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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Dilma ri da tragédia do Rio

 



Copiado do blog Escreva, Lola, Escreva

"O Jornal Nacional de sexta, dia 14 de janeiro, lá pelas 21 horas, cometeu uma manipulação grosseira. Eu não vi porque mal vejo TV, mas li reclamações aqui e ali (nenhum post em blog), e minha mãe veio me falar disso ontem. Parece que foi assim: o JN dedicou a maior parte de sua duração à tragédia causada pelas chuvas e aos delizamentos de terra no Rio. Foram longos minutos com muito choro, inclusive com muito sensasionalismo, com repórteres fazendo aquelas perguntas pertinentes de sempre: “Como você se sente ao ver sua família inteira morta?”. Um desespero só. Aí, no meio do nada, o JN corta pra falar de uma reunião ministerial de Dilma para aumentar o salário mínimo e para liberar dinheiro para as prefeituras atingidas pelas enchentes (veja aqui). No momento em que a narração em off da repórter começa a dizer “O problema com as enchentes ocupou boa parte da reunião ministerial”, a imagem que ocupa a tela passa a ser a presidenta gargalhando. Como se ela estivesse, obviamente, rindo da tragédia. Como se alguém pudesse rir de uma tragédia dessas.

"Pra quem acredita na velha ladainha da neutralidade dos telejornais, este exemplo (e é apenas um exemplo entre tantos outros) deveria servir pra mostrar que tudo é manipulação. A escolha dessa imagem, no meio de uma reportagem cheia de choro, contrasta com a cara de velório do apresentador e da repórter, e de tudo que veio antes e que virá a seguir no telejornal. E ela não está lá à toa. Ela quer passar uma mensagem: a de que Dilma é uma insensível, capaz de rir de 600 mortos. E também a de que um governo, de que o Estado, não faz nada além de rir da miséria alheia, enquanto a iniciativa privada é que realmente se preocupa com o povo, com suas campanhas de caridade à la Criança Esperança.

"Uma imagem dessas (risos no meio da tragédia) cairia mal a qualquer governante, até aos mais risonhos, como Lula. Mas em Dilma fica pior, e a Globo sabe disso. Quantas vezes, na campanha eleitoral, o JN selecionou alguma imagem de Dilma rindo? Vou chutar que nenhuma, porque uma Dilma gargalhante se chocaria contra o que a oposição dizia da candidata – que era durona, fria, mandona. Meio Greta Garbo, sabe? Greta, um dos ícones da história do cinema, nunca ria em seus filmes. E sua persona não era diferente: ela raramente aparecia sorrindo nas fotos. Daí que, pra divulgar a comédia Ninotchka, os produtores colocaram nos posters a chamada “Garbo laughs!” (Garbo ri!), como se fosse um fato inédito e de relevância mundial.

"É parecido com o que a Globo fez com a presidenta. Só faltou a legenda “Dilma laughs!”. Pois é, acabada a campanha, perdidas as eleições (para eles), a campanha continua. Ano passado tivemos o espetáculo das capas da Veja e sua atribuição relativa de culpa (a equação é simples; aprendam, crianças: enchente em SP é culpa da chuva, enchente no Rio é culpa do governo). Mal posso esperar algum desastre aéreo pra ver a risada da Dilma tomar novamente o Jornal Nacional."

 http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2011/01/dilma-e-ministros-definem-que-valor-do-salario-minimo-sera-de-r-545.html


Blog da Cidadania faz queixa ao diário espanhol ‘El País’

 http://www.blogcidadania.com.br/2011/01/blog-da-cidadania-faz-queixa-ao-diario-espanhol-%E2%80%98el-pais%E2%80%99/

Comunico que às 11 horas do dia 17 de janeiro de 2011 entrei em contato telefônico com a Redação do diário espanhol “El País”, em Madrid, Espanha. A ligação foi feita para o telefone (34) 91 337 82 00. Após informar o assunto, a chamada foi transferida para o senhor Juan Carlos Sans, “jefe de la sección de internacional”.

O jornalista pareceu surpreso e um tanto quanto preocupado, sobretudo ao ouvir o teor da queixa que fiz em nome dos leitores deste blog. Formal e cortês, ouviu atentamente a minha argumentação – feita em bom espanhol, posso garantir.

Disse a ele que dói a milhares de brasileiros leitores deste blog – e, por conta do sentimento da sociedade brasileira, a dezenas de milhões de seus compatriotas – a artimanha da Globo para começar a guerra que, a exemplo da que fez contra o presidente Lula, deve começar a travar contra a sua sucessora.

Expliquei o que é a Globo, do ponto de vista de milhões de brasileiros, e que é inaceitável a conclusão que tirou o correspondente do El País no Brasil, Juan Arias – sediado no Rio de Janeiro –, de matéria da emissora carioca sobre a primeira reunião da presidente Dilma Rousseff com seu ministério, na semana passada.

Como todos sabem, a Globo fez o que o jornalista Luis Nassif chamou de “pegadinha”, ao induzir o público a crer que a presidente da República e seus ministros debocharam da tragédia nas serras fluminenses, com suas centenas de mortos em meio à mais dolorosa devastação.

Adotando um tom menos “seco”, o senhor Sans se prontificou a me dar dados para contatos com o “director de El País”, senhor Javier Moreno, com o “corresponsal” Juan Arias e com a “Ombudswoman”, ou “defensora del lector”, senhora Milagros Perez Olivar.

Pretendo ir até o fim dessa história, cobrando do El País postura responsável e ética em relação a uma conclusão do “corresponsal” Juan Arias sobre mera insinuação que fez a Globo para desmoralizar o novo governo, pois sua “leitura” daquela matéria comprova o que tantos, aqui no Brasil, concluíram.

Convido, pois, o leitor a dizer o que julga importante relatar ou considerar às instâncias às quais este blog se dirigirá, lembrando que a serenidade e a cortesia produzem melhores chances de se estabelecer uma discussão séria, em vez de mero bate-boca, pois só queremos que o El País diga a verdade ao mundo.

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