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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Repórter não é Polícia; Imprensa não é Justiça


Ao voltar de Barretos (ver post anterior), o meu correio eletrônico já estava entupido de mensagens de amigos e leitores comentando e me pedindo para comentar a reportagem da revista "Veja" sobre as "atividades clandestinas" do ex-ministro José Dirceu, um dos denunciados no processo do "mensalão", que tramita no Supremo Tribunal Federal e ainda não tem data para ser julgado.


Só agora, no começo da tarde de segunda-feira, consegui ler a matéria. Em resumo, como está escrito na capa, sob o título "O Poderoso Chefão", ao lado de uma foto em que Dirceu aparece de óculos escuros e sorridente, a revista faz uma grave acusação:

"O ex-ministro José Dirceu mantém um "gabinete" num hotel de Brasília, onde despacha com graúdos da República e conspira contra o governo da presidente Dilma".

Para justificar a capa, a revista publica dez reproduções de um vídeo em que, além de Dirceu, aparecem ministros, parlamentares e um presidente de estatal entrando ou saindo do "bunker instalado na área vip de um hotel cinco-estrelas de Brasília, num andar onde o acesso é restrito a hóspedes e pessoas autorizadas".

Nas oito páginas da "reportagem"  _ na verdade, um editorial da primeira à última linha, com mais adjetivos do que substantivos _ não há uma única informação de terceiros que não seja guardada pelo anonimato do "off" ou declaração dos "acusados" de visitar o bunker de Dirceu confirmando a tese da "Veja".

Fiel a uma prática cada vez mais disseminada na grande mídia imprensa, a tese da conspiração de Dirceu contra o Governo Dilma vem antes da apuração, que é feita geralmente para confirmar a manchete, ainda que os fatos narrados não a comprovem.

Para dar conta da encomenda, o repórter se hospedeu num apartamento no mesmo andar do ex-ministro. Alegando ter perdido a chave do seu apartamento, pediu à camareira que abrisse o quarto de Dirceu e acabou sendo por ela denunciado à segurança do hotel Naoum Plaza, que registrou um boletim de ocorrência no 5º Distrito Policial de Brasília, por tentativa de invasão de domicílio.

Li e reli a matéria duas vezes e não encontrei nenhuma referência à origem das imagens publicadas como "prova do crime", o primeiro dos mistérios suscitados pela publicação da matéria. O leitor pode imaginar que as cenas foram captadas pelas câmeras de segurança do hotel, mas neste caso surgem outras perguntas:

* Se o próprio hotel denunciou o repórter à polícia, segundo "O Globo" de domingo, quem foi que lhe teria cedido estas imagens sem autorização da direção do Naoum?

* Se foi o próprio repórter quem instalou as câmeras, isto não é um crime que lembra os métodos empregados pela Gestapo e pelo império midiático dos Murdoch?

* As andanças pelo hotel deste repórter, que se hospedou com o nome e telefone celular verdadeiros, saiu sem fazer check-out e voltou dando outro nome, para supostamente entregar ao ex-ministro documentos da prefeitura de Varginha, são procedimentos habituais do chamado "jornalismo investigativo"?

As dúvidas se tornam ainda mais intrigantes quando se lê o que vai escrito na página 75 da revista:

"Foram 45 horas de reuniões que sacramentaram a derrocada de Antonio Palocci e durante as quais foi articulada uma frustrada tentativa do grupo do ex-ministro de ocupar os espaços que se abririam com a demissão. Articulação minuciosamente monitorada pelo Palácio do Planalto, que já havia captado sinais de uma conspiração de Dirceu e de seu grupo para influir nos acontecimentos que ocorriam naquela semana (6,7 e 8 de junho, segundo as legendas das fotos) _ acontecimentos que, descobre-se agora, contavam com a participação de pessoas do próprio governo".

A afirmações contidas neste trecho provocam outras perguntas.

* Como assim? Quem do governo estava conspirado contra quem do governo?

* Por acaso a revista insinua que foi o próprio governo quem capturou as imagens e as entregou ao repórter da "Veja"?

* Por que a reportagem/editoral só publica agora, no final de agosto, fatos ocorridos e imagens registradas no começo de junho, no momento em que o diretor de redação da revista está de férias?

Só uma coisa posso afirmar com certeza, depois de 47 anos de trabalho como jornalista: matéria de tal gravidade não é publicada sem o aval expresso dos donos da empresa ou dos acionistas majoritários. Não é coisa de repórter trapalhão ou editor descuidado.

Ao final da matéria, a revista admite que "o jornalista esteve mesmo no hotel, investigando, tentando descobrir que atração é essa que um homem acusado de chefiar uma quadrilha de vigaristas ainda exerce sobre tantas autoridades (...) E conseguiu. Mas a máfia não perdoa".

Conseguiu? Há controvérsias... No elenco de nomes apresentados pela revista como frequentadores do "aparelho clandestino" de Dirceu, no entanto, não encontrei nenhum personagem que seja publicamente conhecido como inimigo do ex-ministro Antonio Palocci.

O texto todo foi construído a partir de ilações e suposições para confirmar a tese _ não de informações concretas sobre o que se discutiu nestes encontros e quais as consequências efetivas para a queda de Palocci.

Não tenho procuração para defender o ex-ministro José Dirceu, nem ele precisa disso. Escrevo para defender a minha profissão, tão aviltada ultimamente pela falta de ética de veículos e profissionais dedicados ao vale-tudo de verdadeiras gincanas para destruir reputações e enfraquecer as instituições democráticas.

