Um "blog sujo" desde 2 de setembro de 2009.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Justiça Federal proíbe novas construções no Manaíra Shopping

 

Justiça Federal determinou a suspensão, em liminar, de novas obras de ampliação no Manaíra Shopping, empreendimento de responsabilidade da Portal Administradora de Bens Ltda.

A SUDEMA é um caso de polícia. E o Roberto Santiago é um empresário que tem preocupações ambientais e sociais serí$$imas.

A proibição atinge 50 metros de largura ao longo da faixa marginal do Rio Jaguaribe e atende pedido feito na Ação Cautelar nº 0008844-83.2009.4.05.8200, ajuizada em 16 de novembro de 2009, na 1ª Vara Federal, pelo Ministério Público Federal (MPF) e Ministério Público Estadual da Paraíba (MPPB).

Tal distância deve ser contada a partir do nível mais alto do rio, em projeção horizontal, na forma da Lei n.º 4.771/1965 (Código Florestal), artigo 2º, alínea a, item 2, combinado com a Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conana) nº 303/2002, artigo 3º, inciso I, alínea b, até o julgamento final da ação principal, ou seja, a Ação Civil Pública (ACP) nº 0002946-55.2010.4.05.8200, ajuizada em 23 de abril de 2010, e que tramita na mesma Vara Federal.

Na ação principal, pede-se ampla reparação dos danos ambientais causados ao Rio Jaguaribe e às suas margens, abrangendo remoção de construções e da impermeabilização do solo, recomposição da vegetação na área de preservação permanente (APP) e indenização financeira compatível com os prejuízos materiais e morais incalculáveis causados à coletividade pelo comprometimento de valiosos ecossistemas no local, ao longo de vários anos.

Propõe-se ainda, caso a Justiça Federal entenda inviável a demolição de parte das construções ilícitas, a alternativa de perda da propriedade sobre as referidas construções em favor do Poder Público, revertendo-se os respectivos rendimentos para projetos de recuperação ambiental do Rio Jaguaribe e de outras áreas ecologicamente relevantes, de modo que o infrator não usufrua de vantagens em razão de sua conduta ilícita. Pede-se ainda a anulação da inscrição deferida pela União para ocupação de terrenos de marinha no local, em face do comprometimento da vegetação em APP.

Entenda o caso

Referida ação decorre das investigações realizadas no Procedimento Administrativo nº 1.24.000.000417/2007-60, instaurado pelo MPF a partir de representação da Associação dos Amigos da Natureza (Apan), noticiando a realização de obras de ampliação no Manaíra Shopping, em plena área de preservação às margens do Rio Jaguaribe. Tal procedimento foi convertido, posteriormente, em Inquérito Civil Público.

Desde então, o MPF realizou diversas diligências, visando apurar a regularidade ambiental das obras, tendo concluído, após duas vistorias e com base em nota técnica produzida pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), que o empreendimento não respeitou a distância de 50 metros, correspondentes à área de preservação permanente, prevista na Lei nº 4.771/65 (Código Florestal), embora tenha obtido licença ambiental emitida pela Sudema (órgão ambiental estadual).

De acordo com o Ibama, a Sudema não observou a legislação federal relativa à área de preservação permanente, já que considerou, erroneamente, para concessão da licença, o recuo de 15 metros, com base na Lei 6.766/79 (Lei de Parcelamento Urbano). Para o Ministério Público, a Sudema deveria ter aplicado o Código Florestal no caso, uma vez que o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), já havia afastado quaisquer dúvidas sobre o tema, com a edição da Resolução nº 303/2002.

Durante a investigação, constatou-se que foram emitidas licenças pela Sudema, para obras que sequer respeitavam os referidos 15 metros, como o muro e torres de refrigeração construídos pelo Manaíra Shopping. Na ação, aponta-se que a empresa não só edificou tais construções, como também impermeabilizou área a menos de 5 metros do rio para explorar economicamente como estacionamento pago, sob alegação de que pretendia somente garantir a segurança dos freqüentadores do shopping.
Observou-se, ainda, que foram edificadas uma subestação elétrica e estruturas cilíndricas de armazenamento, quase invadindo o leito do Rio Jaguaribe, sem regular licenciamento ambiental.

Questionada quanto às licenças tidas por irregulares, a Sudema informou o desaparecimento de diversos processos administrativos referentes ao caso. Diante do ocorrido, o MPF enviou recomendação à Sudema para que não sejam concedidas novas licenças no local, bem como para que sejam revisadas as licenças já concedidas ao empreendimento. Também foi recomendada a elaboração de relatório técnico indicando as medidas viáveis para reparação dos danos ambientais, sem prejuízo da apuração do desaparecimento dos aludidos processos administrativos.



Rio soterrado

O Rio Jaguaribe, em razão de intervenção humana realizada em 1940, passou a contar com uma bifurcação que surge exatamente nas proximidades do Manaíra Shopping: o seu leito original que se prolonga até o bairro do Bessa e um segundo curso de água que se prolonga lateralmente, cruza a BR 230 e deságua no Rio Mandacaru. Em 1995, o Manaíra Shopping invadiu as áreas públicas adjacentes ao leito original do rio e suprimiu a vegetação de preservação permanente existente, onde passou a construir um estacionamento, sem qualquer autorização dos órgãos ambientais.

Em razão disso, foi ajuizada pelo Ministério Público Estadual a Ação Civil Pública nº 200.95.00.782-9, onde chegou a ser deferida liminar para paralisação das respectivas obras. Contudo, nessa ação acabaram sendo firmados termos de ajustamento de conduta, prevendo compensação pelos danos praticados e confessados pelo responsável, sem prejuízo da obtenção de licenciamento ambiental junto à Sudema.

Ocorre que, embora a licença inicialmente obtida para o local contemplasse áreas verdes às margens do leito original do Rio Jaguaribe, a empresa acabou por construir novas obras sobre a área pública com o aval da Sudema, soterrando o referido leito para sobre ele ampliar sua área de lojas e seu estacionamento.

E como se não bastasse haver sufocado o leito original do Rio Jaguaribe, que hoje corre num canal oculto por baixo do estacionamento do Manaíra Shopping, o empreedimento passou a invadir também as áreas de preservação permanente às margens do braço remanescente do rio. Constatou-se ainda que, embora se tratasse de terrenos de marinha, a União, o Ibama e o MPF não haviam se manifestado sobre o caso.

Com a nova ação civil pública, busca-se uma solução judicial para a situação, paralelamente às providências de regularização a serem implantadas pela prefeitura de João Pessoa em relação às comunidades de baixa renda que residem às margens do Rio Jaguaribe, inclusive nas proximidades do Manaíra Shopping. O que não se pode admitir, segundo o Ministério Público, é que sejam realocadas tais comunidades, mantendo-se intacta, entretanto, uma situação privilegiada e flagrantemente irregular como a da empresa ré.


Pedidos indeferidos

Na Ação Cautelar nº 0008844-83.2009.4.05.8200, os autores também postularam que fosse determinado o depósito em conta judicial de todos os lucros obtidos pela empresa-ré com a exploração irregular da APP, inclusive abrangendo terras públicas da União, principalmente no tocante ao lucrativo estacionamento que mantém ali.

Para os autores, não seria adequado permitir a livre exploração econômica em área proibida durante toda a tramitação da ação, sem qualquer garantia de como a empresa irá ressarcir a coletividade após a decisão final da causa.

Alertou-se ainda para o fato de que, após o ajuizamento da referida ação, foi elevado em 25% (sem explicações) o valor cobrado rotineiramente por cada veículo naquele estacionamento, fato que indica a intenção da empresa-ré em se enriquecer ao máximo da área antes que a ação seja julgada. No processo principal, pleiteou-se ainda a imediata liberação da APP não ocupada por lojas ou, pelo menos, dos 15 metros de distância resguardados na própria licença concedida pela Sudema e descumprida pelo empreendedor, já que esse tipo de dano tende a se acumular e agravar com tempo.

Contudo, o Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5) manteve o entendimento do Juízo da 1ª Vara Federal, em decisões proferidas em agravos de instrumento, em novembro de 2010, pelo indeferimento desses pedidos, presumindo-se que a empresa, embora tenha provavelmente de demolir no futuro parte de seu empreendimento localizado em APP, disporá de patrimônio suficiente para pagar eventual indenização à coletividade.

Por outro lado, o TRF-5 não vislumbrou urgência na reparação do dano ao meio-ambiente no caso, prevendo-se a realização de perícia para melhor aquilatar a situação no local.
Pretendiam ainda os autores que a Justiça Federal alertasse a população acerca da existência de litígio sobre a área, por averbação no cartório imobiliário e placas indicativas no local, visando inclusive evitar prejuízos a terceiros adquirentes de boa-fé.

Contudo, as decisões judiciais, ao indeferirem esse pedido, pontuaram que seria suficiente a divulgação espontânea da existência das ações pela imprensa e que não foi demonstrada a iminente negociação de imóveis no local em referência.

* Ação Cautelar nº 0008844-83.2009.4.05.8200, ajuizada em 16 de novembro de 2009;

* Ação Civil Pública nº 0002946-55.2010.4.05.8200 (ação principal do caso), ajuizada em 23 de abril de 2010.

Da Ascom da Procuradoria da República na Paraíba

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Futuro Ministro da Justiça envolvido até o pescoço com Daniel Dantas


Ministro da Dilma defendeu Dantas no MPF e com a turma do Berlusconi

Quem vai mandar no “Zé” ? A Dilma ou o Kakay ?

Desde que passou a tratar da “cama de gato” que podem armar contra a Presidente Dilma Rousseff (clique aqui para ler “Se não nomear o diretor geral da PF e o diretor da SSI podem armar uma cama de gato contra a Dilma” e “Ainda não nomearam o diretor geral da PF”), o Conversa Afiada passou a receber informações de alguém que se identifica como “Stanley Burburinho II”.

O “Stanley Burburinho II” se considera especialista em “camas de gato”.

Esse grave material que nos enviou hoje mostra a relação carnal entre o futuro Ministro da Justiça e Daniel Dantas.

E uma discrepância de R$ 3 milhões que é de arrepiar os cabelos.

Dantas contratou o mais famoso advogado de Brasília, o Kakay.

O contrato fala em R$ 5,3 milhões.

Na planilha da Brasil Telecom do Dantas, porém, aparecem R$ 8,4 milhões de pagamento ao Kakay.

Dantas contratou Kakay para defendê-lo no Ministério Público Federal.

O futuro Ministro da Justiça, então deputado José Eduardo Cardozo, do PT de São Paulo, trabalhou para Dantas nesse mesmo litígio no MPF.

Cardozo chegou a ir à Itália trabalhar com a turma do Berlusconi para ajudar o Dantas.

Cardozo sempre se defendeu.

Diz que não sabia que o Dantas estava metido nisso tudo.

