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segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Dilma, o PDT e o patriotismo
segunda-feira, 21 setembro, 2009 às 15:34
Samuel Johnson dizia do patriotismo coisas bem diferentes do que lhe se atribui
Terminado o debate na Firjan - espero postar, assim que consiga, um pequeno vídeo com minha intervenção - quero comentar duas notícias. E primeira, publicada pelo Estadão, sobre os compromissos do PDT com a candidatura Dilma Roussef. Está correta a afirmação do nosso líder de bancada na Câmara, Dagoberto Rodrigues, de que não temos, até agora, qualquer alinhamento automático com a sua candidatura, pela simples e basilar razão de que ainda não fomos - nem o partido, nem a bancada - procurados para discutir este apoio.
Portanto, sinto-me em total liberdade para comentar a segunda publicação, esta da Folha de S. Paulo. Na sua coluna, o jornalista Fernando Rodrigues, a pretexto de comentar a entrevista da Ministra ao jornal, este fim de semana, enxovalha a palavra patriotismo, ao citar uma frase - que deixa pela metade, como se isso lhe retirasse a intenção ofensiva - do intelectual inglês Samuel Johnson. A frase é “o patriotismo é o último refúgio de um canalha”. E completa a idéia associando isso às origens brizolistas de Dilma.
Ser patriota não é ser canalha, ao contrário. Nem Johnson disse isso: ele diz que os canalhas, para se ocultarem, vestem a manta do patriotismo. Patriotismo do qual ele diz: “um patriota é aquele cuja conduta pública é regulada por um único motivo, o amor a seu país. Aquele que, como parlamentar, (não) tem, para si mesmo, nem esperança, nem medo, nem benignidade, nem ressentimento, mas em todas as coisas se referencia nos interesses comuns (a todos). E diz mais: “Um homem pode odiar seu rei, mas deixar de amar o seu país.” Se quiser conferir, está em “The Works of Samuel Johnson“, Pafraets & Company, Troy, New York, 1913; volume 14. É um manifesto - O Patriota - endereçado aos cidadãos ingleses em 1774.
O articulista deveria procurar o contexto em que esta frase se formou. Johnson era um “tory” - um conservador - diante da iminente libertação dos EUA da condição de colônia inglesa. Johnson era um patriota inglês, defendia os interesses de seu país. A frase em questão é citada em “A Vida de Samuel Johnson”, de James Boswell, seu biógrafo, em 1791, no seguinte contexto:
“Johnson expressou, de repente, em um tom forte e determinado, um apotegma, pelo qual muitos vão começar: “O patriotismo é o último refúgio de um canalha”. Mas considere-se que não ele não dá o sentido de um amor verdadeiro e generoso por nosso país, mas o de que um pretenso patriotismo , em tantas épocas e países, fez-se capa para o auto-interesse. Eu afirmo que , certamente, todos os patriotas não foram canalhas.
Talvez haja alguns que prefiram reduzir o patriotismo a uma idéia primária e tosca. Não é. Ser patriota, serve a frase de Johnson, é olhar todas as coisas pelo ângulo do bem comum. É, mesmo tendo seus motivos para detestar o Rei, e o direito de fazê-lo, nunca deixar de amar o seu país.
O articulista tem o direito de rejeitar o patriotismo. Tem o direito - parou no meio da frase , talvez, para trocar choque por insinuação - de achar o que quiser do Presidente da República. Mas também tem o dever, democrático, de ouvir que os patriotas deste país repelem a pecha de canalhas.
Comentário do blogueiro:
Parabéns pelo excelente texto. Agora descobri a verdadeira razão para a existência do PiG: fazer com que "brasileiros" dignos desse nome possam repelir, com ideias muito melhores, o entreguismo que expele de sua própria essencia.
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