É um bom momento para a sociedade brasileira debater o papel da nossa imprensa  _ uma imprensa que não admite qualquer limite ou regra, e se coloca acima das demais instituições para investigar, denunciar, acusar e julgar quem bem lhe convier.

Diante de qualquer questionamento sobre as responsabilidades de quem controla os meios de comunicação, logo surgem seus porta-vozes para denunciar ameaças à liberdade de imprensa.

Calma, pessoal. De vez em quando, convém lembrar que repórter não é Polícia e a Imprensa não é  Justiça, e também não deveria se considerar inimputável como as crianças e os índios. Vejam o que aconteceu com Murdoch, o ex-todo-poderoso imperador. Numa democracia, ninguém pode tudo.

Censura e autocensura

Até me surpreendeu a manchete de hoje da "Folha", tratando de um assunto pouco usual nos nossos grandes jornais:

"Banco infla calote para sonegar, afirma Receita _ Autuações chegam a quase R$ 200 milhões; instituições negam ilegalidade".

Ao ler a matéria toda, outra surpresa: em nenhum momento, nem na primeira página, nem no caderno Folhainvest, aparece o nome de qualquer banco. Contaram o milagre sem falar do santo (ou dos santos).
Dos 30 processos em curso na delegacia especializada em instituições financeiras de São Paulo, "pelo menos três poderão gerar processos criminais". Fiquei curioso em saber quais são os bancos investigados.

Como já escrevi neste espaço outras vezes, o que ameaça o futuro da nossa imprensa não é a censura do Estado, mas a autocensura nas empresas, que gera, entre outros males, o denuncismo seletivo.

domingo, 28 de agosto de 2011

Veja passou recibo do crime




Antes de publicar a edição dessa semana, a revista VEJA já tinha se complicado com a  denúncia de José Dirceu. Foi aberto boletim de ocorrência no 5º distrito policial de Brasília, que conta com o depoimento da camareira e do chefe de segurança do hotel. Na edição dessa semana, por burrice ou amadorismo, a revista produz prova robusta contra si mesma.


Com a denúncia de tentativa de invasão e falsidade ideológica pesava contra a revista apenas o fato do jornalista estar a seu serviço, o que poderia ser justificado com a alegação que o seu contratado agiu por conta própria, sem o aval da direção, mas ao usar as imagens obtidas pelo repórter, a VEJA assume cumplicidade e beneficiamento com os crimes conhecidos.

Na reportagem que fez com acusações contra José Dirceu, a VEJA afirma que “obteve” imagens de circulação do hotel, dando a entender que se tratava de imagens da câmera de segurança, só não admitiu que obteve imagens ilegalmente através de equipamento instalado pelo seu jornalista.

Vamos aos fatos: quando me deparei com as imagens, vi na hora que não se tratava de imagem de câmera de segurança interna, pois estas não apresentam data e horário, tem resolução baixa para câmeras normalmente usadas para esse fim e o posicionamento e foco que não privilegiam a tomada de todo o corredor, mas apenas de quem passava por ela.

A câmera que foi usada pelo repórter da Veja provavelmente é uma mini-câmera espiã wi-fi ( imagem abaixo) que pode ser instalada facilmente pois não precisa de fios ligando ao monitor que recebe as imagens. Ela tem uma fonte que pode ser facilmente instalada na fiação de um suporte de luz por algum funcionário da manutenção do hotel, regiamente pago para a função.

A câmera infravermelho acima ( à esquerda), por ter tamanho reduzido, é específica para espionagem e não possui leds IV, e diferente de câmeras usadas em segurança ( acima à direita) que tem uma quantidade desses leds para fornecer a iluminação que vai ser usada para captar as imagens, ela não “enxerga” no escuro como as câmeras comuns e precisam de alguma luz branca para captação de imagens.

Analisando as imagens da VEJA, percebe-se com facilidade se tratar de uma mini-câmera para espionagem. Câmeras de segurança, por ter fonte de luz IV própria, não são instaladas próximas à anteparos de iluminação, pois o reflexo da luz branca atrapalha. As imagens divulgadas pela VEJA identificam que a câmera usada para captá-las estava instalada junto ao anteparo de luz. Eles usam normalmente esse artifício para ocultar o equipamento, ter uma fonte de luz e energia para ligar a câmera. Perceba na imagem abaixo, os reflexos nas cabeças de José Dirceu e Fernando Pimentel que estão mais próximos a câmera, demonstrando que foi ocultada em um anteparo de luz.




As provas que a VEJA produziu contra si mesma agravaram a sua situação, agora além de tentativa de invasão de domicílio e falsidade ideológica, existe a confissão de invasão de privacidade, não só de José Dirceu e os políticos mostrados, mas de todos os hóspedes desse andar e dos funcionários do hotel.

Apesar da vergonhosa operação abafa ( Omertá tupiniquim) movida pelos principais veículos de comunicação, que demonstra um corporativismo criminoso ( se não for rabo preso por culpa no cartório), ainda restam aos atingidos, como o PT, acionar a Polícia Federal e o Procurador Geral da República por se tratar de um crime ainda mais grave quando atinge ministros de estado e põe em risco o estado democrático de direito.

Não sei quanto a vocês amigos, mas esse que vos escreve já está cheio desses abusos, é hora de dar um basta. A minha esperança se renova quando presencio manifestação do deputado Paulo Pimenta no twitter, que apesar de não ser do grupo do ex-ministro José Dirceu, exigiu do presidente José Eduardo Dutra, que o partido tome providências drásticas. Nem tudo está perdido, o deputado mostra que ainda restou algo da velha combatividade do PT.