Ou ele é muito esperrrrrrrrrrrrrto ou é um parvo.

Nas duas hipóteses, dá um péssimo Ministro da Justiça.

Ele vai nomear o Diretor Geral  da Policia Federal que terá a incumbência de concluir os dois inquéritos da Operação Satiagraha encomendados pelo corajoso Juiz Fausto de Sanctis: o que trata da formação da BrOi (onde Dantas levou para casa US$ 2 b)i; e o das fazendas de gado e mineração do Dantas.

Cardozo, que militou no MPF para Dantas, vai mandar na Secretaria de Justiça e no Departamento de Recuperação de Ativos.

Lembra do Tuminha, amigo navegante ?

O Tuminha foi defenestrado, não foi ?

Pois é, o Tuminha dirigia essa Secretaria e congelou R$ 2 bi do Dantas que estão no exterior.

O sucessor dele, na gestão Cardozo, vai descongelar o Dantas ?

Viva o Brasil !

Leia a seguir os documentos e as reproduções enviadas por Burburinho II)

Alô, alô, Carta Capital !

Alô, alô, Mino !

Teus textos que tratam do Dantas começaram a evaporar do Google !!!

Segue-se o e-mail meticuloso do Stanley Burbinho II (como se já não bastasse I):

Da série “Vale a Pena Ler de Novo”, edição ampliada e revisada. Este texto poderia ser escrito pelo Stanley Burburinho, que normalmente acha essas pérolas.

Pelo jeito, a futura Presidenta da República não leu a FOLHA nem a CARTA CAPITAL antes de nomear como Ministro da Justiça o sr. José Eduardo Cardozo.

Leia estas matérias:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u422895.shtml

http://www.anapar.com.br/noticias.php?id=6488 ( aqui a matéria da FOLHA na integra publicada pelo jornal – nos arquivos da FOLHA, a matéria DESAPARECEU! )

http://www.citadini.com.br/financas/cartacapital060531a.htm ( a matéria original da CARTA CAPITAL simplesmente desapareceu do GOOGLE e do próprio site da Carta Capital )

O embasamento dessas matérias se dá nos documentos anexos. É importante ver o detalhe dos documentos com lupa, indo além do que foi apresentado pela FOLHA e a CARTA CAPITAL.

Os documentos mostram que José Eduardo Cardozo tinha um canal direto com Humberto Braz, condenado à prisão por corrupção com Daniel Dantas na Operação Satiagraha.

Ele apareceu em todo o Brasil, no Jornal Nacional, ao subornar um policial numa churrascaria uruguaia em São Paulo.

Os documentos mostram que Cardozo, primeiramente, entrou com uma representação no MPF para atender a interesses do Daniel Dantas, contra até mesmo os Fundos de Pensão estatais, muitas vezes ligados ao PT.

Posteriormente a esse ato “legislativo” que, apesar de atender a um lobby do Opportunity, poderia ser considerado legítimo, o DEPUTADO Cardozo se empreita em movimentar o processo com Humberto Braz.

Cardozo foi a ROMA para tentar ajudar o Opportunity. Chega a cogitar de falar com a turma do BERLUSCONI para movimentar uma tal de CPI da Telecom Servia, que interessava a Dantas para sustentar suas artimanhas aqui no Brasil.

Veja bem, blogueiro ordinário, um político do PT que fala com a ULTRA DIREITA ITALIANA (aquela que quer o Batisti de volta para condená-lo à forca) para atender aos interesses de Daniel Dantas.

Os emails de Humberto Braz mostram que Cardozo se dispôs a ir novamente para a Itália (foi?),  para atender aos interesses de Dantas em viagem que não seria paga pelo PT (paga por quem?).

Um deputado que viaja para a Itália, passa por cima do Itamaraty, para servir a Daniel Dantas, pode virar Ministro da Justiça?

Para piorar aparecem os contratos aparentemente “superfaturados”, segundo a auditoria da Brasil Telecom, do advogado Kakay, que também gosta (muito) do Daniel Dantas.

Veja que o Kakay recebeu cerca de 8 milhões de reais por serviços que ninguém encontrou dentro da companhia. E 5.3 milhões foram de um contrato assinado (veja minuta anexa) DIAS DEPOIS QUE O “Zé” (Zé Eduardo Cardozo) pede ajuda a Humberto Braz para manter a ação que ele tinha iniciado.

Detalhe: não existe nenhuma procuração para Kakay nos autos dos processos.

Então, para onde foram os R$ 5.3 milhões  ????

Não resta dúvida de que cabe investigar essa transação: ela evidencia a possibilidade de que um contrato astronômico, fora dos padrões de remuneração da advocacia brasileira, pudesse ser usado como um veículo de propina.

E tudo isso num litígio de que participou o futuro Ministro da Justiça.

Não é ele que toca piano na festinha de outro advogado do Dantas ?

Que prenda ele não exibiria numa festinha do Kakay ?

Como é possível imaginar qualquer isenção desse Ministro da Justiça com relação a Daniel Dantas?

O Ministro da Justiça está para escolher o chefe da Polícia Federal, cuja maior operação de sua história (Satiagraha) investiga o banqueiro Daniel Dantas.

O Ministro da Justiça terá ação direta sobre a Secretaria da Justiça e no DRCI, Departamento de Recuperação de Ativos, que, hoje, está sob a responsabilidade do Delegado Saadi, que conduziu a Satiagraha (depis do Protogenes) e que bloqueia mais de 2 bilhões de dólares de dinheiro de lavagem de dinheiro no exterior envolvendo o Opportunity de Daniel Dantas.

Qual a isenção desse Ministro da Justiça ?

Ele mandaria congelar mais bens do Dantas no exterior ?

E se o advogado do Dantas voltar a ser o Kakay ?

Quem vai mandar nele: a Dilma ou o Kakay ?

Sem dúvida, um começo muito preocupante. Se a Presidenta Dilma seguisse o que disse em sua campanha quando apareceram os escandalos da assessora na Casa Civil, ela demitiria o José Eduardo Cardozo antes mesmo dele começar. Ainda há tempo.

Abraços,

Do II


Seguem-se os documentos que o “II” nos enviou:



















terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Comparato exige referendo para Congresso aumentar salário


 

UMA DEMOCRACIA SEM POVO


Fábio Konder Comparato

Suponhamos que alguém entre em contato com um advogado para que este o represente em um processo judicial. O causídico aceita o patrocínio dos interesses do cliente, mas não informa o montante dos honorários, cujo pagamento será feito mediante a entrega de um cheque em branco ao advogado.

Disparate sem tamanho?

Sem a menor dúvida. Mas, por incrível que pareça, é dessa forma que se estabelece a fixação dos subsídios dos (mal chamados) representantes políticos do povo. Com uma diferença, porém: os eleitos pelo povo não precisam pedir a este a emissão de um cheque em branco: eles simplesmente decidem entre si o montante de sua auto-remuneração, pagando-se com os recursos públicos, isto é, com dinheiro do povo.

Imaginemos agora que o advogado em questão, sempre sem avisar o cliente, resolve confiar o patrocínio dos interesses deste a um companheiro de escritório, por ele designado, a quem entrega o cheque em branco.

Contrassenso ainda maior, não é mesmo?

Pois bem, é assim que procedem os nossos senadores, em relação aos suplentes por eles escolhidos, quando se afastam do exercício de suas funções.

Não discuto aqui o montante da remuneração percebida pelos membros do Congresso Nacional, embora esse montante não seja desprezível. Além dos subsídios mensais propriamente ditos – quinze por ano –, há toda uma série de vantagens adicionais. Por exemplo: o “auxílio-paletó” no início de cada sessão legislativa (no valor de um subsídio mensal); a verba que cada parlamentar pode gastar como bem entender no seu Estado de origem; as passagens aéreas gratuitas para o seu Estado; sem falar nas múlti-plas mordomias do cargo, como moradia amplamente equipada, carro oficial e motorista etc. Segundo o noticiado na imprensa, esse total da auto-remuneração pessoal dos membros do Congresso Nacional eleva-se, hoje, à cifra (modesta, segundo eles) de R$114 mil por mês.

Ora, tendo em vista o estafante trabalho que cada deputado federal e senador realiza – eles trabalham, em média, três dias por semana –, resolveu o Congresso Nacional, por um Decreto Legislativo datado de 19 de de-zembro último, elevar o montante do subsídio-base, para a próxima legislatura, em 62% (por extenso, para confirmar a correção dos algarismos: sessenta e dois por cento).

Ao mesmo tempo, consternados com o fato de perceberem remuneração superior à do presidente e vice-presidente da República, bem como à dos ministros de Estado, os parlamentares decidiram, pelo mesmo Decreto Legislativo, a equiparação geral de subsídios.
Acontece que o subsídio dos deputados federais serve de base para a fixação do subsídio dos deputados estaduais e dos vereadores, em todo o país. Como se vê, a generosidade dos membros do Congresso Nacional, com dinheiro do povo, não se limita a eles próprios.

Agora, perguntará o (indignado, espero) leitor destas linhas: – Como pôr fim a essa torpeza?

Pelo modo mais simples e direto: transformando o falso mandato político em mandato autêntico. Ou seja, instituindo entre nós um verdadeiro regime democrático, em substituição ao fraudulento que aí está. Se o povo é realmente soberano, se ele elege representantes políticos para que eles atuem, não em proveito próprio, mas em prol do bem comum do povo, en-tão é preciso inverter a relação política: ao em vez de se submeter aos mandatários que ele próprio elegeu, o povo passa a exercer controle sobre eles.

Alguns exemplos. O povo adquire o poder de manifestar livremente a sua vontade em referendos e plebiscitos, sem precisar da autorização do Congresso Nacional para tanto, como dispõe fraudulentamente a Constitui-ção (art. 49, inciso xv). O povo adquire o poder de destituir pelo voto aqueles que elegeu (recall), como acontece em várias unidades federadas dos Estados Unidos.

Nesse sentido, é de uma evidência palmar que a fixação do subsídio e seus acréscimos, de todos os que foram eleitos pelo voto popular, deve ser referendada pelo povo.

Para tanto, o autor destas linhas elaborou um anteprojeto de lei, apresentado pelo Conselho Federal da OAB à Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados em 2009, instituindo o referendo obriga-tório do decreto de fixação de subsídios, quer dos parlamentares, quer dos membros da cúpula do Executivo. Sabem qual foi a decisão da Comissão? Ela rejeitou o anteprojeto por unanimidade.

Confirmou-se assim, mais uma vez, o único elemento absolutamente constante em toda a nossa história política: o povo brasileiro é o grande ausente. A nossa democracia (“um lamentável mal-entendido”, como disse Sérgio Buarque de Holanda) é realmente original: logramos a proeza de fazê-la funcionar sem povo.

