse a Ronaldo para se preparar fisicamente para "ser convocado" e ser reserva de Luís Fabiano. "O Ronaldão é sempre o Ronaldão". Sobre Gilberto Silva, diz; "Sinto que é uma das figuras de confiança do Dunga".

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PINGA FOGO

Vale, a maior empresa privada do país
A cara do Brasil lá fora.

Roger Agnelli, presidente da Vale
Grande executivo.

Eike Batista, o homem mais rico do Brasil
Grande executivo.

Dona Lindu, mãe
Junto com a Marisa são as duas melhores mulheres do mundo.

Sr. Aristides, pai
Tenho boa lembrança do meu pai. Quando era pequeno, tinha muita bronca, porque ele era muito severo. Depois que fiquei politizado, tenho compreensão do motivo de meu pai ser rude.

Frei Chico, irmão
Figura excepcional

Lurdes, primeira mulher, que já morreu
Extraordinária

Marisa Letícia, primeira-dama
Uma das responsáveis pelo que eu sou

José Alencar, vice-presidente
O melhor vice do mundo

José Sarney, presidente do Senado
Grande republicano

Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irã
Não conheço bem

Barack Obama, presidente dos EUA
Grande esperança. Um bem para os EUA e para o mundo

Michele Obama, primeira-dama dos EUA
Muito simpática

Nicolas Sarkozy, presidente da França
Surpreendentemente extraordinário.

Carla Bruni, primeira-dama da França
Sei que é muito bonita

Cristina Kirchnerr, presidente da Argentina
Grande presidente. Vai terminar fazendo grande governo

Michelle Bachelet, presidente do Chile
Muito competente

Angela Merkel, primeira-ministra
Figura séria. A Alemanha está em boas mãos

Lula
Sempre procuro me comportar com a maior humildade possível. Gosto de falar com o povo. Odeio intermediário com o povo. Esse negócio de gente falar por mim, eu não gosto. Por isso, falo muito.

CPI da Vale


CPI: MST pode e a Vale não pode?

Anete, filha de sem-terra, na foto de Sebastião Salgado, e Agnelli, o bem sucedido. A lei vale para a ela e não vale para a Vale?
Anete, filha de sem-terra, na foto de Sebastião Salgado, e Agnelli, o bem sucedido. A lei vale para a ela e não vale para a Vale?
Ontem, o Congresso deu número legal para a instalação da CPI que se propõe a investigar supostos repasses de recursos públicos para o Movimento dos Sem-Terra. Você, leitor, já sabe o que há por detrás disso. Não  que os repasses não devam existir e seu uso deva ser fiscalizado, como o de quaisquer outros.  E os  excessos ou eventuais crimes cometidos por sem-terras, da mesma forma que deveriam ter sido punidos os responsáveis pelo massacre de Eldorado de Carajás, onde 19 trabalhadores rurais foram brutalmente assassinados. Morte de seres humanos que, até agora, dez anos depois, estão impunes, sem que se veja nenhum furor midiático contra isso.
Bom, vou procurar cada um dos signatários desta CPI e perguntar: se o senhor quer zelar para que não haja desvio de dinheiro público de suas finalidades, gostaria de ter sua assinatura para investigarmos para onde está indo o dinheiro público colocado à disposição da Vale. Sou capaz de apostar que, se somarmos todos os recursos de que possam acusar o MST de mau uso, nem chega na sola do chinelo dos créditos do BNDES concedidos à empresa, incrivelmente controlada pelo Bradesco, que só tem 9% do seu capital.
Os nossos amigos da imprensa, sempre tão indignados, perderam o interesse na Vale, depois que o sr. Agnelli disse que vai seguir o que o Governo quer. Ninguém questionou a afirmação que ele fez - um escárnio à inteligência das pessoas - de que suas ligações com o Brtadesco eram “meramente afetivas”, depois de sair direto de 20 anos no bancão e ir direto para a presidência da Vale.
Assim é o “todos são iguais perante a lei” no Brasil. O Sr. Agnelli pode mandar meter não um, mas centenas de tratores abrirem rombos imensos no nosso território, em áreas desapropriadas pelo Estado para que possa haver a mineração. Nada demais.  Um provocador infiltrado ou um insensato derruba - e isso é uma atitude que deve ser punida, sim  - alguns pés de laranja em terra pública, adquirida irregularmente por uma empresa (multinacional) de agronegócio e isso é motivo de comoção nacional.
Nós, deputados, juramos uma Constituição que diz que os brasileiros são iguais. Só o que queremos é que uma empresa que explora concessões públicas milionárias, que tem como maiores acionistas entes ligados ao Estado e sujeitos à fiscalização do Tribunal de Contas e que recebe enormes créditos beneficiados do Estado seja investigada como pretendem investigar o MST.