A Veja e seus métodos Murdochianos

"Depois de abandonar todos os critérios jornalísticos, a revista Veja, por meio de um de seus repórteres, também abriu mão da legalidade e, numa prática criminosa, tentou invadir o apartamento no qual costumeiramente me hospedo em um hotel de Brasília."

 

Confira abaixo as imagens do B.O. em detalhes; para ler os documentos em pdf clique nas imagens:



Por José Dirceu

O ardil começou na tarde dessa quarta-feira (24), quando o jornalista Gustavo Nogueira Ribeiro, repórter da revista, se registrou na suíte 1607 do Hotel Nahoum, ao lado do quarto que tenho reservado. Alojado, sentiu-se à vontade para planejar seu próximo passo. Aproximou-se de uma camareira e, alegando estar hospedado no meu apartamento, simulou que havia perdido as chaves e pediu que a funcionária abrisse a porta.


O repórter não contava com a presteza da camareira, que não só resistiu às pressões como, imediatamente, informou à direção do hotel sobre a tentativa de invasão. Desmascarado, o infrator saiu às pressas do estabelecimento, sem fazer check out e dando calote na diária devida, ainda por cima. O hotel registrou a tentativa de violação de domicílio em boletim de ocorrência no 5º Distrito Policial.


A revista não parou por aí


O jornalista voltou à carga. Fez-se passar por assessor da Prefeitura de Varginha, insistindo em deixar no meu quarto “documentos relevantes”. Disse que se chamava Roberto, mas utilizou o mesmo número de celular que constava da ficha de entrada que preencheu com seu verdadeiro nome. O golpe não funcionou porque minha assessoria estranhou o contato e não recebeu os tais “documentos”.


Os procedimentos da Veja se assemelham a escândalo recentemente denunciado na Inglaterra. O tablóide News of the Word tinha como prática para apuração de notícias fazer escutas telefônicas ilegais. O jornal acabou fechado, seus proprietários respondem a processo, jornalistas foram demitidos e presos.


No meio da tarde da quinta-feira, depois de toda a movimentação criminosa do repórter Ribeiro para invadir meu apartamento, outro repórter da revista Veja entrou em contato com o argumento de estar apurando informações para uma reportagem sobre minhas atividades em Brasília.


Invasão de privacidade


O jornalista Daniel Pereira se achou no direito de invadir minha privacidade e meu direito de encontrar com quem quiser e, com a pauta pronta e manipulada, encaminhou perguntas por e-mail já em forma de respostas para praticar, mais uma vez, o antijornalismo e criar um factóide. Pereira fez três perguntas:


1 – Quando está em Brasília, o ex-ministro José Dirceu recebe agentes públicos – ministros, parlamentares, dirigentes de estatais – num hotel. Sobre o que conversam? Demandas empresariais? Votações no Congresso? Articulações políticas?

2 – Geralmente, de quem parte o convite para o encontro – do ex-ministro ou dos interlocutores?

3 – Com quais ministros do governo Dilma o ex-ministro José Dirceu conversou de forma reservada no hotel? Qual o assunto da conversa?


Preparação de uma farsa


Soube, por diversas fontes, que outras pessoas ligadas ao PT e ao governo foram procuradas e questionadas sobre suas relações comigo. Está evidente a preparação de uma farsa, incluindo recurso à ilegalidade, para novo ataque da revista contra minha honra e meus direitos.


Deixei o governo, não sou mais parlamentar. Sou cidadão brasileiro, militante político e dirigente partidário. Essas atribuições me concedem o dever e a legitimidade de receber companheiros e amigos, ocupem ou não cargos públicos, onde quer que seja, sem precisar dar satisfações à Veja acerca de minhas atividades. Essa revista notoriamente se transformou em um antro de práticas antidemocráticas, a serviço das forças conservadoras mais venais.


Confira abaixo as imagens do B.O. em detalhes; para ler os documentos em pdf clique nas imagens:





Fonte: Blog do Zé Dirceu

A Veja e o jornalismo podre e mentiroso

Por Conceição Lemes, no blog Viomundo:

Desde quarta-feira, 24 de agosto, quando Gustavo Nogueira Ribeiro, repórter da Veja, foi flagrado pela camareira, tentando invadir o apartamento de José Dirceu no Hotel Naoum, em Brasília, era previsível que mais uma “aula” de jornalismo esgoto estava a caminho. Não deu outra. Com capa e tudo.

Tirado do Blog do Miro

Com a manchete “José Dirceu mostra que ainda manda em Brasília”, Veja chegou este final de semana às bancas. Logo no olho diz: “Com ‘gabinete’ instalado em um hotel, ex-ministro recebe autoridades da República para, entre outras atividades, conspirar contra o governo Dilma”.

A matéria traz uma sequência de dez fotos, provavelmente extraídas da câmera de segurança, tiradas do andar em que fica o apartamento de José Dirceu. Numa delas, aparece o próprio. Nas demais, ministros, deputados, senadores que lá estiveram.

Entre eles, o deputado federal Devanir Ribeiro (PT-SP), que, aparentemente, está acompanhado de duas pessoas, cujos rostos foram disfarçados pela revista para não serem reconhecidos. Legenda da foto:

07/6/2011 – 20:22:42 – Duração: 25 minutos | Deputado Devanir Ribeiro, PT: “Faz muito tempo que eu não vejo o Zé Dirceu. Nem lembro quando foi a última vez” – Reprodução/Veja

No início da noite desse sábado, conversei com Devanir: “Eu não li ainda a matéria. Encontrei hoje o Vacarezza [deputado federal Cândido Vacarezza, líder do governo na Câmara] num debate, ele me falou. Eu não leio, não compro, não recomendo e não dou entrevista à Veja há vários anos”.