A verdade por trás das gripes suína e aviária

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Pronunciamento do presidente Lula (23/12)

O legado do Cara

Por Raul Longo


Desde Spartacus (109 – 71 a.C.) muitas lideranças populares fizeram por merecer honras, comendas e elogios. Homens e mulheres. Mas poucos, talvez nenhum, foi tão distinguido quando o torneiro mecânico Lula da Silva.

 


Realidade bastante difícil de ser assimilada pelos 4% da população que se mantêm insatisfeita. Insatisfeita mais com a pessoa do que com o desempenho de Lula na Presidência. Desse desempenho pouco ou nada sabem, mas, impossibilitados de superar preconceitos e condicionamentos, jamais haverão de considerar dados e fatos que consagram Lula perante o mundo.

Por mais que a situação individual de um desses acompanhe a melhoria de condições de vida de todos os brasileiros, em meio a uma crise financeira mundial, continuarão se sentindo fracassados por serem salvos por alguém de uma classe ou cultura que prejulgam inferior.

Incapazes de avaliar as razões que geraram a violência social que indistintamente vitima a todos os brasileiros, mesmo os que não tenham sofrido algum atentado, mas ainda assim tomados de temor cotidiano por um sequestro, assalto, bala perdida, estupro ou coisa pior infligida a si ou a um amigo e familiar; não dimensionam quão incontroláveis esses comportamentos sem os programas sociais, a melhoria salarial ou o crescimento de ofertas de emprego, consequências do desempenho do governo Lula.

Mas a insignificância proporcional dessa parcela da população serve apenas para destacar o resultado inédito na política mundial, em avaliação aferida ao final de um segundo mandato de governo. Desempenho inferior após uma reeleição é sempre esperado, mas no Brasil se inverteu essa tradicional relação e Lula termina seu governo inutilizando um coeso esforço de todos os organismos de mídia de seu país que, desde quando liderou reivindicações de reposições salariais em 1977, fomentou o medo e utilizou de preconceitos para desacreditar sua personalidade e caráter.

Evidente que depois de 3 décadas destratando e tentando imputar a Lula pechas de ignorante, incapaz, néscio, despreparado, estúpido, corrupto, ladrão, demagogo, aliado de tiranos, chefe de celerados e até estuprador; os profissionais de mídia do Brasil: colunistas, apresentadores de programas de TV e emissoras de rádio, cômicos, articulistas, cronistas, comentaristas, analistas econômicos e políticos dos principais veículos de comunicação, não podem fazer eco aos seus colegas dos Estados Unidos e Europa, ainda que neles tenham se pautado por toda a carreira. Filhos da imprensa estrangeira, agora se veem vexados a esconder as informações de seus mentores.

Tem sido uma árdua tarefa o tentar esconder a repercussão internacional do desempenho de Lula, até porque nenhum brasileiro jamais foi tão exaltado pela comunidade das nações e, sem dúvida, muito constrangedor reconhecer que o homem que com tantas certezas profetizaram como o maior desastre político do país, tenha se tornado uma das personalidades mundiais de maior destaque nos tradicionais veículos de comunicação do planeta.

Claro que se tenta omitir, mas brasileiros e estrangeiros que muito viajam a negócios ou mesmo a passeio, constantemente relatam sobre a estampa de Lula nas livrarias, bancas de jornal e revistarias dos aeroportos ou ruas de Paris, Nova Iorque, Istambul, Buenos Aires, Tóquio, Cairo, Sidney, Toronto, Johanesburgo, Berlim ou qualquer cidade do mundo. Alguns chegam a mencionar que os closes de Lula se sucedem entre fotos impressas e imagens de telenoticiários, muitas vezes com mais insistência do que a da Rainha da Inglaterra ou do Presidente dos Estados Unidos.

Enquanto isso os editores dos principais veículos de comunicação do Brasil, buscando justificar o que antes afirmavam, pescam uma denúncia aqui outra ali entre informações disponibilizadas pela própria transparência do governo que atropela especulações garantindo acesso e conhecimento de seus atos e gastos pelos monitores de computadores domésticos.

Dessa forma o melancólico resultado obtido pelos detratores do governo Lula se reduz ao que há muito se evidencia pela queda de índices de audiência e circulação, apesar de outrora terem produzido um dos maiores fenômenos de marketing político da história da democracia: o mito Collor de Melo.

Também responsáveis pela manutenção por 2 décadas do mais impopular dos regimes que se impôs ao país: o da ditadura militar, ajudaram a eleger todos seus incompetentes sucessores, mas há 3 eleições se veem sucessivamente derrotados por um operário que além de nordestino e emigrante, ainda elegeu para sua sucessão uma mulher. A primeira mulher a presidir o país de uma sociedade secularmente formada ao racismo, elitismo e machismo!

Será esse o grande legado dos 8 anos de governo Lula aos brasileiros? Liberar o povo do condicionamento, da inconsciência política, dos preconceitos induzidos por suas elites?
Promover a ascensão de uma mulher à presidência? Desmentir e ridicularizar os engodos da mídia?
Talvez haja quem entenda assim, mas perceptivelmente Lula é mais reconhecido por ter iniciado o processo de distribuição de renda e desconcentração de riquezas, reduzindo pela metade a miserabilidade que destacava o Brasil como uma das nações mais injustas da Terra.

Outros exaltam o efetivo combate à corrupção incrustada na cultura política e no trato com o patrimônio público e que, ao longo do mesmo período do antecessor, se marcou pela inércia de menos de 30 operações da Polícia Federal além da impunidade pelo arquivamento de 6 centenas de processos contra aquele governo.

Sob a presidência de Lula se levou a efeito mais de mil operações policiais federais e foram penalizadas autoridades antes consideradas incólumes e blindadas por seus próprios cargos e relações. Mais de 15 mil presos entre juízes, policiais e políticos, inclusive alguns do próprio partido do Presidente e agentes da própria Polícia Federal.

Há também os que consideram que apesar de tanto por ainda fazer, a grande herança deixada por Lula é o início dos grandes investimentos na infraestrutura abandonada há muitas décadas. Ou no planejamento do país para um desenvolvimento sustentável e racionalmente distribuído a todos os setores sociais e regiões geográficas.

A maioria reconhece em Lula um grande Presidente por ter resgatado o Brasil da pior e mais vergonhosa situação econômica já ocupada em sua história, elevando o país à situação de exemplo de superação da crise financeira internacional.

Realmente é algo que impressiona quando lembrado que no governo anterior o país se manteve estagnado e de progressivo apenas o desemprego e o empobrecimento da maioria dos brasileiros, além da deterioração de seus potenciais entregues aos interesses de especuladores estrangeiros.

Mas há os que veem na inclusão social o principal legado destes últimos anos ao futuro da nação que já começa a ser notada em publicações científicas internacionais. No acréscimo ao ensino universitário de jovens que antes não teriam perspectivas de futuro algum, se preconiza uma nova participação do Brasil em setores nunca abordados pelo país e se têm no investimento em educação o grande legado do operário semianalfabeto.

São mesmo vertiginosos os números registrados em todos os itens do setor. Alimentação escolar, por exemplo: enquanto em 2009 o governo Lula já investira 1 bilhão de reais, nos 8 anos do anterior não se investiu muito mais da metade disso. Afora as 14 universidades construídas, como nunca no mesmo espaço de tempo, e sequer uma única universidade pública na década anterior.

E, assim por diante, em cada um dos 77% de ótimo ou bom e 18% de regular, se encontrará justificações diversas para a opinião pública: seja pela sensível redução dos impactos ambientais, seja pelo igualmente expressivo aumento da produção industrial ou de poder de consumo entre todas as classes. Pelo permanente avanço empregatício em níveis recordes a cada mês, pela superação da crise financeira mundial, os bilhões de dólares em superávit contra o déficit do governo anterior, entre muitos outros legados apontados como principal herança do governo Lula.

Mesmo em setores e pontos ainda críticos se apontam inquestionáveis avanços, como no aumento de investimento em saúde pública de 155 milhões para 1,5 bilhões, ou na queda dos juros de 25% para 16%, se encontra motivos de confiança no Brasil que Dilma Rousseff herdou de Lula da Silva, conferindo à Presidente eleita, ainda antes do início de seu mandato, uma aprovação que a indicaria como vitoriosa já no primeiro turno se a eleição fosse hoje.

Se assim é no Brasil, nos demais países do mundo os 4% que aqui consideram o governo Lula ruim ou péssimo são ainda mais insignificantes. Tanto entre nações e grupos de orientação socialista quanto entre os principais representantes do capitalismo, como ocorreu com o Conselho de Davos que depositou em Lula suas esperanças para o conturbado cenário econômico, reconhecendo-o como Estadista Global.
Será este, então, o grande legado do nordestino emigrante, operário e semianalfabeto?

Apesar de tão achincalhado, ofendido, destratado, caluniado e aviltado pela imprensa de seu próprio país, os mais tradicionais e destacados veículos de imprensa dos Estados Unidos, da Inglaterra, da França, da Espanha, da Itália, da Alemanha e de diversos outros países dos demais continentes, creditam à Lula expectativas sem precedentes.

De Winston Churchil e Roosevelt se esperou a derrota bélica do nazi-fascismo. De Mahatma Gandhi a resistência e libertação do povo da Índia ao jugo do Império Britânico. De John Kennedy a contenção do belicismo estadunidense. De Gorbachev o fim do totalitarismo soviético. De Nelson Mandela a erradicação do apartheid sul-africano. Mas o que o mundo espera do torneiro mecânico Luís Ignácio Lula da Silva?

Sem dúvida os editores do El País, Le Monde ou Times; o Presidente da ONU ou do Fórum Econômico Mundial; os reitores e diretores das instituições acadêmicas e fundações voltadas à promoção do desenvolvimento da civilização, terão muito mais consciência do que esperam de Lula, do que têm os 4% de brasileiros pelos motivos que os exasperam em Lula. Mas os especialistas internacionais realmente distinguem o que terá elevado um migrante do nordeste de um país marcado por tão profundos preconceitos sócio/raciais, à inconteste liderança mundial?

Não se trata apenas do tão decantado carisma a que muitos atribuem todo o sucesso de Lula, às vezes até para justificá-lo apesar de nordestino, emigrante, operário, etc. e tal. Para superar tão sistemática e intensa mobilização diária de páginas e minutos dos mais poderosos meios de condicionamento de massas e pressões da elite econômica, por mais de 3 décadas, é preciso muito mais do que carisma. Muito mais do que apenas ser competente no exercício do cargo, muito mais do que somente promover justiça social e dirimir desigualdades.

Será que o mundo tem real noção do que tornou Luís Ignácio da Silva a personalidade mundial mais surpreendente e admirável desta primeira década do século XXI? Do por que um operário semianalfabeto e de ideais socialistas entrou para história como o primeiro Estadista Global por reconhecimento da mais representativa instituição do capitalismo?