Pedi-lhe para abrir uma exceção, para comentar o que foi publicado. Topou. Como havíamos combinado, voltei a ligar no final da noite desse sábado. Devanir foi logo dizendo:

“Que matéria mais besta? Francamente não sei o que estão querendo com ela. Intrigar o Zé com a Dilma? Jogar a Dilma contra o Zé? Besteira! Dizer que o pessoal do PT frequenta o Naoum?! Vários parlamentares do PT que não têm apartamento funcional ficavam e ficam lá hospedados. Que o Zé faz política, qual a novidade?! É um direito dele. O Zé é um cidadão brasileiro, militante político e dirigente partidário. É um quadro importante do PT que fez parte das lutas democráticas do Brasil nas últimas décadas. É uma pessoa que eu respeito”.

Segundo a Veja, o senhor disse que faz tempo que não vê o José Dirceu e nem se lembrava de quando tinha sido a última vez que o tinha encontrado. Diz também que o senhor teria estado no apartamento do José Dirceu em 7 de junho. É isso mesmo que aconteceu?

Primeiro, gostaria repetir. Vários parlamentares do PT ficavam e ficam no Naoum. De modo que, de vez em quando, eu vou até lá, sim, para encontrar algum companheiro.

Segundo, eu fui ao Naoum aquele dia — não sei se em 7 de junho como afirma a Veja — para buscar alguns companheiros do Pará e levar para uma reunião que iria acontecer em seguida na minha casa. Ao chegar na portaria, liguei para um deles, que pediu para eu subir. O Zé atendeu, cumprimentei-o, ele estava atendendo umas ligações, conversamos um pouco e fomos embora.

Eu não tinha nenhuma audiência marcada com o Zé Dirceu. E se tivesse, assumiria. Qual o problema? Nenhum. Sou político, tenho de fazer política. O Zé, a mesma coisa.

E essa história de que o senhor não se lembrava de ter o encontrado o José Dirceu?

Veja bem. O Zé é dirigente partidário, logo a gente vive se cruzando em reuniões do PT, assim como com os demais companheiros do PT.

Como eu não havia solicitado audiência ao Zé Dirceu, eu, na hora, inicialmente, não me lembrei que tinha passado pelo Naoum, pra pegar o pessoal.

Então o que disse para o jornalista?

Tem uma coisa importante que eu quero esclarecer. Há alguns dias um repórter da Veja me ligou, querendo marcar um horário para conversar comigo. Eu disse NÃO. Disse o que já disse a você: que não lia, não assinava, não recomendava nem dava para a Veja em função do péssimo jornalismo que ela faz. Acrescentei ainda que estava processando a Veja.

O repórter disse: “Ah, mas eu sou novo!”.

Eu contrapus: “Você é novo, mas a revista é velha”.

A coisa morreu aí. Só que num outro dia outro repórter me ligou, perguntando se eu não achava estranho o Zé Dirceu receber um monte de gente em Brasília.Respondi que achava normal, já que o Zé conhece muita gente. Aí, ele me perguntou quando tinha sido a última vez que eu tinha encontrado o Zé. Inicialmente, respondi: “Eu não me lembro”. Mas, em seguida, falei: “Foi no Rio de Janeiro há uns 15 dias na reunião do diretório nacional do PT.

Mas o repórter não citou o Rio de Janeiro na legenda da foto…

Eu disse, mas ele colocou só o começo da minha fala.

Esse segundo repórter se identificou como da Veja?

Não! Se tivesse dito, não teria respondido nada.

O senhor lembra o nome dos dois repórteres que lhe telefonaram?

Não. Não, mesmo. Mas são jornalistas que eu nunca ouvi falar o nome.

O senhor está processando a Veja. Por quê?

Na época do dito “mensalão”, que nunca existiu, saiu publicado que uma funcionária minha, Maria Aparecida da Silva, tinha ido ao Banco Rural e sacado dinheiro.

Na época, o meu advogado pesquisando na internet percebeu que o número de dígitos da carteira de identidade da Maria Aparecida envolvida não batia com o que temos em São Paulo. Aí, descobriu que não tinha nada a ver com a minha secretária. Foi a minha sorte.

Aliás, no Brasil, o que não falta é Maria Aparecida da Silva (risos), concorda?
A Globo se retratou. A Veja, não. Eu resolvi processá-la, pois como diz o meu advogado: “Se você é acusado injustamente e fica quieto, é como se admitisse a culpa. Por isso tem de processar, mesmo. Se você não processar, vão dizer que você é culpado”. Então processei. Não desisto.

Não importa o tempo que demorar. Estou fazendo uma poupança para os meus netos. A Veja não se emenda. Não está preocupada com a verdade. Aliás, o jornalismo brasileiro está cada vez pior. Aonde vamos parar com esse jornalismo tão podre, tão mentiroso, tão malfeito?

domingo, 14 de agosto de 2011

NY Times: estrangeiros querem aproveitar crescimento do Brasil

Economia dos EUA se arrasta, mas o Brasil cresceu no maior ritmo das últimas duas décadas
O Conversa Afiada reproduz texto publicado no Viomundo, de Luiz Carlos Azenha:

NY Times: Gringos desembarcam para tirar proveito do boom brasileiro

Foreigners Follow Money to Booming Brazil, Land of $35 Martini


por SIMON ROMERO


Rio de Janeiro — Refletindo sobre as tempestades financeiras que se abatem sobre a Europa e os Estados Unidos, Seth Zalkin, um banqueiro norte-americano vestido casualmente, bebericou um cafezinho e parecia contente com sua decisão de se mudar para cá em março com a mulher e o filho.