Talvez a maior pista sobre o real motivo de tantos elogios publicados e proferidos por entidades e organismos internacionais, tantas comendas e honrarias jamais antes concedidas a brasileiro algum, esteja no mais prosaico comentário já proferido sobre Lula, quando Barack Obama usou a linguagem das ruas, do cidadão comum, para indicar ao seu colega australiano o significado do Presidente brasileiro para o mundo.
Sem disfarçar uma ponta de inveja, o da Oceania se referiu ao que aqui se afirma como inéditos índices de popularidade ao final de um segundo mandato, mas ainda que confirme Lula como O Cara em seu próprio país, essa popularidade justificará o reconhecimento do chefe de uma nação onde seus governantes sempre primaram pela ostentação de poder e supremacia sobre o hemisfério sul?

O que faz de Lula O Cara de Obama e das ruas da Alemanha, da Argentina, Inglaterra ou de países do Oriente e da África onde a população o saúda como a um astro do cinema ou do rock, conforme as matérias que reportam essas visitas na imprensa exterior ao Brasil.

Na evolução democrática qualquer cara pode se tornar presidente de algum lugar. Até um negro pôde se tornar o Presidente de um dos países mais racistas do mundo! Até uma mulher pôde se tornar a Presidente eleita em uma sociedade patriarcal e machista como a brasileira! Mas um presidente ser entendido e assumido como O Cara por seu povo, pela humanidade e até pelos dirigentes de nações às quais seus antecessores sempre foram servis e subservientes, é algo bem mais raro!

Lula não é O Cara porque Obama disse que é O Cara. Não é O Cara porque pagou a dívida externa e mantêm superávit historicamente recorde depois de receber um déficit igualmente recordista. Não é O Cara porque conquistou respeito para um dos países mais desmoralizado do mundo. Ou porque expandiu fornecimento de luz e energia aos sertanejos nem por ter obtido ao Brasil a confiabilidade da FIFA ou do Comitê Olímpico internacional.

Com tudo isso, futuramente Lula seria lembrado como um bom presidente e, sem qualquer exagero, como o melhor presidente da história da república brasileira. Mas, se mesmo sem o perceber Obama foi extremamente exato no elogio, a principal razão de Lula ser O Cara provavelmente somente será totalmente compreendida ao longo de mais algum tempo. Nem tanto tempo, pois a necessidade de se repensar as estruturas de Poder já é uma realidade muito presente nas mais diversas nações de um mundo em busca de novos caminhos que resolvam o impasse criado por ineficientes sistemas de dominação e exploração econômica que acabaram se comprovando inviabilizadores da progressão e manutenção da civilização humana.

Pouco provável que o próprio Obama tenha noção do que tenha justificado seu elogio. Apesar de primeiro negro a dirigir os Estado Unidos, também foi criado numa das mais verticais sociedades do mundo ocidental e ainda levará algum tempo para que possa localizar o real motivo de sua admiração a um ex-líder sindical.
Fosse bobo ou ingênuo Obama não teria vencido sequer a renhida disputa pela indicação de seu partido, com ninguém menos do que a esposa de um dos mais populares ex-presidentes norte-americanos. Portanto, ainda que sem ideia das razões que motivaram seu elogio, teve perfeita consciência da repercussão mundial de sua declaração no momento de aparente descontração e de como beneficiaria a si e ao país com tal declaração.

Mas o dia em que Obama, Angela Merkel, Luís Zapatero, Sarkozy ou qualquer outro político do mundo prestar mais atenção nos atos e nas declarações de Luís Ignácio Lula da Silva como Presidente do Brasil, também poderá se tornar O Cara em seu país, mesmo em final de segundo mandato de governo.
Arrisco a oferecer uma dica, pedindo para que se atente a uma das tantas frases ironizadas pelos tão “inteligentes” e “argutos” críticos brasileiros às atitudes e falas do Presidente, pois encontrarão o verdadeiro grande legado de Lula na afirmação: “Não faço o que faço porque quero. Faço o que a sociedade me diz que tem de ser feito”.

Com esta frase o nordestino e operário emigrante, semianalfabeto, mostrou que a estrutura e a cultura do Poder estão mudando no Brasil, para que o país alcance uma situação inimaginável ainda ao final do século XX.

Desde antes Machiavel, o Poder já era entendido como algo que só se mantêm através de uma estrutura vertical. A democracia, tal qual se a conhece no mundo, é estabelecida através de uma estrutura vertical gerida por classes dominantes. O comunismo tal qual se o experimentou, foi estabelecido através de uma verticalidade estatal.

Lula não inventou o Poder horizontal. Através desse planejamento e modelo algumas nações, notadamente no norte da Europa, vêm obtendo notáveis evoluções em seus índices humanos, o que sem dúvida vem influindo na conduta de muitos dirigentes da União Europeia. O que se destaca na experiência brasileira são a perspicácia e o engenho do governo Lula em implantar tal mudança entre uma elite tão avessa a qualquer evolução e tão retrograda em sua compreensão social, aliada a exorbitantes poderes obtidos por uma legislação falha, através de concessões corruptas e acobertada pela leniência de um suspeito e elitista sistema judiciário.

O paulatino desmonte dessa estrutura arcaica vem se iniciando pela queda de seu principal sustentáculo. Ao desmascarar a mídia como real veículo de desconstrução do senso democrático e da liberdade individual e coletiva dos cidadãos, o governo Lula possibilita um início, ainda bastante tímido, de uma formação de opiniões realmente livres de condicionamentos a interesses alheios aos dos consumidores de informações. 

Mas é sobretudo na insustentabilidade de argumentos que justifiquem o autoritarismo de estruturas verticais que se comprovaram exemplarmente ineficazes, que a sociedade brasileira vem se descobrindo melhor saber o que tem de ser feito, do que aqueles que a governaram pela imposição das armas ou pela prepotência de pretensos conhecimentos que só levaram o país à dependência externa, à falência da civilidade e a redução das condições humanas.

Sem nenhum saudosismo a grande maioria da sociedade brasileira reafirmou em Dilma Rousseff sua confiança e reconhecimento na mudança do autoritarismo vertical para a proposição do modelo horizontal de Poder. No entanto, mesmo entre os partidários do governo Lula há os que ainda não se aperceberam de que mais proveitoso moldar do que tentar quebrar 500 anos de tão rígida estrutura. E que se o governo se propõem a dispor de alguns cargos para inevitáveis e necessárias negociações políticas, é porque agentes governamentais cada vez mais se limitam ao papel de gestores dos anseios sociais, e não de dirigentes como aos que a sociedade brasileira foi submetida por toda sua história.

Evidente que os políticos de oposição estão ainda mais confusos e constantemente seus discursos caem no vazio do ridículo ou do extemporâneo. Mas com 4% do eleitorado não garantirão nenhuma sobrevivência política. Ou se apressam a reavaliar propostas e posturas ou, por própria estultícia, desaparecerão do cenário como ocorrerá no Congresso de 2011.

Já os senhores do mundo, os dirigentes das grandes nações, os detentores dos grandes capitais, os responsáveis pela estabilidade e manutenção das centenárias e milenares sociedades de Grécia e Espanha, Irlanda e China, Japão e Inglaterra, Portugal, Estados Unidos ou qual país seja, que aproveitem o aprendizado transmitido por Dona Lindu no esforço de manter a família unida a despeito de todas as adversidades. Aprendam com Dona Lindu ou não haverá civilização que sobreviva ao que vem por aí em aquecimento climático, explosão demográfica, cataclismos, surtos epidêmicos, terrorismo, hordas urbanas, contaminações em massa, etc.

É aí que o legado do O Cara poderá evitar desastres como os que se abatiam sobre o Brasil até o início desta década. Mas para compreender em profundidade esse legado de Dona Lindu, será mesmo preciso mais algum tempo. Afinal, as coisas muito simples por vezes são as mais complexas para quem foi educado no tempo em que se complicava tudo para justificar a verticalidade autoritária do Poder.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Brazil`s rising star, 60 minutes

Esse é o Brasil de Lula ..

Temos que acessar a mídia estrangeira para sabermos o que se passa no nosso país!

A mídia nativa definitivamente censura todas as boas notícias.. do contrário, Dilma se elegeria com 80%

Ver o Brasil rising .. é algo surreal .. coisa que nunca veríamos nos tempos dos tucanos FHSerra ..

A propósito, a Folha de SP teve o desplante de dizer que a diminuição da desigualdade teve início na ditabranda .. ops.. digo, regime militar .. incrível !!

O vídeo não ficou bem embebed, mas o link é esse logo abaixo:

http://www.cbsnews.com/video/watch/?id=7143554n

Wikileaks: com ajuda de José Serra [e de 44 milhões de brasileiros], americanos de olho no Pré-sal

 

Petrolíferas estrangeiras temiam atraso na produção. Petrobras buscou adiar leilões da ANP

Telegramas sobre perspectivas de negócios no pré-sal, enviados ao governo americano por funcionários do Consulado dos EUA no Brasil, entre 2008 e 2009, revelam "uma aparente" estratégia da Petrobras de adiar os leilões da Agência Nacional do Petróleo (ANP) para assegurar a dianteira em futuras licitações de blocos do pré-sal e o receio de empresários americanos com eventuais atrasos na produção petrolífera dos novos campos. Segundo os executivos, isso poderia levar o governo a obrigá-los a vender sua produção à Petrobras para garantir a segurança energética do país. Os documentos, obtidos pelo GLOBO, mostram ainda que as descobertas de grandes reservas nessa região trariam ganhos políticos para a então provável candidata do governo à presidência, Dilma Rousseff.

"Se Dilma Rousseff de fato concorrer para a presidência em 2010, é possível que esses desenvolvimentos de (campos) de petróleo e gás, combinados com os projetos de infraestrutura planejados em larga escala pelo governo, estimulem sua candidatura", disse a então cônsul-geral dos EUA no Brasil, Elizabeth Lee Martinez, em documento escrito após a revelação, pelo diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, de que a área de Carioca, no pré-sal da Bacia de Santos, tinha mais de 33 bilhões de barris de petróleo. A afirmação, feita em abril de 2008, causou desconforto entre executivos da Petrobras e na própria ANP na época, pois as estimativas não haviam sido certificadas.

No mesmo telegrama, a cônsul afirma que "aparentemente, a estratégia de Gabrielli (José Sergio Gabrielli, presidente da Petrobras) é de protelar os leilões (da ANP) por alguns anos, de modo que a Petrobras possa estar mais bem posicionada financeiramente e, assim, oferecer lances mais competitivos pelos primeiros blocos (do pré-sal a serem licitados)". Logo após o anúncio da descoberta de Tupi, a primeira área do pré-sal a ter estimativas de reservas (cinco a oito bilhões de barris) divulgadas, em novembro de 2007, o governo retirou 41 blocos localizados no pré-sal ou em seu entorno que seriam licitados naquele mês.
 