“Se o resto do mundo está afundando, este é um bom lugar para viver”, disse o sr. Zalkin, 39.


Para aqueles que tem a menor lembrança da crise da dívida do Brasil nos anos 80, a ordem global foi colocada de ponta cabeça. A economia norte-americana está se arrastando, mas o Brasil cresceu no maior ritmo das últimas duas décadas no ano passado e o desemprego está em baixa histórica, parte da transformação da Nação de um caso clássico de modelo inflacionário em um dos maiores credores de Washington.


Com salários rivalizando com os de Wall Street, tantos banqueiros, gerentes de fundos de investimento, executivos do ramo de petróleo, advogados e engenheiros se mudaram para cá que os preços de espaço para escritórios ultrapassaram os de Nova York este ano, transformando o Rio de Janeiro na cidade mais cara para se alugar, de acordo com a empresa imobiliária Cushman & Wakefield.


Uma mentalidade de corrida do ouro surgiu, com as permissões de trabalho para estrangeiros aumentando 144% nos últimos cinco anos e os norte-americanos liderando a lista de profissionais educados disputando espaço.


Homens de negócio há muito se sentem atraídos pelo Brasil, junto com os confiantes em enriquecer rápido, sonhadores de grandeza amazônica e mesmo foras-da-lei como Ronald Biggs, o britânico que se escondeu aqui depois do grande assalto do trem pagador em 1963.


Mas agora as escolas que servem às famílias que falam inglês, norte-americanas e britânicas, tem longas listas de espera e apartamentos podem custar 10 mil dólares por mês nas partes mais desejadas do Rio, onde muitos recém-chegados tem diplomas de escolas da Ivy League ou experiência nos pilares da economia global.


Uma vez aqui, eles escontram um país que enfrenta um desafio muito diferente dos Estados Unidos e da Europa: temores de que a economia está muito acelerada.


Um choque em particular para os recém-chegados é a força da moeda brasileira, o real. Ela pode ajudar brasileiros que compram apartamentos em lugares como South Beach, em Miami, onde as propriedades custam cerca de um terço de suas equivalentes em bairros exclusivos do Rio. Mas o real também prejudica os fabricantes e exportadores do país.


Assim, em uma tentativa de evitar que o real suba ainda mais, o Brasil é agora um dos maiores compradores de papéis do Tesouro dos Estados Unidos, tornando-se um grande interessado na claudicante economia norte-americana. Este é um claro rompimento com o passado, quando Washington ajudava o Brasil a montar os pacotes de ajuda para enfrentar a crise brasileira.


“O Brasil está muito bem, mas honestamente, toda semana eu me pergunto, ‘quando isso vai acabar?’”, disse Mark Bures, 42, um executivo norte-americano que se mudou para cá em 1999, em tempo de ver uma abrupta desvalorização da moeda e outras mudanças bruscas na economia.


Alguns veteranos expatriados ainda se lembram do último “milagre” econômico do Brasil no início dos anos 70, quando o Wall Street Journal citou um banqueiro entusiasmado no início de uma reportagem de primeira página que previu, “em dez anos, o Brasil será um dos cinco grandes poderes do mundo”. Em vez disso, o país acabou carregado de níveis desafiadores de dívida externa.


O recente boom das commodities e o crescimento do consumo doméstico, resultado de uma classe média em expansão, ajudaram a tornar o Brasil um poder ascendente que saiu rapidamente da crise financeira global de 2008. A economia cresceu 7,5% no ano passado e se espera que registre cerca de 4% de crescimento este ano — mais devagar, mas ainda de dar inveja nos Estados Unidos.


Ainda assim o Brasil oferece muitos desafios aos recém-chegados. A legislação trabalhista favorece a contratação de brasileiros em relação a estrangeiros e o longo processo de obtenção de um visto de trabalho pode surpreender os não acostumados à gigantesca burocracia brasileira.


Alguns economistas consideram o real a moeda mais sobrevalorizada do mundo em relação ao dólar e a inflação tem aumentado (como evidenciam um Big Mac de 6,16 dólares e martinis de 35 dólares). As taxas de juros se mantém teimosamente altas e analistas debatem se uma bolha de crédito está se formando, no momento em que os consumidores continuam numa corrida para comprar de casas a automóveis.


O Brasil não é imune às turbulências dos mercados globais e sua moeda enfraqueceu um pouco este mês. O mercado imobiliário do Rio está fervendo no momento em que se aproximam a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, mas a infraestrutura é inadequada. O crime violento, embora em queda em algumas regiões, é uma praga em grandes partes do país e do Rio, que teve um traumático sequestro de ônibus este mês.


Ainda assim, os estrangeiros estão chegando e as autorizações de trabalho para eles saltaram mais de 30% apenas em 2010, de acordo com o Ministério do Trabalho.


“Eu tinha um português básico, mas deu para notar que este lugar estava bombando”, disse Michelle Noyes, 29, uma novaiorquina que organizou uma conferência sobre fundos de investimento em São Paulo. Pouco depois, ela pulou para um emprego em uma firma de gerenciamento de bens em São Paulo.


“Eu mudei da periferia do meu ramo para o centro”, a srta. Noyes disse, citando cinco outros norte-americanos, dois de Nova York e três de Chicago, que estão se mudando para o Brasil este mês para tentar a sorte.


Os norte-americanos formam o maior grupo dos que se mudam para cá, seguidos por contingentes de britânicos e outros europeus. Alguns vem temporariamente. Outros estão começando negócios, pequenos e grandes.


David Neeleman, o fundador norte-americano da JetBlue Airways, recentemente criou a Azul, uma empresa área brasileira de baixo custo. Corrado Caroli, um italiano que dirigia as operações latinoamericanas da Goldman Sachs, desde Nova York, agora tem seu próprio banco de investimento em São Paulo. Empresas dot.com brasileiras como a Baby.com.br, que vende fraldas, fundada por dois primos norte-americanos que tinham acabado de se formar em Wharton e Harvard, dão ao Brasil a sensação fervilhante que se parece com a dos Estados Unidos em 1999.


Outros estrangeiros arranjam empregos em companhias brasileiras que estão decolando parcialmente graças ao comércio do Brasil com a China.


“Nossos salários aqui no Brasil são pelo menos 50% maiores que os salários nos Estados Unidos para cargos estratégicos”, disse Jacques Sarfatti, gerente da Russell Reynolds, uma companhia que recruta executivos.


Os estrangeiros competem com brasileiros que retornam para casa vindos do exterior. “É óbvio que o mercado de trabalho está muito ruim em outros lugares”, disse Dara Chapman, 45, uma californiana que trabalha em um fundo de investimento no Rio, Polo Capital. Ela disse que estava recebendo tantos currículos de candidatos a vir dos Estados Unidos que eles pareciam em liquidação.


Os gigantes depósitos de petróleo descobertos no fundo do mar também atrairam investidores e estrangeiros, inclusive milhares de filipinos que trabalham em navios e nas plataformas de petróleo. Para suas outras indústrias, o Brasil precisa de 60 mil novos engenheiros, alguns dos quais precisam vir de fora, dadas as dificuldades do sistema educacional do país.


“Eu me mudei de Beijing um ano atrás e encontrei um potencial para desenvolvimento profissional incrível”, disse Cynthia Yuanxiu Zhang, 27, gerente chinesa de uma companhia de tecnologia. “Já estou planejando estender minha moradia aqui até bem adiante na década”.


Myrna Domit contributed reporting from São Paulo, Brazil.

Ministro da Agricultura responde aos imbecis que leem a Veja



NOTA À IMPRENSA 

Sábado, 13 de agosto de 2011

Na quinta-feira e sexta-feira, repórteres da revista Veja encaminharam perguntas, cobrando explicações sobre meu patrimônio pessoal, listando supostas irregularidades em empresas estatais em que fui diretor, como a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e a Companhia Docas de São Paulo (Codesp), além questionar uma licitação no Ministério da Agricultura.

Encaminhei as respostas que estão transcritas abaixo. Todas as perguntas enviadas a mim na quinta-feira foram respondidas em menos de 24 horas. Nada, porém, foi aproveitado por repórteres e editores. Agora, pela terceira semana consecutiva, sou obrigado a me explicar.
A informação de que eu teria pedido “propina” de R$ 2 milhões numa licitação, cujo contrato para a prestação de serviços era de R$ 2,9 milhões, fere a lógica e o bom-senso. Pior. É lançada sem qualquer prova ou indício de materialidade. Nem o valor da licitação, que foi anulada por erro de quem estaria fazendo as denúncias agora, é destacado pela revista. Os repórteres baseiam-se na declaração de um funcionário que perdeu a função pública por uma ilegalidade cometida e admitida por ele mesmo.

Mas a lógica não parece nortear os diretores de jornalismo da editora Abril.

Ouvir o outro lado, um princípio basilar do jornalismo, não existe para a revista Veja. Essa é mais uma campanha orquestrada com interesses políticos. Não querem apenas desconstruir minha credibilidade ou acabar com minha imagem, mas destruir a aliança política vitoriosa nas urnas em outubro do ano passado. As acusações são levianas.

Isso não é jornalismo. É assassinato de reputação.

Vou pedir à Justiça o direito de resposta.

Abaixo, a íntegra das minhas respostas encaminhadas à revista na sexta-feira:

1. Sobre evolução patrimonial e declaração de bens

1.1. Minha família desfruta de situação econômica confortável, fruto do trabalho de gerações, que constituíram um patrimônio considerável. Pessoalmente, trabalhei durante os últimos 50 anos em diferentes empregos e empreendimentos. Alem disso, todos os meus filhos e três de minhas noras são empresários e executivos de sucesso em diferentes áreas econômicas: agricultura e pecuária, mercado imobiliário, comunicação e finanças. Nenhum deles exerce qualquer posição como homem público, com exceção do deputado Baleia Rossi, que tem mandato eletivo.

1.2. Com relação ao meu patrimônio, preciso esclarecer que perdi minha esposa, Liliana Tenuto Rossi, mãe de meus cinco filhos, há 17 anos. Parcela importante do patrimônio familiar correspondia a heranças sucessivas recebidas de parentes dela. Naquela ocasião, entendi que deveria destinar a meus filhos o patrimônio integral da família, processo que completei quando, três anos depois, casei-me com Sinei Biancoli Rossi, união celebrada com separação total de bens. Exponho aqui a intimidade de minha família para dar clareza absoluta às indagações. Meu patrimônio pessoal é inferior a R$ 1 milhão. Eu e todos os meus filhos declaramos renda e patrimônio à Receita Federal, anualmente. No meu caso, faço as competentes declarações há quase 50 anos. Nunca sofri qualquer reparo por parte da Receita. Todas as variações patrimoniais, minha e de meus familiares, são absolutamente compatíveis com as receitas. As vendas e compras imobiliárias, bem como os resultados empresariais, foram sempre indicados às autoridades fiscais.