Dilma, que na época era Ministra de Minas e Energia e ocupava uma cadeira no Conselho de Administração da Petrobras, é apontada no telegrama como uma forte aliada da estatal em seu objetivo de desenvolver rapidamente a área de Tupi, num momento em que havia escassez de geólogos e equipamentos, o que estaria levando a Petrobras "a enfrentar sérios constrangimentos de recursos" para desenvolver Tupi. Daí a estratégia da estatal de adiamento dos leilões.

A cônsul justifica o apoio de Dilma à "visão do governo de que as novas descobertas no pré-sal são uma boa fonte de futuro capital político". Frisa também que o governo se preparava para lançar uma campanha publicitária de US$50 milhões para espalhar notícias sobre as descobertas, e que o aumento das reservas de petróleo brasileiras terá resultados positivos para a política regional, ao "impactar o papel da Venezuela na região".

Elizabeth Lee Martinez também ressalta em seus telegramas as preocupações de empresários americanos quanto ao futuro do pré-sal. "McCaslin (então presidente da Anadarko, Kurt McCaslin) está preocupado com a possibilidade de escassez de petróleo causada por atrasos na produção, que podem levar a uma instabilidade no governo e à consequente mudança na lei, requerendo que empresas estrangeiras vendam (petróleo) à Petrobras", em nome da segurança energética brasileira, diz um documento referente a encontro realizado no Rio, em 6 de junho de 2008, entre o ex-embaixador Clifford Sobel e executivos de cinco petrolíferas americanas. Além dele, participaram do evento representantes de Exxon Mobil, Chevron, Devon e Hess.

Os bastidores sobre a mudança no marco regulatório para o pré-sal também são alvo dos relatos. Em um dos telegramas, o cônsul-geral dos EUA, Dennis Hearne, que assumiu o posto em meados de 2009, diz que atores da indústria do petróleo "têm uma visão uniforme de que as reformas são politicagem pré-eleitoral da administração Lula". A maior preocupação das petrolíferas americanas, conforme outro documento escrito no fim de 2009, é com a possibilidade de a Petrobras ser a única operadora do pré-sal.

Esse receio é manifestado pela diretora de relações governamentais da Chevron no Brasil, Patrícia Pradal, que fala na condição de representante do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), que reúne empresas do setor. Ela diz que o assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, e o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Franklin Martins, estão por trás da estratégia do governo e expressa respeito por eles, salienta Hearne. "Eles são profissionais e nós, amadores", diz Patrícia, segundo o relato.

A executiva afirma ainda que a criação da Petrosal - nova estatal que vai fiscalizar a atividade das companhias no pré-sal - teve motivação política. "O PMDB precisa ter sua própria empresa", afirma, segundo o telegrama. Patrícia também se ressente de que o então candidato da oposição, José Serra, não tenha expressado "um senso de urgência para a questão". O cônsul confirma a percepção da executiva ao escrever que fontes do Congresso disseram que Serra recomendara ao PSDB e outros partidos da oposição que fizessem emendas aos projetos, mas não se opusessem a eles.

Diante desse cenário, a estratégia das petrolíferas para barrar a aprovação do novo marco do pré-sal seria fazer lobby no Senado por meio do IBP e de outras entidades como Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip) e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Embora, na sua avaliação, Hearn tenha escrito que a mudança na Lei do Petróleo pode afetar o interesse das companhias americanas, em diversos outros telegramas as empresas reafirmam sua intenção de permanecer no Brasil, mesmo com a alteração nas regras.

Nos telegramas, é claro o entusiasmo dos americanos com o pré-sal, chamado pela ex-cônsul Elizabeth Lee Martinez de "nova excitante descoberta" e "oportunidade de ouro" para as empresas americanas oferecerem tecnologia para a exploração. 
Helena S.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Choque e espanto! WikiLeaks revela verdade inconveniente sobre "aquecimento global"




cold.jpgO "aquecimento global" — que atualmente está congelando a Europa com temperaturas tão quentes quanto os - 33ºC na Polônia, um novo recorde — é uma invenção, até certo ponto genial, de poderosos grupos de interesse cuja intenção é tomar a riqueza das pessoas produtivas e transferi-la para seus próprios bolsos, tudo em nome de se estar salvando o planeta da total destruição causada pelo CO2 — o mesmo gás que mantém as plantas vivas. 

 
Os maiores proponentes da farsa aquecimentista são grandes empresas, institutos de pesquisa e ONGs, todas de olho no butim que os governos repassariam alegremente a elas, após tributarem todo o setor produtivo.  É claro que os próprios governos também abiscoitariam parte dessa pilhagem para eles próprios, pois burocratas também precisam comer.  Impor várias formas de restrições e controles, um sonho de todo governo, também é um dos objetivos por trás da agenda do aquecimento global. 

Políticos adoram propagandear o mito do aquecimento global como veículo para sua exaltação pessoal.  Já as burocracias supranacionais, como a ONU, encontram no aquecimento global um maravilhoso veículo para a sua própria expansão. 

Sempre denunciamos esse esquema e, por causa disso, leitores sempre nos atacaram, dizendo que estamos apenas querendo ser polêmicos e posar de radicais.

Pois um recente vazamento do WikiLeaks mostra que é exatamente assim mesmo que a coisa funciona.

Em 2009, o WikiLeaks já havia espalhado gostosamente dejetos no ventilador, vazando os dados do climategate.  Agora, descobriu-se que o governo americano, sob o comando de seu mundialmente ungido presidente, utilizou espiões, mentiu e subornou, tudo para promover a falácia do aquecimento global.  O objetivo de tudo isso? Ora, o de sempre: obter mais poder e riqueza para os estados e seus aliados, tudo à custa de terceiros.

A reportagem — do jornal esquerdista The Guardian — tem trechos bastante interessantes.  De acordo com os dados vazados pelo WikiLeaks, os países que se recusavam a obedecer à agenda aquecimentista ditada pelos EUA eram chantageados.  O país criou uma secreta e ofensiva diplomacia global para esmagar qualquer oposição ao controverso "acordo de Copenhague".  Foram prometidos vários bilhões de dólares para os países subdesenvolvidos que aceitassem obedecer às ordens climáticas.  Consequentemente, países pobres passaram a utilizar essa promessa de ajuda financeira como forma de barganhar apoio político.

Truques contábeis, desconfiança e promessas quebradas tornaram-se essenciais para se vencer qualquer negociação.

Como a própria reportagem do jornal progressista admite, "negociar tratados climáticos é um jogo que envolve altos riscos", pois "fazer uma reengenharia da economia global, de modo a adaptá-la a um modelo de baixo carbono, fará com que bilhões de dólares sejam redirecionados."

A China e a Índia, que estão mais interessadas em enriquecer a ver suas economias amarradas por causa de uma ameaça inexistente, obviamente não deram a mínima pelota para patacoadas como o Protocolo de Kyoto.  Para os países mais pobres, incapazes de causar qualquer aquecimento, foi prometida uma ajuda de US$ 30 bilhões em troca de medidas que irão amarrar suas economias.  O primeiro-ministro das Maldivas rapidamente se entusiasmou e ligou para Hillary Clinton, dizendo que apoiava resolutamente qualquer coisa. 

As ilhas do Pacífico também ficaram entusiasmadíssimas com a promessa desse butim, e entraram na fila com o chapéu na mão.  De acordo com Connie Hedegaard, comissária da União Européia para ações climáticas (sim, existe isso), tais países "podem ser nossos melhores aliados, considerando-se suas necessidades financeiras".

As negociações com a Etiópia foram mais diretas: "Assine agora ou não tem mais conversa!".  Ao primeiro-ministro etíope, Meles Zenawi, só restou choramingar e implorar alguma garantia de que Barack Obama irá cumprir o acordo e mandar uns trocados para ele.

Traduzindo: políticos comprometem o futuro da economia de seus países — e, consequentemente, o bem-estar de sua população — por um punhado de dólares (chamados de "assistência climática").
O Brasil aparece na lista dos países "poderosos" e "de economia crescente" "contra os quais os EUA estão determinados a buscar aliados". 

A Arábia Saudita, por sua vez, deixou claro que está estudando formas de "exigir algo mais esperto" e que não lhe imponha vinculações obrigatórias.  O objetivo é apenas dar a entender que está cooperando.  Tudo para ganhar o dinheiro prometido aos países que cooperassem.

Ou seja, os documentos vazados pelo WikiLeaks comprovam aquilo que sempre dissemos: o "aquecimento global" nada mais é do que uma criação política que visa a uma redistribuição de renda e uma subsequente concentração de poder, com a implantação final de um governo único que fará o planejamento centralizado de toda a economia do planeta.  Governos de países ricos utilizam o dinheiro de impostos de seus cidadãos para subornar políticos de países emergentes a adotarem medidas que irão amarrar suas economias e reduzir o padrão de vida de sua população.  Tais medidas serão em benefícios de grandes empresas, ONGs, institutos de pesquisa e grupos de interesse, os quais passarão a ditar regras e a receber vastas quantias de dinheiro em troca de "soluções mais verdes" para a economia mundial.

No final, há a criação de uma burocracia supranacional, que passará a comandar a economia global e a ditar os costumes dos cidadãos de todo o mundo.  Aquilo que parecia delírios de fanáticos conspiracionistas já se encontra em prática avançada.

Sempre que você ouvir um político pontificando sobre aquecimento global, pense nessa classe parasitária e em inúmeros lobistas enchendo as burras de dinheiro oriundo de impostos, e tudo à custa do padrão de vida dos países mais pobres.

Trata-se de uma verdade inconveniente para os crentes genuínos dessa escatalogia do aquecimento final.  Vida longa a Julian Assange.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

CartaCapital estreia blog sobre o WikiLeaks

Telegrama mostra que Hillary Clinton pediu dados sobre "jeito de atuar e relações com superiores" de líderes brasileiros. Foto: AFP

A partir desta quarta-feira 8, a jornalista Natalia Viana traz todas as informações sobre os documentos secretos americanos que vazaram na rede. Convidada pelo WikiLeaks para coordenar com a imprensa nacional a publicação dos documentos referentes ao Brasil e escrever reportagens independentes para o site da organização, Natalia alimenta o novo blog de CartaCapital.

Visite, divulgue e marque entre seus favoritos: http://cartacapitalwikileaks.wordpress.com

Entrevista de Julian Assange (Wikileaks)

O cara tá revolucionando o mundo a partir do princípio da liberdade de expressão ..

A liberdade de expressão é a prática e o exercício do direito à informação ..

Internet livre sempre !!