1.3. O imóvel descrito por Veja é de propriedade de minha família, tendo a escritura de compra e venda sido lavrada em 24 de maio de 1996, matrícula 65296 no 4º Cartório de Notas de Ribeirão Preto, livro 1.036, folha 233, no valor de R$ 195 mil reais. Quando adquirido, tal imóvel encontrava-se em área exclusivamente rural. Pela expansão urbana da cidade, a propriedade passou por um processo de valorização. Quanto a meu patrimônio pessoal, pelos motivos descritos na resposta anterior, sofreu pequena variação no período.

1.4. Minha declaração de bens está à disposição de Veja para consulta em minha presença ou de meus representantes legais a partir de agora. Esclareço que a declaração sempre esteve nos órgãos apropriados, como a Comissão de Ética da Presidência da República.

1.5. Apenas para pontuar, a revista Veja procurou pessoas de bem, respeitadas em Ribeirão Preto, e ouviu opiniões sobre mim e minha família. Espero que as declarações delas estejam presentes na reportagem. Os repórteres da revista entrevistaram também notórios desafetos pessoais meus. Alguns, sem qualquer credibilidade na cidade. É preciso apontar que um deles já responde a processos movidos por mim. Tendo sido, inclusive, condenado e responsabilizado criminalmente por agressão a um dos meus filhos em 11 de dezembro de 2008. Suas velhas denúncias levaram o Ministério Público de Ribeirão Preto a me investigar. E essa apuração culminou com a constatação de que se tratavam de alegações falsas e mentirosas. As denúncias, vazias, foram arquivadas, conforme certidão à disposição, em 17 de agosto de 2006.

2. Sobre o caso Codesp

2.1. Trata-se da ação popular 0000595-36.2002.403.6102 (antigo processo 2002.61.02.000595-2), movida, em janeiro de 2001, por Antônio Marques contra a Companhia Docas de São Paulo (Codesp). Eu fui presidente da Codesp em 1999 e 2000, por um ano e sete meses.

2.2. Quando assumi a Presidência da Codesp, a empresa sofria o bloqueio de suas contas bancárias por ordem judicial, em virtude de débitos apurados pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Todos os débitos eram de épocas anteriores à minha gestão e muitos decorriam do princípio da responsabilidade solidária em questões previdenciárias.

2.3. Isto quer dizer o seguinte: se a Codesp permitia a utilização de trabalhadores de empresas fornecedoras de mão-de-obra no âmbito do porto, e tais empresas terceirizadas não recolhessem suas obrigações previdenciárias, a estatal, como contratante dos trabalhos no porto, seria responsabilizada pelos débitos decorrentes e pelos eventuais direitos daqueles trabalhadores.

2.4. Impossibilitada de operar em função do bloqueio das contas pela Justiça, a Codesp buscou um acordo para o parcelamento das dívidas com o INSS, o que efetivamente ocorreu. O acordo não ocasionou prejuízo a qualquer das partes.

2.5. Tão logo foi celebrado o acordo, a Codesp ajuizou ações regressivas contra cada uma das empresas de terceirização de mão-de-obra. As providências cabíveis foram tomadas a tempo e com correção pelo Departamento Jurídico da empresa estatal.

2.6. Sobre o referido processo judicial levado por Antônio Marques à Justiça, é preciso esclarecer que a ação foi considerada inepta pela juíza de Santos, ainda em 2003.

2.7. Na ação, Antônio Marques pedia, entre outras demandas, a anulação dos acordos estabelecidos entre a Codesp e o INSS para o pagamento de antigas dívidas da empresa estatal e a responsabilização dos administradores da Codesp.

2.8. No despacho, a juíza declinou da competência para apreciar a ação popular e indeferiu a petição inicial, julgando extinto o processo. Ela se fundamentou nos artigos 267, inciso primeiro, e artigo 295, inciso terceiro, do Código de Processo Civil. E pediu provas, que não foram anexadas ou incluídas nos autos pelo autor da ação.

2.9. O advogado entrou com embargos declaratórios, mas a juíza rejeitou o pedido. Um novo recurso foi interposto. E, novamente, negado. Ouvido, o Ministério Público considerou o caso encerrado. Em junho deste ano, houve nova tentativa do advogado, de reabrir o caso. Ainda não fui citado. Não tenho a menor dúvida de que esta tentativa de reviver algo já cabalmente explicado terá o mesmo destino do primeiro processo.

3. Sobre o processo de Concorrência nº 01/2010

3.1. Trata-se do processo licitatório para contratação de empresa de comunicação social especializada na prestação de serviços técnicos, na elaboração e execução de planejamento estratégico de comunicação integrada, consultoria e assessoria, incluindo análise editorial, serviço de clipagem de notícias, gerenciamento de crises, elaboração de diagnóstico e monitoramento das ações do Ministério da Agricultura. A previsão orçamentária para a contratação era de R$ 2.956.092,00.

3.2. A licitação foi aberta em 26 de novembro de 2010, pelo então presidente da Comissão de Licitação, Israel Leonardo Batista, e outros cinco membros da comissão. Compareceram representantes de seis empresas: RRN Comunicação e Marketing SS Ltda, Andreolli/Manning, Selvage & Lee Ltda, Hill & Knowlton Brasil Ltda, New Ideas Comunicação Ltda, CDN Comunicação Corporativa Ltda e FSB Comunicação Ltda.

3.3. Em 26 de novembro de 2010, foram apresentados pelas empresas os envelopes com documentos para habilitação, proposta técnica e proposta de preço. Como exigido no edital, foram abertos, naquela data, os envelopes que continham os documentos de habilitação das empresas.

3.4. Constatou-se e foi lavrado em ata, assinado por todos os representantes das seis empresas, que não constavam no envelope da Hill & Knowlton Brasil Ltda, os documentos relativos à comprovação de regularidade fiscal e declaração de que a empresa não utilizava mão-de-obra direta e indireta de menores, além do atestado de capacidade técnica. Tal exigência estava explícita no edital de licitação. Informada, a representante da empresa anunciou que interporia recursos, caso fosse considerada inabilitada.

3.5. Ainda no mesmo dia, a Comissão de Licitação, presidida por Israel Leonardo Batista, procedeu o julgamento da habilitação das seis empresas para disputar a concorrência. A empresa Hill & Knowlton foi considerada inabilitada pela não apresentação do atestado de capacidade técnica. As outras cinco empresas foram julgadas habilitadas a participar da licitação. Inabilitada, a referida empresa apresentou, posteriormente, recurso, que acabou rejeitado.

3.6. Em 8 de dezembro de 2010, houve a reabertura da sessão pública da concorrência, marcada para as 14h, presidida novamente por Israel Leonardo Batista. O objetivo dessa segunda reunião foi abrir os envelopes com as propostas técnicas, o que aconteceu, permanecendo lacrada a proposta da empresa inabilitada. De acordo com a ata da reunião, ao ser “perguntado se havia alguma observação a fazer”, representantes das empresas concorrentes apontaram não terem sido informados sobre o recurso interposto pela Hill & Knowlton.

3.7. Em despacho endereçado à Coordenação Geral de Logística e Serviços Gerais, em 10 de dezembro de 2010, dois dias após a sessão para abertura dos envelopes com propostas técnicas, o então presidente da Comissão de Licitação manifestou ter cometido “um lapso na condução do julgamento da Concorrência 01/2010”, deixando “de atender ao prescrito no parágrafo 3º do artigo 109 da Lei 8.666/93”. Ele reconheceu não ter comunicado aos concorrentes a interposição de recurso da empresa Hill & Knowlton, abrindo o prazo de cinco dias para q ue as outras empresas se manifestassem.

3.8. Em função da ilegalidade cometida pelo presidente da Comissão de Licitação, como ele próprio admitiu no Despacho 473, encaminhado à chefe da Coordenação Geral de Logística e Serviços Gerais, Karla Carvalho, o processo de concorrência para a prestação dos serviços acabou anulado.

3.9. Objetivamente, em relação às perguntas encaminhadas pela revista Veja, esclareço que não chegou a meu conhecimento a informação de que representantes de empresas teriam apontado que a concorrência tinha “cartas marcadas”.

3.10. Tal denúncia deveria ter sido lavrada na ata preparada pelo então presidente da Comissão de Licitação, assinada pelos representantes das empresas.

3.11. A coordenadora-geral de Logística e Serviços Gerais nega ter ordenado a alteração da ata, lavrada e assinada pelos representantes de todas as empresas que participaram do certame, no próprio dia 8 de dezembro. É importante mencionar que caberia ao presidente da Comissão de Licitação apontar em ata as supostas alegações ou denúncias formuladas durante a sessão de 8 de dezembro de 2010.

3.12. Esclareço que não procede a informação de que houve concentração de contatos com representantes de empresas prestadoras de serviços na chefia de gabinete do ministro e, depois, na Secretaria Executiva, como questiona a revista.

3.13. Por fim, informo que o senhor Israel Leonardo Batista responde a processo administrativo disciplinar por sua conduta funcional no Ministério da Agricultura.

4. Sobre doação de alimentos pela Conab na Paraíba

4.1. Fui alertado de que parte de um carregamento de 100 toneladas de feijão enviado à Paraíba estaria estocado além do prazo previsto e teria destinação eleitoral. Informo que o produto a ser doado era oriundo do Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar.

4.2. A doação para a Prefeitura de João Pessoa foi realizada para atender a um pedido das autoridades municipais, obedecendo as normas estabelecidas no convênio celebrado pela Conab com o Ministério do Desenvolvimento Social.

4.3. Funcionários da prefeitura de João Pessoa retiraram o produto da unidade da Conab na capital da Paraíba em perfeitas condições, levando-o para depósito em unidade armazenadora de sua responsabilidade.

4.4. Com relação ao funcionário Walter Bastos de Souza, informo que foi aberto processo de sindicância, conduzido por funcionários da Conab de fora da Paraíba, para apuração da denúncia, considerada vazia ao final da investigação. O processo foi instaurado em 23 de abril de 2009. O funcionário foi suspenso por 16 dias e recorreu da decisão. O recurso foi rejeitado e o caso transitou em julgado.

Wagner Rossi
Ministro de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O Brazil de FHC - 1994 a 2002 - Relembrar é viver

Vejam até o final e venham depois com essa conversa mole de falso moralista pedindo o "fim da corrupção"..

O que importa é que o Brasil encontrou o rumo do desenvolvimento e distribuicão de renda com Lula..

E agora continua com a presidenta Dilma, com o PAC, com o Brasil sem miséria, com o MCMV, o Brasil Maior, com o Pré-sal, com os estaleiros e refinarias, com a futura maior petrolífera do mundo - Petrobrás, com a nova classe média, PROUNI, emprego a dar com o pau..

O resto é trololó de tucanos, demônios, conservadores, entreguistas e simpatizantes..


Não vamos ser enganados pela mídia antinacionalista e achar que vivemos em um mar de lama.. ou você acha que hoje tem mais corrupto do que na época de Sarney, Collor, FHC ??

Deixem que a Justiça, MPF e PF façam seu trabalho.. se não confiam, aí é outra questão..