Chupado do Diário Gauche

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Vê o site da Mastercard fora do ar .. Não tem preço


Do R7


08.12.2010/Reuters 
 
08.12.2010/Reuters
 
Site da Mastercard está sob ataque, mas empresa diz que usuários dos cartões não tiveram suas transações afetadas

Hackers assumiram nesta quarta-feira (8) a autoria de ataques contra os sites da Mastercard e do banco suíço Postfinance, numa aparente represália contra o movimento para sufocar financeiramente o fundador do site WikiLeaks, Julian Assange.

O WikiLeaks provocou a ira de governos no mundo inteiro ao divulgar milhares de documentos confidenciais de embaixadas americanas, fornecendo detalhes constrangedores dos bastidores da relação entre os países.
Depois que o site começou a pedir doações on-line para continuar suas atividades, as operadoras de cartão de crédito Mastercard e Visa anunciaram a suspensão dos pagamentos feitos ao WikiLeaks.

Um grupo de hackers que se apresenta como Anon_Operation disse ter derrubado o site da Mastercard. O grupo alega estar lutando pela "liberdade na internet" e contra a censura, e afirma que o site mastercard.com é seu "atual alvo".

Em um comunicado, a empresa afirma que “a Mastercard está experimentando um intenso tráfego em seu site corporativo”. E diz que “nós estamos trabalhando para restaurar a velocidade normal do serviço”.

O R7 tentou entrar no site da Mastercard, sem sucesso, por volta das 13h20 desta quarta-feira.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Visa e Mastercard impedem doações para o Wikileaks, mas não para a Ku-Klux-Klan

O Império contra-ataca !!

Os reacionários se unem ..
Vamos retirar nosso dinheiro dos bancos!!

É o sistema financeiro contra nós ..

Só tem um detalhe: nós somos o dono do dinheiro!!

E quem tem o dinheiro, tem o poder ..

E o duopólio das bandeiras de cartão continua ..

Leia abaixo o post copiado do Estado Anarquista.






Ajudar o mundo a ser mais transparente? 10 dólares. Ver Mastercard (e Visa) se afundarem na própria hipocrisia? Não tem preço...

O Público.PT nos informa que a Visa e a Master Card não mais aceitarão doação de recursos à Wikileaks, conforme é possível ler abaixo. Mas o Stanley Burbuirinho nos informa que estas ciosas organizações mercantis continuam aceitando doações para a Ku-Klux-Klan, AQUI. Se você estiver sem paciência de procurar o segundo informezinho sublinhado em amarelo no canto direito, contando de cima para baixo, clique direto aqui e pague, com seu Visa e Master Card, o seu panfleto racista.

Se você for muito curioso e quiser perguntar por que ambos os cartões podem ser utilizados para financiar os assassinos racistas da Ku-Klux-Klan e não pode ser usado para financiar uma organização que dá transparência à ações golpistas de governos proto-fascistas, pergunte AQUI para a Mastercard e AQUI para a Visa.

Para ambas fiz a seguinte pergunta: “Gostaria de saber, em meu nome e de meus leitores, por que não é possível usar cartões Visa/Mastercard para fazer doações para a Wikileaks e é possível fazê-lo para a Klu-Kux-Kan: http://www.kkk.bz/hello.htm . É esta a política da empresa?” . Vamos ver o que respondem.
Abaixo, a matéria do Público.PT (prefira-o sempre aos jornalões brasileiros):

Tanto os cartões de crédito como de débito das duas empresas vão deixar de poder ser utilizados pela organização, que, para concretizar as operações, pede o envio de donativos na sua página de Internet.

À estação britânica BBC, a porta-voz da Visa disse que a empresa vai abrir uma investigação para determinar se os negócios da WikiLeaks contradizem as regras de utilização da Visa para realizar operações bancárias.

Isto significa que os pagamentos não vão ser suspensos imediatamente, explicou, já que o processo pode demorar algum tempo – que a porta-voz não especificou.

Da mesma forma, a Mastercard disse em comunicado estar a avaliar a hipótese de suspender o uso de cartões Mastercard pela WikiLeaks antes de a situação [a investigação] estar resolvida”.

Entretanto, o site, que agora se encontra alojado no endereço wikileaks.ch, publicou um comentário na sua contra de twitter fazendo um novo apelo a mais donativos: “Tornem-nos mais fortes”.

Nos últimos dias, a WikiLeaks viu várias empresas a cancelarem serviços utilizados pela organização.
A norte-americana PayPal suspendeu a realização de transferências à WikiLeaks há dias. Uma subsidiária da Amazon comunicou ao site de Julian Assange que teria de procurar outro servidor para alojar os seus dados.

E já depois disso, uma filial bancária do serviço postal na Suíça, a Postfinance, encerrou uma conta aberta por Assange para recolha de fundos de defesa, alegando que o australiano prestou informações falsas sobre a sua morada.

(com dicas do Stanley Burburinho)

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Lula .. o cajado e outras coisas

 


O PMDB e os outros aliados podem brigar entre si e contra Dilma, mas Lula é o fiador, quando chega .. bate o cajado .. segundo um vizinho meu ehehehe

Boas notícias .. o Brasil só vai ter mais véi do que novo lá pra depois de 2021 ou 2031.. e já que é assim, vamos pedir pro Helder Moura, "a preço de hoje", como vão ser as eleições de 2022 kkk

A Fifa já divulgou as Copas da Rússsia 2018 e do Catar 2022 ..

Tem razão quem reclamou daquela estrutura no Largo da Gameleira (arte plástica ?? parecem as pedras da Ilha de Páscoa contruída pela Vertical, mas poderia ser qualquer outra contrutora daqui ou de fora ..

Se brincar, é para tirar o Bahamas ..

A vista do mar ali é um convite pra mergulhar .. de carro e tudo.. kkk

Outra boa notícia: o Brasil é eleito o líder da america Latina .. 19% contra 9% dos USA e contra 9% da Venezuela, novamente .. peraí, que assim tá ficando chato .. pode ter certeza !!

Próximas leituras: depois de Governo João Goulart, Moniz, terminar 1808, Laurentino, ir pra 1968, Zuenir, depois .. Che de novo não rsss

Sonhe o impossível !!!

Veja o Miguel Nicolelis .. dê uma googada.. assista a "aula da inquietação", esse é um brasileiro de luxol.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Ciência brasileira é tema da principal matéria da prestigiosa Science

por Conceição Lemes

Ter trabalho mencionado ou publicado na Science é o sonho de todo cientista. Pudera. Publicada pela Associação Americana pelo Avanço da Ciência (www.aaas.org), é a mais prestigiosa revista de ciência do mundo, ao lado da Nature , inglesa.

A triagem é rigorosíssima. Os critérios para publicação, científicos, mesmo.

Imaginem ser o tema de uma reportagem de seis páginas. É o supra-sumo.

Pois a edição 331 da Science, que começou a circular nessa tarde, dedica seis páginas à ciência brasileira. É a principal reportagem da edição. Nessa magnitude, é a primeira vez que isso acontece na publicação que já teve como um dos seus editores o Thomas Edison (1847-1931), criador da lâmpada elétrica, do fonógrafo e do projetor de cinema, entre outras invenções.

A reportagem começa e termina por Natal (RN). Mais precisamente no município Macaíba, que sedia o Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lilly Safra, mais conhecido como Centro do Cérebro, implantado pelos neurocientistas Miguel Nicolelis e Sidarta Ribeiro.

A reportagem destaca também, entre outras,  as pesquisas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Petrobras e da Amazônia. Sinceramente emocionante. Uma demonstração clara de que:

1) Lá fora, estão de olho no que se faz aqui.

2) É preciso mudar o modo de gestão científica no Brasil.

3)  A Universidade de São Paulo, apesar de ter grande produção científica, está perdendo espaço. Nenhuma pesquisa da USP foi destacada. Sinal de alerta de que há algo errado.

4) O que o Brasil está fazendo em termos de ciência tem sentido.

5) A visão do  Centro de Natal de que ciência é  agente de transformação social convenceu até os gringos, apesar de ela ainda sofrer resistência e bombardeio de setores da academia brasileira.

A propósito, todos os aspectos da  Ciência Tropical estão no artigo da Science. Sinal de que ela é o futuro.
Confira você mesmo. Segue a íntegra da tradução do artigo da Science, exceto os quadros.

 

Ciência brasileira: de vento em popa

Uma economia vigorosa e descobertas de petróleo estão impulsionando a pesquisa no Brasil a novas alturas. Mas as lideranças científicas precisam superar um sistema educacional fraco e um histórico de pouco impacto


NATAL – De pé, braços abertos, Miguel Nicolelis aponta para uma escavação retangular na terra seca nos arredores da cidade litorânea brasileira de Natal. “É aí que vai ficar o supercomputador”, diz ele. E indicando uma área ainda coberta de mato, acrescenta: “ali é o complexo esportivo”.



Nicolelis é o cientista mais conhecido do Brasil. Neurobiologista da Universidade Duke, em Durham, Carolina do Norte, ele tornou-se famoso depois de experiências espetaculares que usam sinais emitidos por cérebros de macacos para fazerem robôs andarem. Mas quando apresentou, em 2003, seus planos de criação de um instituto de neurociência em uma região atrasada do Nordeste do país, poucos acreditaram que poderia dar certo (Science, 20 de fevereiro de 2004, p. 1131).

A ideia era combinar ciência de ponta com uma missão social: desenvolver uma das regiões mais pobres do Brasil. Nicolelis, que atualmente passa parte do ano no país, mostra-se ansioso para oferecer ao visitante uma “prova categórica” do sucesso. Ele pôs a mão na massa e construiu duas escolas de ciência para crianças mais uma clínica de atendimento materno, e recrutou 11 neurocientistas PhD para dirigir laboratórios numa sede improvisada. Dentro de alguns meses, diz ele, US$ 25 milhões de recursos  federais brasileiros vão começar a escoar para seus terrenos arenosos, criando um vasto complexo de neurociência que Nicolelis chama de seu “Campus do Cérebro”.

“No Brasil, precisamos da ciência para construir um país”, diz Nicolelis, um entusiasmado nacionalista cujas paixões incluem usar um boné verde do clube de futebol Palmeiras e entornar jarras de suco de maracujá amarelo. “Este lugar vai criar a próxima geração de líderes brasileiros.”

Alguns continuam a achar excêntrica a ideia de Nicolelis. Mas o momento não poderia lhe ser mais propício. Nos últimos 8 anos, o maior país da América Latina começou a viver uma grande expansão. Sua economia está crescendo de maneira acelerada e ele se tornou um ator nos assuntos mundiais, festejando um surto sem precedente de autoconfiança. O país vai receber a Copa do Mundo de Futebol de  2014 e os Jogos Olímpicos dois anos depois.

Os bons tempos estão beneficiando a ciência, também. Entre 1997 e 2007, o número de papers brasileiros em publicações indexadas, avaliadas por pares mais que dobrou, para 19.000 por ano. O Brasil figura hoje em 13º em publicações, segundo a Thomson Reuters, tendo ultrapassado Holanda, Israel e Suíça. Universidades brasileiras formaram duas vezes mais doutores este ano do que em 2001, e milhares de novos empregos acadêmicos foram abertos em 134 novos campi federais.

Trata-se de uma inversão da sorte para um país que durante os anos 1990 teve de enfrentar problemas econômicos terríveis. Naquela época, os pesquisadores mendigavam fundos; o Brasil chegou a ter sua bandeira retirada do logotipo da Estação Espacial Internacional depois de não conseguir financiamento para construir seis componentes. “Nós estávamos pensando cada vez menor”, diz Sérgio Rezende, ministro da Ciência e Tecnologia nos últimos cinco anos. “Se não conseguíamos resolver pequenos problemas, como poderíamos resolver os grandes? Agora estamos em condição de pensar grande novamente.”

O combustível que impele a ciência no Brasil é um imposto de P&D sobre grandes indústrias; ele aumentou o orçamento do ministério de Rezende de US$ 600 milhões, há uma década, para US$ 4 bilhões. A companhia de petróleo nacional, a Petrobrás, é a maior contribuinte. O Brasil reiniciou seu programa de pesquisas nucleares em 2008, após 20 anos de calmaria, e, em outubro, uma delegação viajou a Genebra para negociar uma associação com o CERN. Com a economia brasileira crescendo a uma taxa de 7%, neste ano, o país pode se dar ao luxo de pagar US$ 14 milhões por ano para isso.

Cientistas daqui dizem que seus argumentos em prol de mais educação, inovação e tecnologia foram ouvidos na capital, Brasília, e esperam que os orçamentos continuem crescendo sob o comando da presidente eleita Dilma Rousseff, a primeira mulher a ocupar esse posto no país. Segundo autoridades da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), até 2020 o Brasil deve dobrar ou triplicar a produção de alunos, de papers e os investimentos e se tornar uma força “formidável” em ciência. Autoridades federais querem ver o Brasil entre os 10 principais países produtores de ciência do mundo.

Mas o Brasil ainda não é formidável. Como o instituto de Nicolelis ­– onde a construção está com um atraso de anos no cronograma – a produção científica brasileira segue atrás de suas ambições. O país produz poucos papers de alto impacto e apenas um filete de patentes. Seu sistema de educação pública primária e secundária está em frangalhos, deixando o país de 195 milhões de habitantes cronicamente carente de trabalhadores técnicos.

“Precisamos ser lúcidos e não cair num discurso de vitória”, ressalva Sidarta Ribeiro, um neurocientista formado na Rockfeller University em Nova York e cofundador do instituto do cérebro de Nicolelis. “Em termos de impacto, somos marginais. O discurso externo para o mundo deveria ser que estamos interessados em ciência e estamos progredindo. O discurso interno deveria ser, ´Vamos melhorar. Vamos focar no mérito`.”

Tempos de expansão

O Brasil está claramente se destacando na América Latina, como mostram os indicadores. O país responde hoje por mais de 60% de todos os gastos em pesquisa na América Latina, e os cientistas brasileiros escrevem metade dos papers. A burocracia científica do Brasil é influente, também, contando com um ministério próprio desde 1985. Esse é um passo que a Argentina só deu há três anos e que a vizinha Bolívia está discutindo atualmente. “O Brasil é o único exemplo na América Latina em que 1% do PIB vai para P&D e o ministro da Ciência e Tecnologia é um físico que ainda publica. Assim, o Brasil é o farol”, diz Juan Asenjo, presidente da Academia Chilena de Ciências.

A globalização dos mercados também está operando em favor do Brasil. Como em outros países latino-americanos, a base de pesquisa do Brasil é pesadamente orientada para agricultura, ecologia e doenças infecciosas – ele é o primeiro do mundo em publicações relacionadas a açúcar, café e suco de laranja. A indústria pecuária brasileira produz 33% dos embriões bovinos do mundo. Pesquisa outrora secundária, hoje ela está crescentemente bem situada para abordar preocupações globais com produção de alimentos, mudanças climáticas e conservação.

Nicolelis diz que vê uma “maneira tropical emergente de fazer ciência” movida pela pesquisa em energia renovável, agricultura, água e genética vegetal e animal. “Essas são as questões definidoras do planeta, e, acreditem ou não, os players estão bem aqui”, diz Nicolelis.

A pesquisa biológica é uma área de crescimento acelerado. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, empresa estatal de pesquisa agrícola conhecida como Embrapa, pretende contratar 700 novos pesquisadores neste ano. A Embrapa é considerada uma das unidades de pesquisa agrícola de primeira linha do mundo e seu orçamento de US$ 1 bilhão é hoje do mesmo porte do orçamento do Agricultural Research Service do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. “Nunca vi tantos recursos para a ciência como nos últimos cinco anos”, diz Maria de Fátima Grossi de Sá, uma geneticista de plantas que recebeu recentemente US$ 1,5 milhão para desenvolver uma planta de algodão transgênica.

De Sá trabalha na estação de pesquisa da Embrapa em Brasília, que também está concluindo testes de uma soja resistente a herbicidas que será a primeira planta geneticamente modificada projetada por cientistas brasileiros a chegar ao mercado. A demanda por cientistas PhD está tão elevada que De Sá diz que é difícil encontrar alguns para assumirem cargos de pós-doc. “Nós passamos muito rapidamente da dificuldade de colocar PhDs a ter verbas sem receptores.”

A Embrapa está finalizando a construção de um centro de agroenergia de quatro andares e custo de US$ 15 milhões que empregará 100 pesquisadores no campus de Brasília. Um objetivo é transformar os 22 milhões de hectares de soja do Brasil em produtos mais valiosos como o biodiesel.

“Nós captamos energia solar e a transformamos em outras formas de energia. Achamos que podemos mudar muito rapidamente da agricultura voltada à produção de alimentos para a agricultura destinada à energia. Podemos ser um player”, diz Frederico Ozanan Machado Durães, diretor geral da nova unidade. Para ele, incontáveis carregamentos de soja que embarcam para a Ásia a cada dia de portos brasileiros poderiam energizar indústrias domésticas de lipoquímica e plásticos que produzem “produtos com valor agregado”.

O projeto representa uma importante virada do pensamento brasileiro: a saber, que a ciência pode transformar a economia do país, atualmente dominada por commodities como soja, carne bovina, cana de açúcar, minério de ferro e petróleo. “O novo Brasil será uma economia de conhecimento natural”, diz Gilberto Câmara, diretor da agência espacial do Brasil.

Com mais dinheiro e uma missão de ciência verde emergente, pesquisadores brasileiros dizem que serão levados mais a sério. A maioria dos cientistas seniores das Embrapa foi formada nos estados Unidos, como o Diretor-Executivo José Geraldo Eugênio de França, que em 1987 foi para a Texas A&M University para estudar genética do sorgo, França diz que notou uma mudança durante uma missão a Washington, D.C., em novembro passado, quando se encontrou com o consultor americano de ciências John Holdren e outras autoridades. “Pela primeira vez na história, tivemos um reconhecimento de que alguma coisa está mudando no Brasil. Eles não nos perguntaram quantos pós-doc precisávamos enviar, ou onde nós precisávamos de ajuda, mas onde poderíamos trabalhar juntos”, diz França.

Dinheiro privado 

O objetivo mais importante neste momento, reconhece Rezende, “é que a ciência faça diferença na produtividade da indústria. Eu teria de dizer que esse é nosso grande desafio”. Outros objetivos são aumentar o número de cientistas, investir em áreas estratégicas, e resolver problemas sociais chaves.

A desconexão entre ciência e negócios é quase total no Brasil, segundo pesquisadores. Nos Estados Unidos, cerca de 80% do pessoal de pesquisa trabalha na indústria, segundo dados da OCDE, enquanto no Brasil essa cifra fica em torno de 25%. O Brasil quase não produz patentes – apenas 103 patentes americanas foram emitidas para inventores no Brasil em 2009 – e companhias brasileiras gastaram metade do que as européias gastam em P&D. Quando elas gastam, é mais na importação de tecnologia que em seu desenvolvimento.

Pesquisadores dizem que os 20 anos de ditadura no Brasil, findos em 1984, foram em parte responsáveis pelo atraso. As universidades se tornaram redutos da oposição política e círculos de leitura marxista, nos quais as patentes eram vistas como opressão. “Nós nos isolamos das grandes indústrias, que apoiavam os militares. Elas não podiam entrar na universidade. A universidade se tornou fechada, hermética, e agora precisamos mudar isso”, diz Maria Bernardete Cordeiro da Sousa, pró-reitora de pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

As autoridades vêm tentando vencer o atraso na inovação. Em 2004 e 2005, o Brasil aprovou leis que concedem benefícios fiscais à P&D para empresas e começou a permitir que o Ministério da Ciência e Tecnologia conceda verbas a empresas, e mesmo pague salários de pesquisadores nas empresas industriais. Em agosto, o ministério anunciou um grande projeto de P&D industrial, oferecendo US$ 294 milhões em verbas para apoiar projetos de inovação dentro de companhias em “áreas estratégicas” como carros elétricos, marca-passos e culturas agrícolas geneticamente modificadas.

Ainda é cedo para dizer que os incentivos do governo estão funcionando. Somente um pequeno número de empresas se candidatou às isenções fiscais. Mas a inovação de risco no estilo americano, antes considerada estranha, está sendo vista cada vez mais em termos favoráveis. Capitalistas de risco começaram a se instalar no Brasil, e em 2010, tanto a IBM como a General Electric anunciaram planos de criar centros de pesquisa no país.

“Nos falta uma cultura de inovação e empreendedorismo. Há um  longo caminho a percorrer para mudar isso”, diz Luiz Mello, um médico que no ano passado foi designado pela segunda maior empresa do Brasil, a mineradora de minério de ferro Vale S.A, para gastar US$ 180 milhões estabelecendo três novos institutos de ciências corporativos. Mello diz que foi contratado depois de abordar o CEO da Vale, Roger Agnelli, para levantar dinheiro para um programa de engenharia. “A coisa se transformou numa reunião para ele dizer o que queria. E ele queria o MIT [Instituto de Tecnologia de Massachusetts] da Vale”, recorda Mello. “Eu estava sendo convidado pra chefiar algo que seria um novo Bell Labs ou Xerox PARC.”

Mello viajou recentemente ao vale do Silício para colher idéias. Embora o negócio da Vale seja de baixa tecnologia, a companhia de commodities, que despacha imensas quantidades de minério para a China e a Europa, quer gastar pesadamente em pesquisa em parte porque tem enfrentado uma forte escassez de mão de obra especializada, aumentando a pressão de ambientalistas, e a concorrência de companhias globais. Os três laboratórios da Vale operarão com biodiversidade, energia renovável e tecnologia de mineração. “Esse é o maior investimento espontâneo em P&D que eu conheço no Brasil”, diz Mello.

As novas leis também encorajam universidades brasileiras a depositar patentes e criar escritórios de transferência de tecnologia, o que muitas estão fazendo pela primeira vez. Na Universidade Federal de Minas Gerais, o número de pedidos de patentes atingiu 356, incluindo uma para uma vacina canina contra leishmaniose , que já chegou ao mercado. “Tudo isso está provocando ressonância no sistema”, diz Ado Jorio, o professor que coordena os esforços de patente da universidade. “Está havendo uma explosão de publicações, e isso também vai ocorrer em inovação.”

Partilhar a riqueza

A ciência brasileira sofre de um outro desequilíbrio, entre o sul afluente e as regiões setentrionais pobres, que as autoridades colocaram como prioridade tentar corrigir. A maior parte da ciência ainda ocorre em apenas três estados sulinos, com a Universidade de São Paulo sozinha respondendo por quase um quarto de todas as publicações científicas. “Um dos maiores problemas que enfrentamos é essa assimetria brasileira, a desigualdade das regiões”, diz Lucia Melo, diretora do Centro de Estudos Estratégicos e Gestão em Ciência, Tecnologia e Inovação, um think tank de política científica do governo em Brasília.

Para levar a ciência ao interior negligenciado do Brasil, o governo se embrenhou numa farra de construção de universidades e reservou 30% dos recursos de pesquisa para os estados pobres do norte e do centro-oeste. Por um programa de 2009, autoridades em Brasília disseram que dariam bolsas de estudo para todos os alunos de pós-graduação em regiões distantes, independentemente do mérito acadêmico. A ideia provém do Partido dos Trabalhadores, o partido governante no país, que fez da melhoria das condições nas áreas pobres uma prioridade. Um programa de bem-estar bastante expandido ajudou a tirar muitos milhões de brasileiros da pobreza. Isso também deu aos cientistas brasileiros espaço para respirar.

“Antes, nós tínhamos de enfrentar a questão, ´Por que vocês estão dando comida e leite para um macaco quando há crianças famintas na casa vizinha?`” diz Cordeiro de Sousa, que também faz pesquisas sobre primatas. Mas ela vê uma compensação: os pesquisadores sentem uma pressão crescente para dedicar tempo para solucionar problemas locais. Ele está analisando a criação de um instituto do sal para respaldar a indústria local de mineração de sal. “É preciso ter uma vocação, porque no futuro poderemos ser chamados a responder intensamente.”

Em nenhum outro lugar a carência de ciência brasileira é mais preocupante do que na Amazônia, a floresta tropical que cobre aproximadamente 49% do território brasileiro, mas abriga somente cerca de 3.000 pesquisadores doutores, dos quais pouquíssimos fazem ciência aplicada. “Imagine o que esse número absolutamente irrelevante representa para essa região imensa”, diz Odenildo Teixeira Sena, secretário de Ciência e Tecnologia do Estado do Amazonas. Embora seja maior que a França e a Espanha juntas, o Amazonas possui somente um arqueólogo PhD residente, e apesar de seu vasto sistema fluvial, nenhum engenheiro naval, diz Teixeira.

Uma força de trabalho cada vez mais científica na região poderia ajudar a encontrar alternativas para a agricultura baseada na derrubada e nas queimadas. Mas as ansiedades nacionais também figuram no cálculo. “A maioria das publicações sobre a Amazônia não tem um autor brasileiro. Isso nos preocupa”, diz Jorge Guimarães, o funcionário do Ministério da Educação que supervisiona a educação superior no Brasil. “Precisamos de mais brasileiros participando.”

O Brasil nunca se sentiu seguro de seu controle sobre a vasta região que a Espanha cedeu a Portugal pelo Tratado de Madri de 1750. Com a Amazônia, um foco de manobras internacionais sobre créditos de carbono, a dependência do Brasil da produção externa de conhecimento se tornou “uma questão muito delicada”, diz Adalberto Val, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia em Manaus. Durante uma conferência nacional de ciência e tecnologia em maio último, Val propôs uma “hegemonia informacional” brasileira sobre o bioma da floresta. “Existe uma questão de soberania nacional”, diz ele

Esses tons nacionalistas podem parecer hostis fora do Brasil, mas eles caem bem no país. O físico Luiz Davidovich, que presidiu a conferência de maio, diz que a comunidade científica brasileira precisa levantar “grandes bandeiras” para mobilizar o país. “´A Amazônia é nossa` é uma delas”, diz ele.

Mesmo alguns especialistas estrangeiros responderam ao apelo. Daniel Nepstad, um renomado ecologista americano especializado em florestas tropicais largou seu emprego em outubro no Woods Hole Research Center, em Massachusetts. para se tornar residente brasileiro e empregado em tempo integral do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, uma organização sem fins lucrativos que ele cofundou, baseada na cidade de Belém.

Daniel Nepstad trocou Massachusetts pelo Instituto 

Pesquisa Ambiental da Amazônia

Nepstad diz que sua filiação americana “era interpretada no sentido de que eu seria menos comprometido com a agenda científica no Brasil”. A política florestal brasileira está evoluindo rapidamente e, diz Nepstad, “enquanto a ciência for liderada por pesquisadores do Hemisfério Norte, estamos perdendo a oportunidade de tornar informações realmente boas em decisões políticas.”

Fazendo acontecer

Apesar de suas ambições crescentes, o Brasil ainda precisa provar que pode fazer pesquisa básica de classe mundial. A contagem dos impactos de seus papers científicos é modesta, cerca de dois terços da média mundial, e caiu em algumas áreas. Nenhum brasileiro ganhou o Prêmio Nobel em ciência ou medicina, enquanto a rival regional, Argentina, tem três. Os cientistas culpam problemas estruturais nas universidades estatais do Brasil. Críticos dizem que eles desencorajam a competição, por exemplo, com mandatos automáticos após três anos no emprego e avaliações que premiam a publicação em língua portuguesa.

“A atitude durante muitos anos foi evitar a competição, manter a cabeça baixa, e escolher um tema marginal”, diz Ribeiro. Em vez de competir de igual para igual em tópicos quentes com grandes laboratórios do exterior, diz ele, os pesquisadores brasileiros às vezes têm se contentado em estudar questões locais. “O pensamento era, ´O tamanduá é nosso por isso não se preocupem com os gringos`.”

Os cientistas brasileiros que voltavam do exterior, atraídos por empregos e os recursos de empresas iniciantes, se queixam de que ainda há muitos obstáculos que tornam quase impossível produzir uma ciência de classe mundial. Após 11 anos nos Estados Unidos, a bióloga Luciana Relly Bertolini retornou ao Brasil em 2006 com seu marido, Marcelo, para começar um laboratório para clonar cabras transgênicas. Embora o esforço esteja financiado de maneira adequada, Bertolini diz que a pesada carga de ensino requerida de professores e a falta de pessoa treinada implica que “aqui se faz ciência por teimosia”.

Também são notórios os regulamentos de importação kafkianos do Brasil. Mesmo simples reagentes demoram meses para chegar, com amostras radioativas e biológicas muitas vezes em condições duvidosas. Bertolini diz que um equipamento de fusão celular que ela encomendou da Hungria ficou preso por quatro meses na alfândega. “Pode-se ter a melhor cabeça do mundo e não conseguir jamais a competitividade porque o governo trabalha contra nós”, diz Bertolini. “Quando começamos a pensar nisso, queremos voltar.”

Alguns dizem que as perspectivas continuarão sombrias até esses problemas ser resolvidos. “Não tenho conhecimento de nenhuma ciência extraordinária no Brasil”, diz Andrew J. G. Simpson, diretor científico do Ludwig Institute for Cancer Research na cidade de Nova York.

Cidadão naturalizado brasileiro, Simpson viveu em São Paulo por sete anos e coordenou um dos triunfos memoráveis do Brasil, o seqüenciamento do patógeno de planta Xylella fastidiosa, que foi parar na capa da revista Nature em 2000. Mas quando Simpson retornou este ano para uma celebração de 10 anos do feito, ele notou que, pelo menos no campo da genômica, “não houve mais nenhum paper de grande impacto. Não houve um processo ascendente. Foi uma situação anormal.”

Autoridades brasileiras se concentraram antes em resolver outro problema: a insegurança nos recursos para pesquisa. Em 2008, em sua maior rodada de financiamento da pesquisa básica em todos os tempos, o Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil ofereceu US$ 350 milhões em três anos para financiar 122 institutos nacionais para enfrentarem temas que  variam  da computação quântica e células-tronco a modernização da estação de pesquisa na Antártica.

“Eles viram que precisávamos de programas de longo prazo com estabilidade”, diz Davidovich, que divide a direção do programa de computação quântica. Outros cientistas manifestam dúvidas privadamente sobre institutos com nomes grandiosos, notando que na verdade eles são redes virtuais com uma média de 20 pesquisadores universitários cada e dinheiro espalhado demais para se conseguir muita coisa. Em papers de posicionamento, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência disse que o Brasil precisa se concentrar na criação de mais empregos de pesquisa pura fora do sistema universitário. Ela quer um novo instituto com grande staff para estudar os oceanos, e outro para a Amazônia, moldados na agência de estudos agrícolas Embrapa ­– neste caso com financiamento condizente com a visão grandiosa.

Na cidade de Natal, o instituto de neurociência de Nicolelis, atualmente abrigado num hotel convertido, ainda precisa produzir uma ruptura brasileira. Mas ele está cada vez mais bem posicionado para isso. Possui laboratórios razoavelmente equipados, uma instalação para primatas, e uma multidão contratada de jovens professores com currículos promissores, incluindo dois recrutados do Max Planck Center, na Alemanha. Em agosto, a École Polytechnique Fédérale de Lausanne na Suíça doou um supercomputador IBM Blue Gene/L, que Nicolelis diz será o mais rápido da América do Sul.

Ribeiro, o brasileiro que retornou de um pós-doc na Rockefeller para ser o diretor científico do instituto, diz que o ano de ciência que ele esperava perder enquanto organizava o centro se estendeu para três, na medida em que teve que lidar com as autoridades alfandegárias e com um grande número de alunos mal formados. “Agora, eu finalmente estou começando a enfrentar avaliadores de novo, em vez de burocratas, o que é um sinal de que o plano funcionou”, diz Ribeiro, cujo trabalho inclui experimentos para observar o efeito do sono e do sonho na retenção da capacidade motora e perceptiva.

A rua de terra na frente de seu prédio que leva para uma favela próxima, o faz lembrar uma fotografia que viu do Founder`s Hall da Rockefeller depois que ela foi construída em 1906 e ainda estava cercada por campos lamacentos e carruagens puxadas por cavalos: “Eles não começaram com o melhor lugar para fazer ciência tampouco.”

Antonio Regalado